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31 outubro 2019

Pirâmide Netflix

A Netflix pode ser um sucesso em termos de prestação de serviço, mas suas demonstrações contábeis são um horror. Veja alguns detalhes (via aqui)

Na semana passada ela informou que tomaria outro empréstimo de 2 bilhões de dólares (via venda de títulos). Em abril já tinha feito uma operação nas mesmas proporções. Os títulos irão vencer em 2030. Estes títulos estão classificados como Ba3 (Moody´s) ou BB- (SP), perto, muito perto, da pior classificação possível. E olhe que as empresas de ratings são ...

A própria Moody´s estimou que o ponto de equilíbrio financeiro somente será obtido em 2023. Como ela foi fundada em 1997, a Netflix parece um filho que ainda depende dos país.

Suas dívidas chegam a 25 bilhões de dólares, sendo 12 bi de “passivo de conteúdo”. O que é isto?

Quando a Netflix adquire o direito de reproduzir um filme ou série, o valor fica no passivo e faz um registro equivalente no ativo, chamado “ativo de conteúdo”. Se o passivo era de 12 bi, o ativo de conteúdo chegava a 23 bi. Mas isto é uma despesa futura. A questão é que o passivo deve ser pago em algum momento. Estima que esta despesa seja de 4 bilhões por ano, próximo ao valor das novas captações.

Esta questão contábil faz com que o fluxo de caixa seja negativo, mas a empresa tenha lucro. Afinal, o dinheiro da compra dos filmes e séries saem do caixa, mas só vão para a DRE a conta gotas. Veja a diferença: de janeiro a setembro de 2019 a empresa teve um lucro de 1,28 bi e um fluxo de caixa livre de menos 1,6 bi. Uma diferença de quase 3 bilhões.

E quando divulga seus balanços, a empresa enfatiza substancialmente o aumento no número de assinantes, como se isto garantisse o seu caixa futuro.

Não parece uma pirâmide?

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