O livro Preparados para o Risco foi escrito em 2014. Gerd Gigerenzer é um dos grandes nomes na área comportamental e isso aparece claramente na obra. Unindo o seu conhecimento médico, com uma análise estatística e uma sagacidade lógica, Gigerenzer derruba alguns mitos na obra. Apesar de escrito em 2014 e publicado no Brasil em 2022, vale a pena ler o livro. O cientista alemão trabalha com muita informação dos Estados Unidos e da Alemanha para analisar a heurística e a tomada de decisão. Há diversos ensinamentos na obra mas irei limitar em três deles.
Primeiro, acredite nas regras simples. O livro traduziu o termo para regras de polegar, que são aquelas regras de decisão usadas em situações complexas do tipo não faça investimento naquilo que você não conseguiu entender. A regra, “não invista do que não entende”, para simples demais para ser usada, mas para Gigerenzer, regras simples funcionam na maioria dos casos. É obvio que não existe uma regra que seja infalível e no final da obra Gigerenzer sente esse peso ao propor uma regra: “quanto mais noticiada uma doença, menor o risco para a saúde”. Ele falava da vaca louca, mas seis anos depois a grande notícia da imprensa provou ser muito letal. Nesse ponto, a leiturra da obra A Navalha de Ockham, de McFadden, pode ajudar a entender a posição do autor.
A segunda regra é “não pergunte ao médico o que ele recomenda, mas o que ele faria se estivesse em seu lugar”. Nesse ponto, a obra traz ensinamentos valiosas sobre saúde, derrubando alguns mitos e apresentando pontos instigantes. De uma maneira geral, médicos não compreendem estatística e são perigosos na gestão de risco. Há uma citação no livro em que é dito se um avião fosse administrado como um hospital, cairia 1 ou 2 aeronaves por dia. Na área de saúde a ausência de seguir um checklist é muito danoso para as pessoas. Tendo uma grande experiência com saúde e risco, Gigerenzer afirma que você deveria pensar duas vezes antes de fazer um exame de prostrata (regra simples: não faça) ou uma tomografia (idem, o risco de contrair cancer é muito elevado e isso não é informado). Uma regra similar que ele anuncia no livro é não pergunte ao garçom o que tem de bom, mas o que ele comeria.
A terceira regra é semelhante ao que li em um artigo de Tim Harford: se tiver dúvida, jogue uma moeda para decidir. Particularmente eu uso essa regra para decidir qual os livros que adquiri na minha estante eu devo ler. É uma regra simples, mas eu entendo que se comprei o livro é que deve ter algum valor. Então a decisão de leitura por um número aleatório pode ser um critério válido na minha próxima leitura. Espero que essa seja sua próxima leitura, pois você certamente aprenderá algumas coisas interessantes.
Espero que outros livros do autor sejam traduzidos para língua portuguesa, para que os ensinamentos apresentados possam alcançar um público mais amplo.
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