Sempre tive uma conexão sentimental profunda com as bancas de revistas. Desde os meus primeiros anos, havia uma banca na minha cidadezinha onde eu adquiria com entusiasmo a revista Placar, coleções da Abril, a revista Recreio e outras publicações. Ao me mudar para Brasília, já adulto, mantive o hábito de comprar jornais, livros e revistas na banca mais próxima de casa.
Hoje em dia, entretanto, as bancas de revistas se transformaram e vendem uma infinidade de coisas, com as revistas se tornando apenas uma presença ocasional.
Recentemente, duas notícias do mundo editorial trouxeram à tona essa nostalgia. A primeira delas foi o anúncio da revista National Geographic, agora pertencente à Disney, de que encerrará suas vendas em bancas a partir de 2023, resultando em uma série de demissões em sua equipe. São 135 anos de uma revista que cativou gerações, trazendo para o nosso alcance histórias inesquecíveis, como a icônica capa da menina afegã e as comoventes narrativas de "As Pontes de Madison".
A National Geographic sempre foi sinônimo de qualidade, tanto em seus textos cativantes quanto em suas fotografias deslumbrantes. Porém, sabemos que a qualidade tem seu preço, e foi exatamente isso que levou a revista a tomar essa difícil decisão. Ao invés de manter uma equipe fixa, optaram por contratar freelancers, resultando em textos mais rasos e baratos, projetados para gerar curtidas rápidas nas redes sociais.
Em termos históricos, a perda do Wiener Zeitung é talvez maior. Esse jornal, pertencente ao governo austríaco, mesmo sendo independente, sofreu um duro golpe quando uma nova lei eliminou a exigência de publicação dos registros comerciais das empresas em sua edição impressa. Esse acontecimento resultou em uma drástica redução na receita e, consequentemente, na equipe editorial. De 63 pessoas, restaram apenas 20. Agora, o jornal passará a operar predominantemente online, com uma edição mensal impressa. É o fim de uma era para um jornal que já completou impressionantes 320 anos de história.
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