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05 outubro 2022

NFT e a destruição de uma obra de Frida Kahlo

Eis uma história surreal:

(...) um milionário resolveu colocar fogo em uma obra da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954) depois de digitalizar a imagem, transformada em 10 mil tokens não fungíveis (NFTs).

O episódio, que aconteceu em Miami (EUA) e foi publicado no final de julho no YouTube, além de gerar uma enxurrada de críticas dos internautas, é objeto de uma investigação aberta pelo Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura (INBAL) do México, que tenta descobrir se a pintura queimada por Martin Mobarak é mesmo o original da obra "Fantasmones Siniestros" (fantasmas sinistros), de 1944, avaliada em 10 milhões de euros, R$ 51,5 milhões pela cotação da moeda europeia na última terça-feira, 27. [foto]

Segundo o magnata mexicano, que detém, ou detinha, a obra desde 2015, e que se autoproclama “alquimista de arte”, “visionário”, “líder filantropo” e “transformador NFT” em sua página no LinkedIn, o objetivo da transformação da obra em NFTs é criar “pedaços” que possam crescer “na eternidade.” Mobarak disse ainda que os fundos arrecadados pela venda dos NFTs serão destinados a entidades ligadas à saúde infantil, à Casa Museu Frida Kahlo e à Escola de Belas Artes Mexicana, e a Escola Nacional de Artes Plásticas, entre outros beneficiários.

A queima de uma obra de arte, na contabilidade, teria um tratamento semelhante a uma perda, um furto ou desaparecimento de um objeto. Ao criar NFT da obra, o empresa poderia estar calculando o valor digital que obteria. Mas quem compraria um arquivo digital sabendo que Mobarak fez o que fez? 

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