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11 junho 2023

Rankings de Felicidade são tendenciosos

Todos os anos, o Relatório Mundial da Felicidade apresenta uma lista dos países de acordo com seu nível médio de felicidade. São quase 150 países e usualmente os países escandinavos lideram a lista, onde o Brasil estaria em uma posição intermediária. Os países em extrema pobreza ou em guerra estão na parte de baixo da escala. 

Medir felicidade é controverso. A pesquisa origina de uma enquete sobre satisfação com a vida: considerando sua vida como um todo e sendo 10 a melhor vida possível e 0 a pior, as pessoas são solicitadas a indicar onde se encontram. Mas será que esta forma de questionar as pessoas não apresenta um viés cultural? 

"Como se pode concluir razoavelmente que o país A é mais feliz do que o país B, quando a felicidade está sendo medida de acordo com a maneira como as pessoas do país A pensam sobre a felicidade?", perguntaram os autores de um novo estudo.

Neste estudo, propôs uma metodologia diferente para tentar esta medida. Inicialmente os pesquisadores entrevistaram quase 13 mil pessoas em 49 países para saber os ideais de felicidade da sua cultura. Também procuraram saber sobre o nível de felicidade. Foram duas pesquisas diferentes. A primeira para saber se a pessoa estava satisfeita com a vida. A segunda buscava ter uma escala de felicidade que contemplasse o grupo, em uma medida interdependente. Se na primeira o foco é saber se o indivíduo estava satisfeito com sua vida, na segunda era saber se pessoas ao redor estavam felizes e se a pessoa conseguia fazer outras pessoas felizes. 


Os participantes do estudo foram solicitados a responder a cada pesquisa pensando em como uma pessoa ideal ou perfeita responderia, tanto em relação a si mesmos (minha felicidade) quanto em relação à sua família (a felicidade da minha família). Isso foi considerado o ideal cultural de felicidade. Em seguida, eles foram solicitados a responder às pesquisas do próprio ponto de vista, novamente, tanto sobre si mesmos quanto sobre sua família. Isso foi considerado sua felicidade real.

No Japão, as pessoas viam a felicidade como algo compartilhado; na Chechênia viam a felicidade mais como satisfação. Em seguida, foi feito um ajuste nas pontuações levando em consideração as visões de felicidade de suas respectivas culturas. 

A pesquisa mostrou que países onde a felicidade está baseada na interdependência, harmonia e relacionamento tinha seu nível de felicidade subestimado no ranking mundial. Naturalmente que isto não encerra a discussão. Há outros aspectos da felicidade que não foram contemplados no estudo. Mas é um primeiro passo neste sentido.

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