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05 março 2021

Mais sobre a ESG


Mais sobre relatórios relacionados com ambiente, social e governança: 

O Center for Audit Quality e o American Institute of CPAs divulgaram um guia na quarta-feira para relatórios e atestados ambientais, sociais e de governança para contadores.

O relatório, “Relatório e atestado ESG: um roteiro para profissionais”, oferece um plano que os auditores podem usar para fornecer garantia a seus clientes sobre divulgações ESG. Ele vem com estudos de caso de empresas que buscaram a garantia de auditor de suas informações ESG, incluindo Etsy, UBS e Vornado Realty Trust.

O CAQ e o AICPA divulgaram o relatório em um momento em que os investidores estão prestando mais atenção às divulgações ESG das empresas em meio à crescente demanda por fundos ESG à medida que aumentam os riscos das mudanças climáticas. O governo Biden prometeu se concentrar no combate à crise climática. Os contadores podem desempenhar um papel no fornecimento de garantia de que as divulgações ESG são precisas. Ao mesmo tempo, a parte social do ESG está se mostrando mais na forma como as empresas respondem às crescentes demandas por diversidade, igualdade e inclusão nas contratações e promoções.

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Um comentário:

  1. Há uma série de boas reflexões sobre o tema ESG em que a contabilidade pode e deve contribuir. O primeiro é na redução da assimetria informacional. De fato as métricas ESG estão igualmente disponíveis a todos? Junto com a proliferação de indicadores diversos, crescem o número de investimentos long&short com base em ESG. Isso pode sinalizar algo preocupante nesse sentido que precisaria uma investigação científica. Outro ponto relevante me parece estar na falta de consenso e a confusão sobre o uso dos termos ESG e RSC. Em um estudo do NYU, identificou-se o uso do termo sustentabilidade com 33 significados diferentes. É incrível que muitos ainda entendem que RSC, sustentabilidade e ESG são termos sinônimos. Sob um terceiro prisma, me parece que o ESG não é suficiente para alcançar uma agenda global da ONU, que tem na agenda 2030 um mosaico de 17 frentes para um mundo melhor. Em um estudo publicado no MSCI, em que se comparava os principais índices ESG com um framework de sustentabilidade, ficou demonstrado que eles são insuficientes para alcançar aspectos mais globais. Um quarto tópico refere-se sobre as prioridades corporativas vs prioridades globais da ONU quanto ao peso das métricas ESG. A agenda 2030 tem na erradicação da pobreza um de seus principais desafios. E as métricas ESG estão captando essas prioridades por meio de pesos adequados em suas métricas? Por fim, é preciso discutir concretamente o papel da contabilidade nesse processo. Refletir e avaliar se estamos prontos para responder aos desafios de mensuração e reconhecimento adequado de tais itens. Me parece que seguimos um ritmo e caminho ditado por corporações ESG, tocando em questões como água e políticas de redução de co2. Mas não seria também responsabilidade da contabilidade avançar sobre outros aspectos como o reconhecimento e a mensuração de ações de erradicação de pobreza, por exemplo? Aliás, antes disso precisamos responder se a contabilidade deve se envolver nessas questões. Penso que sim, mas não me parece haver consenso. Até porque talvez os nossos atuais recursos não são suficientes para captar questões de natureza qualitativa e em áreas de conhecimento tão complexa. Isso exigiria uma mudança de comportamento e atuação do cientista contábil muito mais global, integrativa e multidisciplinar. Os currículos acadêmicos avançaram muito nesse sentido, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado. P.S. o avanço do conhecimento científico exige disciplina, método, esforço e uma boa dose de coragem. Há muitas pesquisas sobre ESG que contribuíram muito até aqui. No entanto, para darmos um novo e importante passo na gestão do conhecimento, será preciso enfrentar temas sensíveis e complexos, que podem contrariam os interesses corporativos, mudando o rumo e a configuração global do processo de produção e validação científica do conhecimento sobre ESG. P.S.S. O PRI - Principles Responsible Investments reúnem atualmente 3.500 signatários pelo mundo, representando mais de 100 tri de dólares e ditam em nível mundial as regras ESG. Teorias como a do stakeholders, dos jogos e da evidenciação nos dão um suporte crítico mínimo para ter um olhar cético sobre o atual cenário sobre o tema. P.S.S.2 Não custa revisitados a história e olhar para casos como os da Enron, subprime, worldcom, entre outros. Analisar erros e acertos e similitude em termos de modus operandi e atores. Assim como muitos questionam se ESG não é apenas uma nova roupagem para um velho tema, precisamos ter um olhar científico sobre os riscos de fraudes contábeis por meio de práticas conhecidas sob uma nova cara. Ao pensar em tudo isso, nos questionamos se devemos nos envolver nessas questões (entre outras) relacionadas ao ESG. A minha resposta é sim. A coragem supera o medo, tendo como arma a verdadeira ciência.

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