As ondas de calor são uma nova fronteira para a indústria de seguros, que já está lutando para acompanhar os impactos climáticos, como inundações e incêndios florestais. No entanto, os métodos tradicionais do setor para avaliar e precificar riscos não são adequados para cobrir o calor e podem enfrentar os mesmos problemas de acesso e acessibilidade que afetam o mercado de seguros residenciais.
O calor é caro: um estudo realizado por economistas da Dartmouth College no ano passado constatou que as ondas de calor custaram à economia global US$ 16 trilhões desde 1992, na forma de salários perdidos, menor produtividade agrícola e outros impactos. Um estudo separado publicado esta semana por pesquisadores médicos da Universidade de Virginia Commonwealth estimou que as doenças relacionadas ao calor somam US$ 1 bilhão em custos de assistência médica nos EUA a cada ano.
Novas abordagens são cruciais para a adaptação às mudanças climáticas. O seguro agrícola federal no sudoeste dos EUA, por exemplo, está se tornando mais caro para os agricultores devido a perdas relacionadas ao calor, que totalizaram US$ 1,3 bilhão desde 2001, de acordo com pesquisas de Anne Schechinger, uma economista agrícola do Environmental Working Group, uma organização de defesa ambiental. Pagamentos crescentes também elevam os custos para os contribuintes, porque o programa de seguro é fortemente subsidiado. Por enquanto, ele ainda opera com superávit na maioria dos anos, ao contrário do programa federal de seguro contra inundações, que opera com déficit de mais de US$ 1 bilhão por ano. Mas isso pode mudar à medida que as ondas de calor se tornem mais comuns e extremas, disse Schechinger: "As mudanças climáticas estão tornando o programa mais caro de uma maneira insustentável".
Existem algumas maneiras de lidar com esse problema. Uma delas é reduzir gradualmente alguns subsídios, de modo que os agricultores estejam mais diretamente expostos aos custos de cultivo em áreas de alto risco e, assim, mais incentivados a adotar medidas adaptativas, como variedades de sementes resistentes ao calor. Pagamentos de prêmios em excesso durante anos mais amenos também poderiam ser usados para comprar terras em áreas de alto risco de calor, um modelo que tem sido usado com sucesso para eliminar a agricultura em áreas propensas a inundações, disse Schechinger.
Outra possibilidade é alterar a forma como os pagamentos relacionados ao calor são distribuídos, passando do sistema atual em que são baseados em perdas nas colheitas para um sistema de índice de calor em que os pagamentos são feitos sempre que as temperaturas ultrapassam um limite designado. Essa abordagem simplifica o sistema e pode se basear em dados históricos de temperatura e modelagem climática para precificar de forma mais precisa os prêmios para cada fazenda, afirmou Tobias Dalhaus, um economista da Universidade de Wageningen, na Holanda. Em um estudo realizado no ano passado com produtores de trigo e canola na Alemanha, Dalhaus constatou que o seguro contra calor com base em índices reduziu o risco financeiro dos agricultores em 20%.
(Tim McDonnell - Semafor)
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