Quando surgiram as primeiras notícias dos problemas da Americanas existia uma grande estranheza no mercado. Nos últimos dias este blog dedicou pouco tempo em comentar o assunto. Mas em uma postagem escrevemos o seguinte:
Sérgio Rial (e Andre Covre) – este talvez seja o personagem mais interessante do enredo. Vindo do Santander, onde comandou a importante instituição financeira durante anos, Rial foi contratado para melhorar a empresa. Por sua rede de contatos e ter origem bancária, é possível que Rial já conhecesse o problema da empresa, antes de 2023. Em alguns textos, Rial aparece como alguém que “descobriu” as inconsistências com alguns dias no cargo. Mas eu desconfio seriamente se realmente foi uma descoberta ou se Rial talvez só tenha percebido a dimensão do problema quando assumiu o cargo. Durante a conferência, na qual a notícia chegou ao público, Rial usou a terminologia “inconsistência”, mas comentou que era “não material”. Mas um valor de R$20 bilhões de inconsistência, mesmo em uma empresa do porte das Americanas, é certamente material.
O primeiro parágrafo é realmente uma especulação sobre o comportamento do executivo. É interessante lembrar que a empresa já teve, há dez anos, uma solicitação de falência. E que anos antes, um fornecedor entrou na justiça contra a empresa por uma dívida de 300 reais. Este é o histórico da empresa.
Um texto da Exame mostra o lado de Rial. Eis alguns trechos:
A saída, segundo ele, veio do entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida que fosse diferente. "É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance."
A descoberta dos problemas no balanço, feita após entrevistas com executivos remanescente, mudou, no entanto, as perspectivas. "Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos conjuntamente com o novo CFO, Andre Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade! Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia."
Bom, aqui Rial indica que descobriu o tamanho do problema após assumir o cargo. E que qualquer versão diferente seria especulação ou leviandades. Bom, acho que a análise que fizemos enquadra-se parcialmente neste ponto. Mas se ele descobriu o tamanho do problema, qual o sentido de usar o termo "não material"?
E aí temos uma continuação do texto que escrevemos:
Após o anúncio, Rial deixou a empresa e foi trabalhar na 3G. Isto é muito estranho para quem está olhando o que ocorreu nos últimos dias. Afinal, a 3G é a principal acionista da empresa e Rial foi o “responsável” por uma grande perda.
A conclusão do diagnóstico inicial levou à necessidade correção de rota, observa. Segundo Rial, o cenário desenhado e a mudança de caminho contaram com "apoio incondicional" do Conselho de Administração da companhia e dos acionistas de referência, os sócios da 3G: Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. "Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, mas ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas ter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo", escreve Rial.
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