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25 fevereiro 2020

Periódicos Fake

A chamada “falsa ciência” tem tido cada vez mais espaço na produção científica mundial. Há mais de dez anos, editoras sem escrúpulos como a Omics e Science Domain da Índia, Waset da Turquia ou ainda Scientific Research Publishing da China, criaram centenas de revistas com nomes pomposos se passando por publicações científicas sérias. São as chamadas “revistas científicas predatórias”.

A ideia começou através do movimento Open Access (Acesso Aberto, em português), que busca uma ciência disponível à sociedade científica e geral através da democratização do conhecimento. O problema é que a grande maioria dessas revistas predatórias não se preocupa com o caráter científico, bibliográfico ou ético da publicação, se importando mais precisamente com o dinheiro a ser recebido e se aproveitando da pressão por publicações que muitos pesquisadores sofrem.

Estudo falso publicado em menos de dez dias

Visando expor essa situação cada vez mais comum, jornalistas de dois meios alemães, o diário Süddeutsche Zeitung e a rádio pública NDR, colocaram a mão no bolso e transmitiram à revista Journal of Integrative Oncology "os resultados de um estudo clínico" que apontavam para "o extrato de própolis sendo mais eficaz no caso do câncer colo retal que as quimioterapias convencionais".

"O estudo era falso, os dados fabricados e os autores, filiados num instituto de investigação fictício, que também não existia. Porém, a publicação foi aceita em menos de dez dias e publicada no dia 24 de abril", detalhou o Le Monde.

O site da revista disponibilizava um link para uma versão do estudo, que, no entanto, foi retirado, depois de os responsáveis terem sido avisados. Ali se lia que os pesquisadores tinham comparado a eficácia da quimioterapia com cápsulas de própolis. Na conclusão do falso artigo científico, havia também a menção de um tema sem qualquer relação com o assunto, no caso, o efeito das massagens sobre as doenças trombo embólicas.

Lista Branca

Para lutar contra esse fenômeno, comunidades científicas e governos já estão se organizando. Na França, um dos países menos impactados com a prática, o ministério da Ciência começou a estabelecer “listas brancas” de revistas a serem privilegiadas. É preciso também investir em políticas de avaliação de pesquisas que pensem menos em quantidade e mais em qualidade.

A ministra alemã da Investigação Científica, Anja Karliczek, declarou ser favorável a um inquérito para determinar como um estudo falso pôde ser publicado. "É no próprio interesse da ciência", disse, citada pela agência de notícias alemã, a DPA. Para a ministra, tudo deve ser feito "para que a credibilidade e a confiança na ciência não sejam afetadas (...). Tais erros devem ser expostos, porque só assim se pode mudar o que está errado".


Fonte: Aqui (grato Jailton Fernandes pela dia). Além dos periódicos, surge também os "congressos", geralmente em locais turísticos e com uma gama de temas ampla demais.

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