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07 outubro 2021

GRI e VRF e suas visões de relatórios ESG


Dois textos da Accounting Today mostram visões distintas (?) da GRI e VRF. Começando pela GRI.

Na terça a Global Reporting Initiative divulgou expectativas de revisão de padrões, que serão usados por mais de 10 mil empresas, incluindo a questão de direitos humanos. A GRI responde a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da União Europeia e os planos da International Financial Reporting Standards Foundation de criar um Conselho sobre o tema. 

Os Padrões Universais 2021 incluem três padrões : 

GRI 1: Fundação introduz a finalidade e o sistema dos relatórios da GRI, definindo os principais conceitos, requisitos e princípios que todas as organizações devem cumprir para relatar de acordo com os padrões da GRI. 

GRI 2: Divulgações Gerais atualiza e consolida divulgações sobre práticas de relatórios; atividades e trabalhadores; governança; estratégia, políticas e práticas; e envolvimento das partes interessadas. 

GRI 3: Tópicos materiais oferece orientação passo a passo e divulgações revisadas sobre como a organização determina, lista e gerencia cada um de seus tópicos relevantes. 

Esta revisão está alinhada com "os Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Negócios e Direitos Humanos; Diretrizes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico para Empresas Multinacionais; o Guia de Due Diligence da OCDE para Conduta Comercial Responsável; os padrões internacionais de trabalho da Organização Internacional do Trabalho; e os Princípios de Governança Global da Rede Internacional de Governança Corporativa." 

A Value Reporting Foundation surgiu da fusão do Sustainability Accounting Standards Board e do International Integrated Reporting Council. Em uma reunião on-line, a VRF atualizou a estrutura conceitual do conselho e a gestão de rejeitos. Neste sentido, a fundação estaria estudando a questão da materialidade. No texto da Accounting Today um ponto interessante sobre a materialidade:

"Uma das coisas que ouvimos de nosso período de comentários públicos foi que a maneira como usamos a materialidade em nossa estrutura conceitual pode ser confusa", disse Jeff Hales, presidente do SASB Standards Board, durante uma conferência de imprensa. “Eu acho que isso geralmente é verdade neste espaço agora. Há muitos usos do termo "materialidade" quando se trata de relatórios de sustentabilidade, e usamos a materialidade financeira para tentar nos distinguir de outros definidores de padrões de sustentabilidade em termos de tentar deixar claro em que tipos de questões de sustentabilidade estamos focados, os que serão mais úteis para investidores e credores, por tomar esses tipos de decisões de investimento e crédito. Mas sempre dissemos que o uso mais tradicional do termo "materialidade" quando se trata desse limite — um julgamento sobre se uma empresa cumpriu os requisitos de relatório — isso sempre será específico da entidade e a configuração padrão não foi projetada para tentar dizer o que deveria ser."  

(...) Algumas empresas podem estar preocupadas com alguns dos riscos legais com divulgações, dadas as diferentes definições de "materialidade", que podem ser outro motivo para se alinhar ao FASB, ao IASB e à SEC.  

3 comentários:

  1. Ótimo! A discussão das normas sobre ESG passa por dilemas parecidos em relação às demais normas contábeis em relação ao seu caráter principiológico. Em temas tão complexos e abrangentes a norma precisa ser objetiva o suficiente para evitar o uso oportunista a partir do entendimento subjetivo de cada empresa. Por outro lado, uma norma rígida tratando de temas que não sejam diretamente afetos à contabilidade pode gerar um distorção pelo viés do regulador. Encontrar esse equilíbrio é o desafio posto. Mas antes disso, é preciso superar algo que pelo menos para quem olha de fora me parece ser algo ainda latente que é uma certa concorrência entre organismos que elaboram e divulgam os padrões sobre questões ESG. O GRI até então utilizado em 70% das empresas busca aperfeiçoar os seus padrões no mesmo momento que a Value Reporting avança após a fusão entre o IIRC e SASB. De forma paralela, surgem empresas criando suas próprias taxonomias que atendem a um segmento para atender a um grupo de clientes, criando modelos on demand. Sem uma organização independente, ampla e com respaldo global para assumir esse desafio, ainda continuaremos vendo distorções de diversas natureza. Em tempo, é preocupante a expansão de um mercado de especialistas que surgiram da noite para o dia prometendo "uma transição para um modelo ESG" como se a redefinição de processos corporativos, estratégia e modelos de negócio fosse algo simples e rápido de ser feito. A ciência contábil mais do que nunca precisa ter voz ativa para contrapor a esse efeito imediatista que propõe soluções milagrosas sem base científica. Aí existe outro dilema a ser superado que é se a ciência contábil é agente ativo transformador de uma realidade ou deve ter uma posição passiva apenas para retratar uma realidade? Mas deixamos essa discussão para uma outra oportunidade...

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    1. Grande observação. Acrescento a emergência do aspecto da materialidade, que não pode e não deve ser abordada e tratada do pontoo de vista único do shareholder, pois se vamos tratar de sustentabilidade prestem atenção! O mundo é vasto. E cuidar SÓ de lucro não salva a entidade de riscos nem lhe dá oportunidades a priori. Somente neófitos em sustentabilidade ousariam fazê-lo! Por isso, e mais uma vez, precisamos dar voz a quem tem o saber e a propriedade para exercê-lo. Que venha o GRI.

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  2. E ainda tem a iniciativa do IFES a respeito de normas...

    Essa história vai longe!

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