Cícero, cujo nome completo é Marco Túlio Cícero, foi um importante filósofo, orador, escritor e político romano que viveu entre 106 a.C. e 43 a.C. Ele desempenhou um papel significativo na República Romana, defendendo a eloquência e a retórica como habilidades essenciais para a política e a vida pública. Cícero é conhecido por suas obras filosóficas, como "De Oratore" e "As Catilinárias," bem como por discursos famosos em defesa da lei e da justiça. Ele é considerado um dos maiores oradores da Roma Antiga e um influente pensador político e moral.
Cícero é a base que une os diversos capítulos do livro "Free Market" de Jacob Soll. Nesta obra, Soll tenta construir uma história da ideia do livre mercado, cuja origem primária estaria nas obras de Cícero, nas discussões sobre justiça, o papel do governo e as liberdades individuais. O pensamento de Cícero é posteriormente refinado e alterado pela Igreja Católica (Tomás de Aquino e Francisco têm um papel importante neste sentido) e pelos pensadores medievais.
Na área contábil, Soll considera Benedetto Cotrugli um nome relevante por discutir de forma extensa a questão da ética no comércio. É importante lembrar que Cotrugli foi o primeiro a escrever sobre as partidas dobradas na história da humanidade, em um livro que só foi impresso muitos anos após sua elaboração e manuscrito.
A discussão de Soll sobre o mercado e a Igreja Católica é desafiadora. Para quem tem fundamentos bíblicos, isso envolve relembrar a imagem do rico e da agulha, bem como as contradições sobre o uso do capital no Novo Testamento - como o exemplo do servo que fez render o capital dado pelo senhor e a expulsão dos mercadores do templo. Se inicialmente a Igreja abrigava os pobres, com a expansão do catolicismo era necessário conciliar a riqueza com a aceitação dos ricos. A necessidade de capital para a expansão era contraditória, e isso foi apontado por Francisco de Assis. No início, os franciscanos instituíam regras sobre ter apenas uma peça de roupa e sequer possuir um livro como propriedade. O dilema entre a filosofia de Francisco e a riqueza material da Igreja foi resolvido pelo papa: a riqueza era da Igreja, não dos franciscanos.
No entanto, o dilema sobre as bases para uma negociação entre as partes permanecia. Neste sentido, começou a estruturar a noção de justiça nas trocas comerciais, um conceito que seria incorporado na contabilidade com o "valor justo".
(continua)
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