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17 outubro 2020

Negócio do Grátis


A internet mudou substancialmente o funcionamento do mercado do conhecimento. Anteriormente, se uma pessoa desejasse um produto, ela tinha que comprar. Era o caso do mercado editorial, onde os livros eram vendidos em livrarias e estes comerciantes trabalhavam com uma marcação de 50%. Recentemente isto mudou, já que ficou cada vez mais barato reproduzir o conhecimento. Isto é um aspecto básico destacado nas obras de autores como Varian. 

Algumas empresas encontraram uma solução baseada na restrição. As empresas oferecem seus produtos, mas restringem o acesso pelo uso dos direitos de propriedade. Se você quiser uma versão com mais recursos de um curso do Duolingo é necessário comprar a assinatura premium; se deseja acesso a um texto do The New York Times, após a sua cota de leitura mensal, pague uma pequena assinatura. É bem verdade que algumas empresas continuam lucrando vendendo seus produtos: a Netflix convence o cliente a pagar um pouco mais de R$30, mas disponibiliza um grande número de filmes.

Blair Fix, em The Business of "Free", lembra de um outro tipo de negócio, que funciona na margem do sistema, com uma lógica invertida. Enquanto um jornal restringe o seu acesso ao conteúdo está apelando para o egoísmo, estas empresas funcionam baseadas no altruísmo. É o caso da Wikipedia. Você tem acesso livre a todo conteúdo da enciclopédia, mas eventualmente eles pedem uma ajuda para você. A fundação que mantém a Wikipedia apela para o altruísmo. Este também é o caso do Linux e do The Guardian (de certa forma).

Eis um trecho do texto de Fix:

De acordo com a economia neoclássica, meu comportamento é extremamente ingênuo. Passo centenas de horas fazendo pesquisas e depois distribuo meus resultados gratuitamente na internet. O que eu estou pensando?

Eu dou minha pesquisa porque acredito que o conhecimento deve ser gratuito. O conhecimento é o maior patrimônio de nossa espécie - a sabedoria acumulada por incontáveis ​​gerações. É uma farsa, na minha opinião, restringir o acesso a essa herança compartilhada.

Se o conhecimento é gratuito, como os pesquisadores ganham a vida? Uma maneira é confiar no poder do governo. Nesse modelo, o governo arrecada impostos (de forma coercitiva, se necessário) e usa essa receita para financiar pesquisas. O conhecimento resultante é então distribuído gratuitamente. É assim que funciona o sistema universitário público ... em princípio . Mas, na prática , a maioria das pesquisas com financiamento público é acessada por editores privados.

Esse acesso pago à pesquisa é uma espécie de tragédia reversa dos comuns . Em vez de explorar excessivamente um recurso de pool comum, nós o exploramos insuficientemente. O conhecimento que poderia ser gratuito para todos é restrito aos poucos que têm assinaturas de periódicos. (Felizmente, temos Sci-Hub , que, para desgosto dos editores, liberou a maioria dos artigos científicos.)

Acho que muitas vezes há uma mistura de ambos. Existem blogs que usam o acesso gratuito para vender "produtos e serviços". É o caso dos sites mantidos pelas Big Four. 

E a contabilidade? - Este modelo de negócios, baseado no altruísmo, parece ser o que move os atendimentos gratuitos para o imposto de renda que alguns profissionais (e estudantes) fazem.  Para as guildas modernas, este tipo de negócio pode ser tolerado, desde que não afete, substancialmente, o lucro obtido no negócio principal.

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