John H. Cochrane, da Stanford, faz uma análise sobre as finanças das universidades dos Estados Unidos diante do Covid. Apesar de algumas das universidades contarem com orçamentos gigantescos, há um problema de caixa. A falta de alunos pagantes (muitos deles oriundos da China) e a rigidez nos gastos parece que trouxe prejuízos para Stanford, Berkeley, Harvard e outras. Alguns dos problemas listados por ele:
a) redução nas receitas oriundas dos alunos
b) corte no orçamento do governo estaduais, que possuem outras prioridades
c) as doações recebidas geralmente não são em dinheiro e o patrimônio tem sido gerenciado de forma a concentrar em ativos não líquidos. E algumas das doações possuem restrições (ou seja, não podem ser transformadas em dinheiro)
d) algumas instituições são razoavelmente alavancadas. Em períodos de bonança estas instituições captam com juros reduzidos, aplicam em títulos ilíquidos e produzem retornos contábeis (mas não financeiros) elevados. Em períodos de crise, o problema aparece, com reconhecimento das perdas. Cochrane lembra que em dezembro de 2008 Harvard tentou vender sua carteira de títulos e só não o fez por falta de compradores.
e) há um problema de gestão, que inclui investimentos ruins e com elevado risco. O fato de serem "sem fins lucrativos" piora a situação, já que o controle corporativo é fraco.
E no Brasil? As universidades públicas (federais e estaduais, especialmente) dependem do orçamento. O corte orçamentário é muito difícil; além disto, a maior despesa é pessoal, cujo gasto é, até certo modo, protegido. Sendo "gratuitas", não dependem da receita extra. Entretanto, algumas universidades conseguem uma boa fonte de recurso através do dinheiro privado, como valores cobrados dos cursos pagos ou convênios/contratos com empresas. Este dinheiro deve desaparecer.
As universidades sem fins lucrativos dependem da mensalidade. Isto pode ser um problema. Além disto, devem manter uma estrutura (sala de aula, equipamentos etc) e provavelmente sentirão problemas de liquidez.
Uma boa parcela das universidades com fins lucrativos já possuíam uma participação expressiva de ensino não presencial na receita. Isto pode ajudar a manter as finanças equilibradas. Mas a questão do custo ainda está em aberto.
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