Ainda assim, conforme explica nosso relatório especial, a perturbação menos notada na fronteira entre tecnologia e finanças pode acabar sendo a mais revolucionária: governos criando moedas digitais, o que tem o objetivo, tipicamente, de permitir às pessoas depositar fundos diretamente por meio de um banco central, evitando os credores convencionais.
Esses “govcoins” são a nova encarnação do dinheiro. Prometem fazer as finanças funcionarem melhor, mas também retiram o poder de indivíduos e o concedem a Estados, alteram a geopolítica e mudam a maneira como o capital é alocado. Também devem ser considerados com otimismo – e humildade.
Mais ou menos uma década atrás, em meio aos escombros do Lehman Brothers, Paul Volcker, ex-diretor do Federal Reserve, resmungou que a última inovação útil no sistema bancário tinham sido os caixas eletrônicos. Desde a crise, o setor financeiro elevou suas apostas. Os bancos modernizaram seus enferrujados sistemas de TI. Empreendedores criaram um mundo de “finanças decentralizadas”, do qual o bitcoin é o mais famoso participante e que contém uma variedade de tokens, bancos de dados e conexões que interagem em variados níveis com os mecanismos financeiros tradicionais. Enquanto isso, empresas de “plataformas” financeiras têm atualmente mais de 3 bilhões de clientes, que usam suas carteiras eletrônicas e aplicativos de pagamentos. Ao lado do PayPal estão outros especialistas, como Ant Group, Grab e Mercado Pago; firmas tradicionais, como Visa; e empresas pretensiosas do Vale do Silício, como o Facebook.
Moedas eletrônicas de governos ou bancos centrais são o próximo passo, mas elas vêm com uma pegadinha, porque centralizariam o poder no Estado, no lugar de distribuí-lo por redes ou entregá-lo a monopólios privados. A ideia por trás delas é simples. Em vez de manter uma conta corrente em um banco, faríamos isso diretamente em um banco central, por meio de uma interface parecida com aplicativos como Alipay ou Venmo.
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