A moeda digital Libra começou a ser criada em 2017. Em maio de 2019 tivemos a confirmação de que o Facebook planejava lançar um moeda digital. O anúncio ocorreu em junho, com previsão de lançamento em 2020.
O entusiasmo inicial recebeu uma ducha de água fria dos reguladores. Já em julho, o Facebook reconhecia que precisava da aprovação legal. Em setembro, o próprio Zuckerberg, fundador e executivo do Facebook, indicava que esperaria a aprovação dos reguladores dos Estados Unidos. E dias depois começou a debandada das empresas que apoiavam, inicialmente, o projeto. Inicialmente, o PayPal; depois, eBay, Mastercard, Stripe, Visa e Mercado Pago.
O Financial Times afirmou
Vários deles [parceiros] também disseram que, apesar de suas ambições de promover a libra como esforço conjunto, o projeto tinha sido ligado muito fortemente ao Facebook, numa época em que a empresa está às voltas com vários escândalos de violação de privacidade e com uma enxurrada de investigações antitruste nos EUA e na Europa. (...)
A participação inicial desses membros revestiu o projeto de credibilidade pública e de viabilidade regulatória. Sem eles, o âmbito das ambições da libra talvez teria de ser corrigido.
O título do texto do FT diz muito: Facebook subestimou peso da regulação em moeda digital. E estas incertezas regulatórias afastam os parceiros
O futuro do projeto dependerá agora em grande medida da possibilidade de ele obter as necessárias aprovações regulatórias, o que poderá envolver a implementação no formato do projeto.
Mesmo a meta inicial de lançamento em 2020 já é questionável. Há resistências claras dos reguladores, seja por conta dos efeitos sobre a estabilidade financeira, ou em razão da privacidade dos dados. Denúncias recentes de violação de dados pessoais e disseminação de desinformação na rede social realmente não ajuda muito. Além disto, há muitas dúvidas sobre o projeto (Rudegeair, Peter; Tracy, Ryan. Facebook mantém plano de criar moeda, Valor Econômico, 24 de outubro de 2019, C3).
Há dúvidas como a nova moeda lidaria com questões sensíveis, como lavagem de dinheiro. O ministro das finanças da França chegou a dizer que o país não permitirá o desenvolvimento da moeda na Europa. A Bloomberg tentou executar o código da moeda e os recursos que a nova moeda teria não existem ainda. ]
Diante deste cenário, há três dias o Facebook anunciou o lançamento do Facebook Pay. Este serviço facilitaria as transações entre usuários em uma situação de compra na rede. Mas a empresa parece que não desistiu da Libra:
No post, o Facebook também foi bem claro ao dizer que essa nova plataforma não têm nada a ver com a libra, sua futura criptomoeda, ou com a Calibra wallet, a carteira virtual que a apoiará. Esses serviços terão sua própria rede separadamente.
Mas o fato disto ocorrer duas semanas depois que os “sócios” da Libra terem abandonado a empresa não parece ser coincidência. É um sistema mais “tradicional”. Será realmente o enterro da moeda digital Libra?
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