A Wirecard é uma empresa alemã de produtos financeiros. Fundada em 1999, a empresa possui operações em diversos países do mundo. Em 2018, suas receitas chegaram a dois bilhões de euros.
Em janeiro do ano passado, o jornal britânico Financial Times informou que o principal executivo era suspeito de falsificação e lavagem de dinheiro nas operações asiáticas. A empresa afirmou que o jornal foi impreciso, enganoso e difamatório, afirmando que iria processá-lo por manipulação de mercado. O promotor público alemão entrou no caso contra o jornalista Dan McCrum. Meses depois, em outubro, o Financial Times publica o que seriam as planilhas contábeis internas da empresa. Também em 2019, a empresa contrata a KPMG para uma auditoria independente sobre o assunto; a empresa afirmou depois que a auditoria não encontrou nenhum problema.
Já em 2020, o auditor informou que não tinha recebido todas as informações para ter as conclusões adequadas. Com esta declaração, as ações caíram 26% na bolsa. Em junho, a sede da empresa foi revista pela polícia e ontem a empresa informou que faltava 1,9 bilhão de euros em dinheiro. O CEO renunciou em razão do comunicado de dois bancos da Filipinas sobre o dinheiro da Wirecard, depois de sugerir a existência de fraude. Ele foi substituído pelo executivo de compliance da entidade. Há um receio de que a empresa declare insolvência neste final de semana. Há uma crítica severa aos reguladores alemães, que parecem ter protegido a empresa - ao proibir especulação com a ação em 2019 e investigado os repórteres do Financial Times.
Resumindo: em 2018 o valor da empresa era de 28,6 bilhões de euros. Hoje está em 2,6 bilhões.
Contabilidade - Um aspecto importante é que a Wirecard atrasou a publicação das demonstrações anuais de 2019, depois da denúncia. Os auditores, da EY, anunciaram na quinta que faltava o dinheiro em caixa que a empresa tinha afirmado existir anteriormente.
Em uma postagem anterior neste blog falamos da Wirecard como uma exemplo de trabalho ruim da EY, lembram? Parece que vai sobrar para o auditor também. As denúncias do FT foram do início de 2019. Há um ano e meio. E somente na quinta feira é que o auditor alertou que faltava 1,9 bilhão. Em setembro, as demonstrações apontavam um caixa de 2,3 bilhões de euros de caixa líquido. E o auditor não falou nada sobre o assunto.
A Bloomberg lembrou que existe um ditado que afirma que "lucro é opinião, caixa é fato". Mas concentrar no caixa pode deixar de lado alguns sinais. Um deles: qual a razão de um banco da Bavária deixar tanto dinheiro na Filipinas?
Outro aspecto é que a auditoria especial da KPMG tinha levantado algumas dúvidas, mas a empresa limitou a divulgar um resumo - manipulado, óbvio - do trabalho da KPMG.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário