As entidades do terceiro setor tem como uma das principais fontes de renda as doações. A questão contábil já foi discutida bastante, mas agora surgiu algo novo: como lidar com as doações inadequadas? Eis um caso interessante. Jeffrey Epstein faleceu recentemente, mas ficou com a fama de ser um predador sexual. Entre 2002 a 2017, Epstein fez diversas doações para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts ou MIT. Além disto, ele visitou a universidade pelo menos nove vezes.
Depois que a vida de Epstein começou a ser questionada, o MIT ficou preocupado com os efeitos destas doações e das visitas. A entidade contratou um escritório de advocacia, que fez um relatório sobre a relação de Epstein com o MIT. Desde 2008, Epstein já tinha uma ficha criminal não recomendável: tinha declarado culpado de duas acusações criminais por solicitar prostituição com menores. Depois disto, passou um ano na cadeia.
Depois da pena, Epstein visitou o MIT pelo menos nove vezes. O relatório conclui que a administração central não sabia que estas visitas aconteciam. O relatório absolveu a administração do MIT por estas visitas, mas afirmou que ocorreram erros em aceitar as doações de Epstein após a sua condenação. E grande parte das doações financeiras foram após suas condenação na Flórida, em 2008. Mas a investigação mostrou que as doações foram realizadas para dois pesquisadores de um laboratório, o MIT Media Lab: o ex-diretor, Joi Ito e o professor Seth Lloyd. O relatório aponta o dedo para ambos, por não terem "informado adequadamente o MIT sobre as doações". Isto soa estranho, pois uma doação deveria ter passada pela contabilidade do MIT.
Também soa estranho, ou cínico, a atitude do MIT, condenando agora as doações. Se uma pessoa é condenada e cumpre sua pena, será que as pessoas que estão recebendo uma doação necessitam recusar a doação?
Sobre o caso, leia Nidhi Subbaraman. MIT review of Epstein donations finds “significant mistakes of judgment”. Nature. doi: 10.1038/d41586-020-00072-x
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