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19 outubro 2019

Valor dos serviços grátis da internet

Eis um texto um pouco confuso em alguns termos, mas que apresenta alguns pontos interessantes:

Quando perguntam “qual o valor da internet?”, muitos pensam no custo de conexão e quanto pagam à operadora pelo acesso. O Federal Reserve, Banco Central americano, quer ir além: o que cada site custa [1] para você, especificamente? 

A questão surge por conta da dicotomia na relação entre internet e a economia. Enquanto a conexão banda larga se expande de forma exponencial, o crescimento econômico no mesmo período se mantém tímido.

Segundo o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a questão está em como esse crescimento é contabilizado. O Produto Interno Bruto de um país é calculado pelo valor de serviços e produtos vendidos e comprados no lugar. Mas boa parte dos maiores produtos na internet, em especial redes sociais, são gratuitos e não dependem de uma transação cliente-provedor de um comércio normal [2].

Alguns estudos tentam quantificar o valor real do serviço de um site gratuito para seu consumidor. No MIT, Erik Brynjolfsson, Avinash Collis e Felix Jeggers estudaram o valor monetário de Facebook, YouTube e outros serviços.

Segundo a pesquisa, um usuário médio do Facebook precisaria de US$48 para abdicar do serviço por mês (US$ 576 por ano) [3]. O YouTube é mais valorizado, valendo US$1.173 por ano. Mas nada é mais valioso que ferramentas de pesquisa como o Google: US$17.530 a cada ano.

Na Europa, uma pesquisa menor foi conduzida. O WhatsApp, pouco usado nos Estados Unidos, foi destaque: 536 euros.

Redes sociais não fazem mal, desde que não substituam atividades mais saudáveis, diz estudo

“Ao longo do tempo, estamos gastando cada vez mais de nosso tempo interagindo na internet ou usando serviços nos nossos smartphones,” disse Brynjolfsson à CNBC. “Uma grande parcela de nossa economia está sendo ignorada pelo PIB.”

O estudo do cientista do MIT afirma que o PIB deveria ser medido pensando nos benefícios de um serviço e não necessariamente do valor de troca. “Queremos saber do benefício que você recebeu, e não o quanto você pagou,” disse Brynjolfsson.

Powell também citou um estudo publicado pela própria Federal Reserve. Usando velocidade de conexão e quantidade de dados transferidos, a pesquisa acredita que o PIB norte-americano seria 0,5% maior em relação à década passada se o valor das redes digitais [4] tivesse sido incluído.

“Boas decisões necessitam de bons dados,” Powell disse. “Mas os dados que temos não tão bons quanto gostaríamos.”

[1] Há uma confusão entre o custo, preço e valor. O termo mais adequado aqui seria valor.

[2] Esta frase é controversa. Quando o Facebook não cobra nada para que as pessoas usem a rede social, a empresa consegue obter receita de outra forma. Por exemplo, através da venda de informações. Assim, o valor está aparecendo em outra transação: a venda de informação do Facebook para um cliente.

[3] É uma forma criativa de medir valor. Há uma pesquisa anterior a esta, de Corrigan et al, "How much is social media worth? Estimating the value of Facebook by paying users to stop using it" que apareceu no PLOS One em julho de 2018.

[4] Aqui o termo é redes digitais, que não é a mesma coisa que redes sociais.

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