Eis duas manchetes de dois jornais sobre o mesmo assunto:
Grandes empresas têm recursos para crise
(Fernando Torres, Valor, 27 de março de 2020)
Metade das grandes empresas tem caixa para suportar até três meses sem receita
(René Pereira, Estadão, 30 de março de 2020)
O que justifica esta diferença? Duas razões importantes.
Primeiro, a amostra. O Valor usou os dados de balanços de 97 empresas não financeiras com ações negociadas na bolsa. O Estadão trabalhou com 245 empresas de capital aberto da base Economática, também com ações na bolsa. Mas o aumento da amostra tende a acrescentar empresas de menor porte, o que pode aumentar o número em dificuldade.
Segundo, o método. O Valor focou na folha de pagamento. O Estadão também incluiu fornecedores e outras despesas operacionais. Assim, a premissa do jornal Valor é que as empresas conseguiriam reduzir rapidamente os custos fixos; já o Estadão pressupõe que as empresas tenderiam a manter estes custos. O resultado do segundo é pior.
Mas é importante lembrar que ambos levantamentos foram baseados na posição de caixa de final de dezembro e na estrutura de custos existentes então. Uma espécie de ceteribus paribus. E que não conseguiriam receita neste período, o que também é irreal para estas grandes empresas.
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