Da Revista de Contabilidade da UFBA:
O método da carga e descarga, que predominou no período estudado, consistia no lançamento das operações da entidade, carregando-a quando esta contraía alguma obrigação e descarregando-a quando esta obrigação cessava. Para a sua realização recorria ao sistema de débitos e créditos, de forma similar ao método das partidas dobradas, com o diferencial de que não incorporava os conceitos de ativos e passivos, além de não levar em consideração as contas relativas ao imobilizado, ao capital e amortizações. A contabilização pelo método da carga e descarga estava mais voltado a prestação de contas por parte da administração, fazendo com que seja considerado, por alguns autores, como um sistema mais jurídico do que contábil (Carvalho, Cochicho, Rodrigues & Paixão, 2016; Borreguero, 2011).
As instituições católicas não eram obrigadas, tanto pelo Estado como pelas autoridades eclesiásticas, a adotar nenhum método de contabilização específico, de modo que cada instituição era livre para adotar o método que considerasse mais apropriado a sua realidade. A contabilização pelo método da carga e descarga continuou a ser adotada por ser mais simples e, por conseguinte, exigir menos conhecimento por parte dos escrituradores, ao passo que atendia o interesse destas instituições que utilizavam a contabilidade para prestação de contas e controle interno de suas atividades (Gracia, 2013).
(Vinícius da Costa Nagib de Carvalho, C., & Bonfim, M. P. (2023). A CONTABILIDADE NAS INSTITUIÇÕES CATÓLICAS NOS SÉCULOS XVII E XVIII. Revista De Contabilidade Da UFBA, 17(1), e2319.)
Não conhecia. Talvez o fato de ser mais jurídico do que contábil. Mas há um quadro revelador no texto:
A quantidade de instituições religiosas não é grande, mas as partidas dobradas não estão presentes em Portugal e colônicas. Apesar das instituições religiosas serem "transnacionais", prevalecia a realidade local, como o artigo destaca. No período analisado, partidas dobradas não era um método "conhecido" em Portugal e colônias. Somente em meados dos anos 1700 é que passa a ser algo divulgado para a elite da Academia de Comércio. Isso já foi bem comentado aqui no blog.
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