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20 janeiro 2020

Contabilidade e Corrupção: Isabel dos Santos 3

Duas consequências da divulgação dos documentos sobre Isabel dos Santos, que este blog resumiu ontem aqui.

A primeira é que Isabel dos Santos não irá mais ao Fórum Econômico Mundial de 2020. Este é um encontro de líderes políticos e empresários e a empresa Unitel (leia-se Isabel) tinha pago para ser patrocinador do evento. Os organizadores afirmaram que irão reavaliar o patrocínio da Unitel.

O segundo diz respeito a PwC. Na postagem de ontem afirmamos que as Big Four ganharam muito dinheiro prestando serviço para Isabel dos Santos. Especialmente a PwC. Agora (e somente depois da reportagem) a PwC confirmou ter cancelado todos os contratos de serviços com as empresas controladas por Isabel dos Santos.

“Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expetativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação”, comentou, num comunicado enviado à agência Lusa.
A mesma nota acrescenta que tomou “medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos”.

Eis um resumo para quem perdeu as notícias:

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação social, entre os quais o Expresso e a SIC, analisou, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a tornar-se a mulher mais rica de África.
Durante a investigação foram identificadas mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.
As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.
Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

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