Situação 1 - Ao avaliar projetos de iniciação científica, descobriu que dois deles tinham plágio. Isto constou do relatório do parecerista, mas a nova gestão da universidade optou por aprovar os dois, pois buscava o aumento no número de projetos, em relação à gestão passada.
Situação 2 - Cinco alunos foram reprovados na disciplina por plágio. O aluno X entrou com recurso e a comissão de recurso não levou em consideração um documento do curso sobre o assunto (na verdade desconhecia o documento) e afirmou que a atitude do aluno, apesar das "similaridades", não poderia caracterizar má fé.
Situação 3 - O aluno colocou no seu currículo Lattes que estava cursando a instituição, indicando inclusive um orientador. No momento da entrevista, isto foi comentado, mas mesmo assim o aluno foi aprovado no processo seletivo.
Todos os casos são reais. Recentemente a questão da manipulação de currículo esteve em discussão pelo fato de que um potencial indicado a um cargo relevante no governo federal tenha manipulado seu currículo. Ao verificar o currículo, descobriu-se que o candidato não somente mentia no currículo, como tinha feito plágio na sua dissertação de mestrado.
Não é a primeira vez que alguém "importante" mente no seu currículo. Temos muitos exemplos disto, não somente no Brasil, mas também em outros países (aqui alguns exemplos). Assim, críticas ao currículo Lattes, um instrumento brasileiro da vida acadêmica no Brasil, não procede, na minha opinião.
Talvez o problema seja cultural. Para uma professora da USP da área de letras, no exterior há mais orientação para que as pessoas não cometam erros de plágio. Mas tenho dúvidas sobre este ponto, já que seria necessário um estudo mais profundo, não baseado em "experiência" (aqui fraude em Harvard).
No mesmo artigo há uma rápida discussão para saber se nos dias atuais o problema é mais grave ou não. Alguns argumentam que no passado a comunidade acadêmica sabia mais facilmente os textos produzidos. Mas não se tinham verificadores de plágio, como alguns softwares usados pelas universidades. Além disto, temos dois problemas adicionais: (a) temos hoje plataformas que podem construir textos que fazem uso de palavras rebuscadas e desconexas (vide Lero-Lero, conforme dica da professora Ducineli, grato); (b) o principal ponto hoje talvez seja a "tradução de textos de outras línguas" que não são descobertos pelos softwares de plágio, como o Turnitin. Com respeito ao segundo ponto, é muito difícil nos dias de hoje achar isto, quando o trabalho é feito em língua portuguesa e boa parte das referências são em língua inglesa. Mas temos ferramentas e sites que trabalham com isto.
Voltemos aos casos relatados no início da postagem. Em todos casos, há problemas institucionais sérios aqui. Quem reprova cinco alunos por plágio é visto como um maluco ou alguém muito apegado a forma. Minha experiência tem mostrado que ocorre muito mais frequentemente que imaginamos.
(P.S. Li o livro da imagem. É um libelo ao roubo...)
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