Parece que existe um documento chamado "planilha contábil". Eis um resumo de uma notícia do TST:
O empregado propôs a ação com o fim de obter a condenação da empresa ao pagamento de direitos trabalhistas que, segundo ele, teriam sido sonegados. O juízo de primeiro grau determinou que ele complementasse o pedido com uma planilha contábil dos valores pleiteados, caso contrário o processo seria extinto. Ele então impetrou mandado de segurança, em que sustentou que a legislação não prevê a juntada de memória de cálculo.
(...) Segundo a relatora, a planilha contábil não pode ser considerada documento indispensável para a propositura da ação, por falta de previsão em lei e, ainda que o documento fosse imprescindível, não há justificativa para exigi-la. Na fase de conhecimento da ação (em que se discute o direito alegado pelo empregado), é suficiente a apresentação da causa de pedir e do pedido, com a indicação dos valores controvertidos.
(...) A Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho considerou ilegal a exigência de que um empregado da Marcelino Construção e Administração Ltda., de Joinville (SC), juntasse à reclamação trabalhista um laudo pericial contábil.
31 outubro 2019
Pirâmide Netflix
A Netflix pode ser um sucesso em termos de prestação de serviço, mas suas demonstrações contábeis são um horror. Veja alguns detalhes (via aqui)
Na semana passada ela informou que tomaria outro empréstimo de 2 bilhões de dólares (via venda de títulos). Em abril já tinha feito uma operação nas mesmas proporções. Os títulos irão vencer em 2030. Estes títulos estão classificados como Ba3 (Moody´s) ou BB- (SP), perto, muito perto, da pior classificação possível. E olhe que as empresas de ratings são ...
A própria Moody´s estimou que o ponto de equilíbrio financeiro somente será obtido em 2023. Como ela foi fundada em 1997, a Netflix parece um filho que ainda depende dos país.
Suas dívidas chegam a 25 bilhões de dólares, sendo 12 bi de “passivo de conteúdo”. O que é isto?
Quando a Netflix adquire o direito de reproduzir um filme ou série, o valor fica no passivo e faz um registro equivalente no ativo, chamado “ativo de conteúdo”. Se o passivo era de 12 bi, o ativo de conteúdo chegava a 23 bi. Mas isto é uma despesa futura. A questão é que o passivo deve ser pago em algum momento. Estima que esta despesa seja de 4 bilhões por ano, próximo ao valor das novas captações.
Esta questão contábil faz com que o fluxo de caixa seja negativo, mas a empresa tenha lucro. Afinal, o dinheiro da compra dos filmes e séries saem do caixa, mas só vão para a DRE a conta gotas. Veja a diferença: de janeiro a setembro de 2019 a empresa teve um lucro de 1,28 bi e um fluxo de caixa livre de menos 1,6 bi. Uma diferença de quase 3 bilhões.
E quando divulga seus balanços, a empresa enfatiza substancialmente o aumento no número de assinantes, como se isto garantisse o seu caixa futuro.
Não parece uma pirâmide?
Na semana passada ela informou que tomaria outro empréstimo de 2 bilhões de dólares (via venda de títulos). Em abril já tinha feito uma operação nas mesmas proporções. Os títulos irão vencer em 2030. Estes títulos estão classificados como Ba3 (Moody´s) ou BB- (SP), perto, muito perto, da pior classificação possível. E olhe que as empresas de ratings são ...
A própria Moody´s estimou que o ponto de equilíbrio financeiro somente será obtido em 2023. Como ela foi fundada em 1997, a Netflix parece um filho que ainda depende dos país.
Suas dívidas chegam a 25 bilhões de dólares, sendo 12 bi de “passivo de conteúdo”. O que é isto?
Quando a Netflix adquire o direito de reproduzir um filme ou série, o valor fica no passivo e faz um registro equivalente no ativo, chamado “ativo de conteúdo”. Se o passivo era de 12 bi, o ativo de conteúdo chegava a 23 bi. Mas isto é uma despesa futura. A questão é que o passivo deve ser pago em algum momento. Estima que esta despesa seja de 4 bilhões por ano, próximo ao valor das novas captações.
Esta questão contábil faz com que o fluxo de caixa seja negativo, mas a empresa tenha lucro. Afinal, o dinheiro da compra dos filmes e séries saem do caixa, mas só vão para a DRE a conta gotas. Veja a diferença: de janeiro a setembro de 2019 a empresa teve um lucro de 1,28 bi e um fluxo de caixa livre de menos 1,6 bi. Uma diferença de quase 3 bilhões.
E quando divulga seus balanços, a empresa enfatiza substancialmente o aumento no número de assinantes, como se isto garantisse o seu caixa futuro.
Não parece uma pirâmide?
30 outubro 2019
Aramco é a empresa mais lucrativa do ano
A empresa estatal de petróleo Saudi Aramco informou que seu lucro, nos nove meses do ano, foi de 68 bilhões de dólares. Isto faz da empresa a mais lucrativa do mundo. Recentemente parte das instalações da empresa sofreu um ataque de drones. Parece que as instalações atingidas foram consertadas.
O lucro é importante para viabilizar a tão aguardada oferta pública de ações da empresa.
O lucro é importante para viabilizar a tão aguardada oferta pública de ações da empresa.
Celebridades mortas
A Forbes fez um ranking das celebridades mortas mais lucrativas. A divulgação desta notícia agora não parece ser despropositada: perto dos dias dos mortos. Foram 13 celebridades que geraram milhões para os herdeiros. Deste total, nove são músicos. A ordem é a seguinte:
Michael Jackson
Elvis Presley
Charles Schulz
Existem algumas questões contábeis interessantes: de quem é o ativo?; como mensurar o seu valor?; irá diminuir com o passar do tempo ou aumenta com as lembranças? (lembro que a família Cash ganhou muito quando lançaram o filme da sua vida, assim como os herdeiros de Jackson tiveram um grande ganho o ano passado.
Michael Jackson
Elvis Presley
Charles Schulz
Existem algumas questões contábeis interessantes: de quem é o ativo?; como mensurar o seu valor?; irá diminuir com o passar do tempo ou aumenta com as lembranças? (lembro que a família Cash ganhou muito quando lançaram o filme da sua vida, assim como os herdeiros de Jackson tiveram um grande ganho o ano passado.
29 outubro 2019
A Arte da Escolha
A escolha é um processo demorado e díficil. Em 2010, Sheena Iyengar escreveu um livro bem interessante sobre o assunto. Desde então, cresceram o número de opções disponíveis e as possibilidades de escolha.
Lembrei do livro de Ivengar ao ler uma estatística impressionante, apresentada no Valor (Quando é muito difícil escolher o quer ver, João Luiz Rosa, 27 de ago 2019, A2).
Um estudo de 2016 mostra que, naquele ano, as pessoas gastavam, em média, 17,8 minutos na Netflix para escolher um filme ou programa. Segundo o levantamento (...) isso era o dobro do tempo médio gasto para escolher o que ver na TV paga. Outro levantamento, do mesmo ano, mostra que o espectador médio americano gastava 23 minutos por dia para escolher o que ver na televisão, o equivalente a quase 18% do total de 129 minutos diários de programação vista. No caso do Netflix, a proporação era de 28 minutos de busca para 91 minutos totais, quase 30%, e no Amazon Video, de 27 minutos para 64 mintuos ao todo, ou 42%. (...) ao longo de 80 anos - o tempo de vida médio do consumidor americano - cerca de 1,3 ano é gasto apenas se escolhendo o que ver
O livro de Iyengar tratava de vários tipos de escolha. Há uma frase famosa do Obama, sobre suas roupas, parecidas. O ex-presidente falava que tinha muitas decisões que precisava tomar e não podia ficar muito tempo pensando sobre qual terno vestir.
Lembrei do livro de Ivengar ao ler uma estatística impressionante, apresentada no Valor (Quando é muito difícil escolher o quer ver, João Luiz Rosa, 27 de ago 2019, A2).
Um estudo de 2016 mostra que, naquele ano, as pessoas gastavam, em média, 17,8 minutos na Netflix para escolher um filme ou programa. Segundo o levantamento (...) isso era o dobro do tempo médio gasto para escolher o que ver na TV paga. Outro levantamento, do mesmo ano, mostra que o espectador médio americano gastava 23 minutos por dia para escolher o que ver na televisão, o equivalente a quase 18% do total de 129 minutos diários de programação vista. No caso do Netflix, a proporação era de 28 minutos de busca para 91 minutos totais, quase 30%, e no Amazon Video, de 27 minutos para 64 mintuos ao todo, ou 42%. (...) ao longo de 80 anos - o tempo de vida médio do consumidor americano - cerca de 1,3 ano é gasto apenas se escolhendo o que ver
O livro de Iyengar tratava de vários tipos de escolha. Há uma frase famosa do Obama, sobre suas roupas, parecidas. O ex-presidente falava que tinha muitas decisões que precisava tomar e não podia ficar muito tempo pensando sobre qual terno vestir.
Thomas Cook e as Big Four
O grupo Thomas Cook era a maior empresa britânica de viagem. Ele foi criado em 2007, mas sua origem é anterior, com a agência de viagem Airtours. A empresa operava em dois segmentos: como agência de turismo e empresa aérea. Até que em setembro a empresa entrou em liquidação, de forma inevitável. Além do ambiente econômico, a gestão também tinha uma parcela de culpa https://www.bbc.co.uk/news/business-50155096, muito embora esteja recebendo um bônus . A crise também trouxe discussões diversas, inclusive sobre a auditoria.
Sobre este assunto, o parlamento do Reino Unido novamente discutiu a questão da Big Four. Segundo o Financial Times (via “PwC e EY são acusadas em colapso de companhia”, Tabby Kinder, 23/10/19,Valor) os representantes criticaram as auditorias realizadas na empresa por aprovarem as demonstrações contábeis. Um parlamentar disse que a PwC deveria ter questionado, de forma mais incisiva, a empresa sobre o tratamento contábil de itens extraordinários e o tratamento dos ativos intangíveis. Este parlamentar, presidente da comissão especial de negócios da Câmara Baixa do parlamento britânico, falou da possibilidade de uma lei para forçar a separação das Big Four.
Quantas novas falências de empresas, quantos novos exemplos graves de auditoria precisamos para que nosso setor abra os olhos e reconheça que vocês são cúmplices nisso e que vocês precisam realizar uma reforma?
Sobre este assunto, o parlamento do Reino Unido novamente discutiu a questão da Big Four. Segundo o Financial Times (via “PwC e EY são acusadas em colapso de companhia”, Tabby Kinder, 23/10/19,Valor) os representantes criticaram as auditorias realizadas na empresa por aprovarem as demonstrações contábeis. Um parlamentar disse que a PwC deveria ter questionado, de forma mais incisiva, a empresa sobre o tratamento contábil de itens extraordinários e o tratamento dos ativos intangíveis. Este parlamentar, presidente da comissão especial de negócios da Câmara Baixa do parlamento britânico, falou da possibilidade de uma lei para forçar a separação das Big Four.
Quantas novas falências de empresas, quantos novos exemplos graves de auditoria precisamos para que nosso setor abra os olhos e reconheça que vocês são cúmplices nisso e que vocês precisam realizar uma reforma?
Finanças do Vaticano
Eis um texto interessante da Forbes sobre as finanças do Vaticano:
O Vaticano rejeitou ontem (22) alegações em um novo livro de que a Santa Sé corre o risco de calote nos próximos anos por causa de queda de doações, má administração financeira e corrupção.
O livro de 350 páginas, “Last Judgement”, é do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi e é o mais recente sobre as finanças do Vaticano.
Nuzzi escreve que anos de déficits podem deixar pouca escolha para o Vaticano, a não ser declarar default até 2023.
“Não há ameaça de default aqui. Há apenas a necessidade de uma revisão de gastos. E é isso que estamos fazendo”, disse o arcebispo Nunzio Galantino, chefe da Administração do Patrimônio da Santa Sé, um escritório geral de contabilidade que administra as propriedades imobiliárias em Roma e em outros lugares na Itália, paga salários dos funcionários do Vaticano e atua como um escritório de compras e departamento de recursos humanos.
O arcebispo disse ao jornal católico italiano “Avvenire” que, embora “não haja necessidade de alarmismo”, o Vaticano tem que conter custos.
O menor Estado do mundo não recebe impostos. Suas fontes de renda são investimentos, imóveis, arrecadações de fiéis feitas em todo o mundo, contribuições de dioceses e receitas de seus populares museus.
Nuzzi disse que as contribuições dos fiéis caíram acentuadamente nos últimos anos, principalmente em países como os Estados Unidos, atingidas por escândalos de abuso sexual.
Em uma entrevista coletiva na qual apresentou o livro, Nuzzi afirmou ser um grande admirador do Papa Francisco e queria destacar a suposta má gestão que o impede de aprovar uma reforma duradoura.
O Vaticano rejeitou ontem (22) alegações em um novo livro de que a Santa Sé corre o risco de calote nos próximos anos por causa de queda de doações, má administração financeira e corrupção.
O livro de 350 páginas, “Last Judgement”, é do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi e é o mais recente sobre as finanças do Vaticano.
Nuzzi escreve que anos de déficits podem deixar pouca escolha para o Vaticano, a não ser declarar default até 2023.
“Não há ameaça de default aqui. Há apenas a necessidade de uma revisão de gastos. E é isso que estamos fazendo”, disse o arcebispo Nunzio Galantino, chefe da Administração do Patrimônio da Santa Sé, um escritório geral de contabilidade que administra as propriedades imobiliárias em Roma e em outros lugares na Itália, paga salários dos funcionários do Vaticano e atua como um escritório de compras e departamento de recursos humanos.
O arcebispo disse ao jornal católico italiano “Avvenire” que, embora “não haja necessidade de alarmismo”, o Vaticano tem que conter custos.
O menor Estado do mundo não recebe impostos. Suas fontes de renda são investimentos, imóveis, arrecadações de fiéis feitas em todo o mundo, contribuições de dioceses e receitas de seus populares museus.
Nuzzi disse que as contribuições dos fiéis caíram acentuadamente nos últimos anos, principalmente em países como os Estados Unidos, atingidas por escândalos de abuso sexual.
Em uma entrevista coletiva na qual apresentou o livro, Nuzzi afirmou ser um grande admirador do Papa Francisco e queria destacar a suposta má gestão que o impede de aprovar uma reforma duradoura.
27 outubro 2019
Two-Sided Matching no mercado de Auditoria
Resumo:
We estimate a two-sided matching model of IPO firms to auditors. Doing so allows us to separate the effects of sorting and influence in this audit market, and identify the effect that each has on observed audit quality. We find evidence that sorting on inherent quality of the client exists at the time auditors and clients match with each other. However, even after controlling for the effects of sorting, Big 4 auditors exert positive influence on audit quality; the probability of a restatement is significantly lower, all else equal, for clients of Big 4 auditors.
Fonte: Li, Ken and McNichols, Maureen F. and Raghunandan, Aneesh, A Two-Sided Matching Model of the Audit Market for IPO Firms (February 4, 2018). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3117828 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3117828
We estimate a two-sided matching model of IPO firms to auditors. Doing so allows us to separate the effects of sorting and influence in this audit market, and identify the effect that each has on observed audit quality. We find evidence that sorting on inherent quality of the client exists at the time auditors and clients match with each other. However, even after controlling for the effects of sorting, Big 4 auditors exert positive influence on audit quality; the probability of a restatement is significantly lower, all else equal, for clients of Big 4 auditors.
Fonte: Li, Ken and McNichols, Maureen F. and Raghunandan, Aneesh, A Two-Sided Matching Model of the Audit Market for IPO Firms (February 4, 2018). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3117828 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3117828
25 outubro 2019
24 outubro 2019
Exxon e o futuro da contabilidade
No início da século XX, a polícia não conseguia processar Al Capone, o mais perigoso. Apelando para fraude fiscal, o criminoso foi condenado por sonegação fiscal.
Quase cem anos depois, a empresa Exxon teima em financiar lobby e entidades que defendem a política energética tradicional, baseada na extração e processamento de petróleo. Como colocar a empresa nos eixos, reduzindo seu impeto pela destruição do ambiente. Novamente a contabilidade foi convocada para ajudar a resolver os problemas que a justiça não consegue resolver.
Um processo na cidade de Nova Iorque esta julgando se a Exxon enganou seus acionistas sobre os riscos relacionados com às mudanças climáticas. Após anos de investigação, iniciou-se as audiências do julgamento. Entre os envolvidos, Tillerson, que foi presidente da empresa desde 2006 até ir para o governo Trump em janeiro de 2017.
Para divulgar suas demonstrações, a empresa deve fazer projeções sobre a viabilidade dos seus ativos, o que inclui as reservas. Se existe dúvidas sobre os efeitos ambientais na utilização de petróleo no futuro, o valor reconhecido no ativo deve ser menor; afinal, o mundo deverá usar menos petróleo. A questão é que a empresa foi muito mais otimista nesta projeção, indicando que o petróleo ainda será o principal item da matriz energética mundial no futuro.
O problema é que a promotoria considera que isto é uma enganação com os investidores. Se os investidores foram enganados, cabe uma reparação. O valor estaria entre 0,5 a 1,2 bilhão. A empresa nega a intenção de enganar os investidores, pois forneceu previsões diferentes. O julgamento deverá durar três semanas. Ambientalistas estão torcendo para que a empresa pague multas pesadas.
O julgamento é muito importante para a contabilidade. Há anos, os reguladores decidiram abandonar o custo como base de valor, enfatizando a necessidade de que a empresa fornecesse sua visão - neutra e fidedigna - da realidade. Na contabilidade da Exxon há uma grande quantidade de julgamento. Ou seja, análise subjetiva. Se a empresa for condenada, isto significa que qualquer julgamento pode ser questionado juridicamente. Se a meta dos reguladores - Fasb e Iasb - era promover uma demonstração contábil mais próxima do valor da empresa, a opinião do preparador deveria ser a base de avaliação. Um tribunal pode dizer que a “opinião como base de valor” deixa de ser a regra contábil. Como isto afetará esta guinada, que abandonou o custo como base de valor?
Leia sobre o julgamento aqui, aqui e aqui
Quase cem anos depois, a empresa Exxon teima em financiar lobby e entidades que defendem a política energética tradicional, baseada na extração e processamento de petróleo. Como colocar a empresa nos eixos, reduzindo seu impeto pela destruição do ambiente. Novamente a contabilidade foi convocada para ajudar a resolver os problemas que a justiça não consegue resolver.
Um processo na cidade de Nova Iorque esta julgando se a Exxon enganou seus acionistas sobre os riscos relacionados com às mudanças climáticas. Após anos de investigação, iniciou-se as audiências do julgamento. Entre os envolvidos, Tillerson, que foi presidente da empresa desde 2006 até ir para o governo Trump em janeiro de 2017.
Para divulgar suas demonstrações, a empresa deve fazer projeções sobre a viabilidade dos seus ativos, o que inclui as reservas. Se existe dúvidas sobre os efeitos ambientais na utilização de petróleo no futuro, o valor reconhecido no ativo deve ser menor; afinal, o mundo deverá usar menos petróleo. A questão é que a empresa foi muito mais otimista nesta projeção, indicando que o petróleo ainda será o principal item da matriz energética mundial no futuro.
O problema é que a promotoria considera que isto é uma enganação com os investidores. Se os investidores foram enganados, cabe uma reparação. O valor estaria entre 0,5 a 1,2 bilhão. A empresa nega a intenção de enganar os investidores, pois forneceu previsões diferentes. O julgamento deverá durar três semanas. Ambientalistas estão torcendo para que a empresa pague multas pesadas.
O julgamento é muito importante para a contabilidade. Há anos, os reguladores decidiram abandonar o custo como base de valor, enfatizando a necessidade de que a empresa fornecesse sua visão - neutra e fidedigna - da realidade. Na contabilidade da Exxon há uma grande quantidade de julgamento. Ou seja, análise subjetiva. Se a empresa for condenada, isto significa que qualquer julgamento pode ser questionado juridicamente. Se a meta dos reguladores - Fasb e Iasb - era promover uma demonstração contábil mais próxima do valor da empresa, a opinião do preparador deveria ser a base de avaliação. Um tribunal pode dizer que a “opinião como base de valor” deixa de ser a regra contábil. Como isto afetará esta guinada, que abandonou o custo como base de valor?
Leia sobre o julgamento aqui, aqui e aqui
Quem guarda mais fotos no celular?
Uma pesquisa com 3 bilhões de fotografias e 6 milhões de usuários em diversos países do mundo mostrou que guarda mais imagens no celular.
As mulheres tem uma média de mil fotografias salvas, enquanto os homens teriam 850. Aqueles com idade entre 25 a 44 anos guardam uma média de 1050 fotos, contra um pouco acima de 800 dos mais jovens.
Por país, os coreanos, malaios e suíços lideram. Em 45 países, os brasileiros são 17o., com uma média de 911 fotos.
As mulheres tem uma média de mil fotografias salvas, enquanto os homens teriam 850. Aqueles com idade entre 25 a 44 anos guardam uma média de 1050 fotos, contra um pouco acima de 800 dos mais jovens.
Por país, os coreanos, malaios e suíços lideram. Em 45 países, os brasileiros são 17o., com uma média de 911 fotos.
Radiologistas x Inteligência Artificial
Radiologistas não foram susbtituídos e não serão substituídos por máquinas.
Three years ago, artificial intelligence pioneer Geoffrey Hinton said, “We should stop training radiologists now. It’s just completely obvious that within five years, deep learning is going to do better than radiologists.”
Today, hundreds of startup companies around the world are trying to apply deep learning to radiology. Yet the number of radiologists who have been replaced by AI is approximately zero. (In fact, there is a worldwide shortage of them.)
At least for the short term, that number is likely to remain unchanged. Radiology has proven harder to automate than Hinton — and many others — imagined. For medicine in general, this is no less true. There are many proofs of concept, such as automated diagnosis of pneumonia from chest X-rays, but surprisingly few cases in which deep learning (a machine learning technique that is currently the most dominant approach to AI) has achieved the transformations and improvements so often promised.
Why not?
Today, hundreds of startup companies around the world are trying to apply deep learning to radiology. Yet the number of radiologists who have been replaced by AI is approximately zero. (In fact, there is a worldwide shortage of them.)
At least for the short term, that number is likely to remain unchanged. Radiology has proven harder to automate than Hinton — and many others — imagined. For medicine in general, this is no less true. There are many proofs of concept, such as automated diagnosis of pneumonia from chest X-rays, but surprisingly few cases in which deep learning (a machine learning technique that is currently the most dominant approach to AI) has achieved the transformations and improvements so often promised.
Why not?
[..]
Fonte: aqui
23 outubro 2019
Como a mulher deve se portar (em uma empresa contábil)
Um grande empresa de contabilidade contrata uma palestrante para um workshop para suas mulheres. A data do evento foi junho de 2018, auge do movimento #MeToo. O nome do workshop é “liderança e empoderamento”, por Marsha Clark.
Mais de um ano depois, um site obtém cópia das transparências. E descobre que um monte de besteiras foram ditas no evento. A empresa tem responsabilidade? E se a empresa de contabilidade não fez nada sobre o conteúdo?
A palestrante falou coisas como:
O cérebro das mulheres é como panqueca e elas possuem dificuldade de concentração, ao contrário dos homens. E cérebro das mulheres é menor que os homens.
As mulheres não devem exibir o corpo, para não mexer nas mentes dos colegas. Devem ter um bom corte de cabelo, unhas feitas, roupas bem cortadas
Não confronte diretamente os homens nas reuniões
Se você estiver conversando com um homem, cruze as pernas. Não fale com um homem cara a cara. Os homens consideram isso como ameaçador
Esta história é real. A palestrante é Marsha Clark, ex-executiva da EDS, nas décadas de 80 e 90. O site Huffington Post teve acesso ao material. E constatou que as afirmações de Clark era pouco científicas.
A empresa de contabilidade alega que as afirmações estão fora de contexto.
Ah, o nome da empresa: Ernst Young.
Fonte: Aqui e aqui
Mais de um ano depois, um site obtém cópia das transparências. E descobre que um monte de besteiras foram ditas no evento. A empresa tem responsabilidade? E se a empresa de contabilidade não fez nada sobre o conteúdo?
A palestrante falou coisas como:
O cérebro das mulheres é como panqueca e elas possuem dificuldade de concentração, ao contrário dos homens. E cérebro das mulheres é menor que os homens.
As mulheres não devem exibir o corpo, para não mexer nas mentes dos colegas. Devem ter um bom corte de cabelo, unhas feitas, roupas bem cortadas
Não confronte diretamente os homens nas reuniões
Se você estiver conversando com um homem, cruze as pernas. Não fale com um homem cara a cara. Os homens consideram isso como ameaçador
Esta história é real. A palestrante é Marsha Clark, ex-executiva da EDS, nas décadas de 80 e 90. O site Huffington Post teve acesso ao material. E constatou que as afirmações de Clark era pouco científicas.
A empresa de contabilidade alega que as afirmações estão fora de contexto.
Ah, o nome da empresa: Ernst Young.
Fonte: Aqui e aqui
Melhores cursos de Economia do Brasil
O Brasil possui poucos cursos de Economia com excelência. 98% dos cursos são bem fracos em comparação com o nível internacional. Fiz uma lista com os melhores cursos do Brasil baseado na qualidade do corpo docente, grade curricular e quantidade de matérias quantitativas. Economia é um curso de matemática aplicada, mas no Brasil o que predomina na maioria das faculdades é a tradição heterodoxa, que não é aceita nas principais universidades do mundo. Os melhores cursos ortodoxos são estes:
1-FGV-Rio
2-PUC- Rio
3-FGV-SP
4-Insper
5-USP
6-UnB
1-FGV-Rio
2-PUC- Rio
3-FGV-SP
4-Insper
5-USP
6-UnB
Panorama das IFRS
Do Zimbabué à Guiné Equatorial, passando por Singapura aos Estados Unidos, são 144 as jurisdições que atualmente aplicam as Normas Internacionais de Relato Financeiro (IFRS) emanadas pelo International Accounting Standards (IAS) Board, o órgão da Fundação da IFRS. Há ainda mais 12 que permitem a sua utilização, perfanzendo um total de 166 jurisdições que utilizam as IRFS.
Em Portugal, por ser um Estado membro da União Europeia, as IFRS são aplicadas para as empresas cujas ações são transacionáveis no mercado regulado.
Em 2018, à exceção de dez jurísdições – Albânia, Belize, Bermudas, Ilhas Caimão, Egito, Macau, Paraguai, Suriname, Suiça e Vietnam – todas (146) comprometeram-se publicamente em apoiar um único conjunto de normativos globais de contabilidade.
De acordo com os dados da World Federation of Exchanges, a Fundação IFRS estima que as 166 jurisdições contabilizem 84 biliões de dólares e são 48.913 as empresas domésticas cotadas em bolsa nestas jurisdições que aplicam, ou permitem a aplicação, as IFRS.
Fundada em 1973 pelas organizações profissionais de contabilidade que formam o Comité da IAS – Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos – a Fundação tem, ao longo de 46 anos, promovido os três pilares de atuação que a caracterizam: transparência na comparação internacional entre os normativos contabilísticos e na qualidade da informação financeira; reforço da responsabilidade (accountability) através do aumento de canais de informação entre as empresas e investidores; e contribuição para a eficiência económica, auxiliando os investidores a identificarem riscos e oportunidades no mundo, melhorando a alocação de capital.
As normas internacionais de relato financeiro foram adotadas não apenas por governos, mas também pelo G20 e outras organizações internacionais, como o Banco Mundial, associações empresariais, investidores e profissionais da contabilidade, com o objetivo de estabelecer normativos contabílisticos comuns, globais, e de elevada qualidade.
Segundo a Fundação IFRS, “mais de um terço de todas as transações financeiras são transfronteiriças” e antecipa que esse número cresça. Este ponto ilustra a importância atual das IFRS porque, no passado, “estas atividades entre fronteiras eram complexas porque os diversos países mantinham normativos de contabilidade próprios”. Consequentemente, o custo, complexidade e risco das transações transfronteiriças aumentavam.
Nas palavras da Comissão Europeia, “as IFRS tiveram êxito ao criarem uma linguagem de contabilidade comum para os mercados de capitais”. Os benefícios da utilização das IFRS são vários, desde logo a redução do custo de financiamento para as empresas, e ainda o incremento das possibilidades de investimento nourtas jurisdições que utilizem as normas internacional de relato financeiro. E, por exemplo, ao nível do relato financeiro interno, as empresas também têm colhido benefícios porque as IFRS lhes permite comparar diversos departamentos que atuam em diferentes jurisdições, “reduzindo o número de sistemas de reporte”.
Fonte: Jornal EconômicoCerca de 49 mil empresas no mundo utilizam as IFRS - António Vasconcelos Moreira
Em Portugal, por ser um Estado membro da União Europeia, as IFRS são aplicadas para as empresas cujas ações são transacionáveis no mercado regulado.
Em 2018, à exceção de dez jurísdições – Albânia, Belize, Bermudas, Ilhas Caimão, Egito, Macau, Paraguai, Suriname, Suiça e Vietnam – todas (146) comprometeram-se publicamente em apoiar um único conjunto de normativos globais de contabilidade.
De acordo com os dados da World Federation of Exchanges, a Fundação IFRS estima que as 166 jurisdições contabilizem 84 biliões de dólares e são 48.913 as empresas domésticas cotadas em bolsa nestas jurisdições que aplicam, ou permitem a aplicação, as IFRS.
Fundada em 1973 pelas organizações profissionais de contabilidade que formam o Comité da IAS – Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Holanda, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos – a Fundação tem, ao longo de 46 anos, promovido os três pilares de atuação que a caracterizam: transparência na comparação internacional entre os normativos contabilísticos e na qualidade da informação financeira; reforço da responsabilidade (accountability) através do aumento de canais de informação entre as empresas e investidores; e contribuição para a eficiência económica, auxiliando os investidores a identificarem riscos e oportunidades no mundo, melhorando a alocação de capital.
As normas internacionais de relato financeiro foram adotadas não apenas por governos, mas também pelo G20 e outras organizações internacionais, como o Banco Mundial, associações empresariais, investidores e profissionais da contabilidade, com o objetivo de estabelecer normativos contabílisticos comuns, globais, e de elevada qualidade.
Segundo a Fundação IFRS, “mais de um terço de todas as transações financeiras são transfronteiriças” e antecipa que esse número cresça. Este ponto ilustra a importância atual das IFRS porque, no passado, “estas atividades entre fronteiras eram complexas porque os diversos países mantinham normativos de contabilidade próprios”. Consequentemente, o custo, complexidade e risco das transações transfronteiriças aumentavam.
Nas palavras da Comissão Europeia, “as IFRS tiveram êxito ao criarem uma linguagem de contabilidade comum para os mercados de capitais”. Os benefícios da utilização das IFRS são vários, desde logo a redução do custo de financiamento para as empresas, e ainda o incremento das possibilidades de investimento nourtas jurisdições que utilizem as normas internacional de relato financeiro. E, por exemplo, ao nível do relato financeiro interno, as empresas também têm colhido benefícios porque as IFRS lhes permite comparar diversos departamentos que atuam em diferentes jurisdições, “reduzindo o número de sistemas de reporte”.
Fonte: Jornal EconômicoCerca de 49 mil empresas no mundo utilizam as IFRS - António Vasconcelos Moreira
22 outubro 2019
Como surgiu o radicalismo
Como surgiu o radicalismo
Algoritmos podem deixar pessoas encurraladas em um canto do espectro ideológico
Fernando Reinach*, O Estado de S.Paulo
12 de outubro de 2019
Stuart Russell é um dos principais cientistas da área de Inteligência Artificial (IA). Seu livro sobre o tema é usado na maior parte das universidades. Enquanto todos se preocupam com o risco de os sistemas de IA substituírem seres humanos, ele aponta um muito maior: perdermos o controle sobre esses sistemas. E discute um exemplo real, dos algoritmos de IA que estão causando polarização política.
Enquanto programas de computação clássicos são uma sequência de instruções que chegam a um resultado, sempre com o mesmo procedimento, sistemas modernos de IA são poderosos porque não seguem procedimentos rígidos. Você determina o objetivo e o computador descobre a melhor maneira de atingi-lo.
Imagine um robô programado de forma clássica. Você pede a ele que te traga uma cerveja. Ele estará programado para abrir a geladeira, pegar a cerveja e te trazer. Se não encontrar, vai provavelmente te avisar que não tem cerveja na geladeira. Um hipotético robô contendo sistema de IA sofisticado não está programado para ir à geladeira, mas para resolver o problema - no caso, te conseguir uma cerveja - de forma independente. Ele vai à geladeira e não encontra a cerveja. Então, descobre um local onde pode encontrá-la, o bar da esquina. De maneira independente, se dirige ao bar. Ele tomou a decisão usando o que descobriu sobre o funcionamento do mercado de cerveja.
Mas imagine que acontece algo inesperado: o cartão de crédito que levou é recusado. Há duas possibilidades. O sistema de IA é suficientemente sofisticado para entender que esse é um obstáculo intransponível e volta sem a cerveja ou, por não ter acesso a leis e códigos morais da sociedade, decide que a melhor solução é matar o dono do bar e levar a cerveja. Como nenhuma dessas ações estava previamente programada, o fabricante só vai descobrir a besteira quando a polícia bater à porta.
O exemplo parece estapafúrdio, mas Russell, em um debate em Londres no lançamento do seu livro, explicou o que aconteceu com sistemas de IA do Google (YouTube) e Facebook. É uma história real. Algoritmos de IA dessas empresas foram construídos para aumentar o número de vezes que o usuário clica em outro link após ler o anterior - as empresas ganham mais quanto maior o número de visualizações.
Os programadores imaginavam que o sistema de IA descobriria o que a pessoa gostava de ler e apresentaria mais exemplos desse assunto. Mas o que aconteceu na prática não foi o previsto. O sistema de IA descobriu que a melhor maneira de aumentar a probabilidade de você clicar no próximo filme (ou post) não é sugerir o que aparentemente você gosta, mas aos poucos modificar sua preferência de modo a focar sua preferência em um ou poucos assuntos. O sistema de IA chegou sozinho a essa descoberta e, à medida que ela funcionou, aumentando o número de cliques, o algoritmo passou a adotar e refinar essa estratégia.
No caso de assuntos de política, se uma pessoa é de centro, pode preferir clicar em algo mais à esquerda ou à direita de sua posição, o que diminuía a probabilidade de a pessoa clicar novamente. Mas, se o algoritmo aos poucos levá-la aos extremos (esquerda ou direita), ao longo do tempo ela acaba encurralada em um dos cantos do espectro ideológico e então a probabilidade de clicar em algo parecido aumenta.
Russell contou que esse efeito foi descoberto por seus alunos (são eles que trabalham nessas empresas), mas a armadilha já estava montada. Voltar atrás diminuiria o número de cliques. Marqueteiros políticos também descobriram isso e passaram a produzir conteúdos que auxiliavam o algoritmo a segregar as pessoas em extremos. Exemplos citados na palestra são Estados Unidos, Inglaterra e Brasil.
É uma história impressionante. Russell sugere que isso é o início da perda de controle sobre sistemas de IA. E está ocorrendo com sistemas relativamente simples. A preocupação é o que pode ocorrer quando se tornarem mais poderosos, superando a inteligência humana. Mas isso é só o começo do livro. A maior parte descreve formas de garantir que mesmo usando sistemas mais inteligentes não venhamos a perder o controle sobre as máquinas. Vale a pena ler.
MAIS INFORMAÇÕES: HUMAN COMPATIBLE. AI AND THE PROBLEM OF CONTROL. STUART RUSSELL ED. ALLEN LANE PRESS (2019)
Algoritmos podem deixar pessoas encurraladas em um canto do espectro ideológico
Fernando Reinach*, O Estado de S.Paulo
12 de outubro de 2019
Stuart Russell é um dos principais cientistas da área de Inteligência Artificial (IA). Seu livro sobre o tema é usado na maior parte das universidades. Enquanto todos se preocupam com o risco de os sistemas de IA substituírem seres humanos, ele aponta um muito maior: perdermos o controle sobre esses sistemas. E discute um exemplo real, dos algoritmos de IA que estão causando polarização política.
Enquanto programas de computação clássicos são uma sequência de instruções que chegam a um resultado, sempre com o mesmo procedimento, sistemas modernos de IA são poderosos porque não seguem procedimentos rígidos. Você determina o objetivo e o computador descobre a melhor maneira de atingi-lo.
Imagine um robô programado de forma clássica. Você pede a ele que te traga uma cerveja. Ele estará programado para abrir a geladeira, pegar a cerveja e te trazer. Se não encontrar, vai provavelmente te avisar que não tem cerveja na geladeira. Um hipotético robô contendo sistema de IA sofisticado não está programado para ir à geladeira, mas para resolver o problema - no caso, te conseguir uma cerveja - de forma independente. Ele vai à geladeira e não encontra a cerveja. Então, descobre um local onde pode encontrá-la, o bar da esquina. De maneira independente, se dirige ao bar. Ele tomou a decisão usando o que descobriu sobre o funcionamento do mercado de cerveja.
Mas imagine que acontece algo inesperado: o cartão de crédito que levou é recusado. Há duas possibilidades. O sistema de IA é suficientemente sofisticado para entender que esse é um obstáculo intransponível e volta sem a cerveja ou, por não ter acesso a leis e códigos morais da sociedade, decide que a melhor solução é matar o dono do bar e levar a cerveja. Como nenhuma dessas ações estava previamente programada, o fabricante só vai descobrir a besteira quando a polícia bater à porta.
O exemplo parece estapafúrdio, mas Russell, em um debate em Londres no lançamento do seu livro, explicou o que aconteceu com sistemas de IA do Google (YouTube) e Facebook. É uma história real. Algoritmos de IA dessas empresas foram construídos para aumentar o número de vezes que o usuário clica em outro link após ler o anterior - as empresas ganham mais quanto maior o número de visualizações.
Os programadores imaginavam que o sistema de IA descobriria o que a pessoa gostava de ler e apresentaria mais exemplos desse assunto. Mas o que aconteceu na prática não foi o previsto. O sistema de IA descobriu que a melhor maneira de aumentar a probabilidade de você clicar no próximo filme (ou post) não é sugerir o que aparentemente você gosta, mas aos poucos modificar sua preferência de modo a focar sua preferência em um ou poucos assuntos. O sistema de IA chegou sozinho a essa descoberta e, à medida que ela funcionou, aumentando o número de cliques, o algoritmo passou a adotar e refinar essa estratégia.
No caso de assuntos de política, se uma pessoa é de centro, pode preferir clicar em algo mais à esquerda ou à direita de sua posição, o que diminuía a probabilidade de a pessoa clicar novamente. Mas, se o algoritmo aos poucos levá-la aos extremos (esquerda ou direita), ao longo do tempo ela acaba encurralada em um dos cantos do espectro ideológico e então a probabilidade de clicar em algo parecido aumenta.
Russell contou que esse efeito foi descoberto por seus alunos (são eles que trabalham nessas empresas), mas a armadilha já estava montada. Voltar atrás diminuiria o número de cliques. Marqueteiros políticos também descobriram isso e passaram a produzir conteúdos que auxiliavam o algoritmo a segregar as pessoas em extremos. Exemplos citados na palestra são Estados Unidos, Inglaterra e Brasil.
É uma história impressionante. Russell sugere que isso é o início da perda de controle sobre sistemas de IA. E está ocorrendo com sistemas relativamente simples. A preocupação é o que pode ocorrer quando se tornarem mais poderosos, superando a inteligência humana. Mas isso é só o começo do livro. A maior parte descreve formas de garantir que mesmo usando sistemas mais inteligentes não venhamos a perder o controle sobre as máquinas. Vale a pena ler.
MAIS INFORMAÇÕES: HUMAN COMPATIBLE. AI AND THE PROBLEM OF CONTROL. STUART RUSSELL ED. ALLEN LANE PRESS (2019)
21 outubro 2019
Sogra deve pagar dívida de genro
Segundo notícia do Valor Econômico, o TJ-SP condenou uma sogra a pagar dívida do ex-marido da filha.
O aspecto importante da questão é que o TJ-SP reconheceu que a informação declarada no imposto de renda tem valor legal. O genro tinha incluído na declaração de imposto de renda que existia este empréstimo e que não estava quitado.
Como não foram apresentadas provas do pagamento, os desembargadores, sem encontrar outros bens do devedor [o genro], responsabilizaram a sogra diretamente pela dívida dele (...)
Na decisão, o magistrado considerou que a devedora reconheceu expressamente no outro processo de execução, a existência dos empréstimos e que, apesar de afirmar que já efetuou os pagamentos, não possui comprovantes.
O aspecto importante da questão é que o TJ-SP reconheceu que a informação declarada no imposto de renda tem valor legal. O genro tinha incluído na declaração de imposto de renda que existia este empréstimo e que não estava quitado.
Como não foram apresentadas provas do pagamento, os desembargadores, sem encontrar outros bens do devedor [o genro], responsabilizaram a sogra diretamente pela dívida dele (...)
Na decisão, o magistrado considerou que a devedora reconheceu expressamente no outro processo de execução, a existência dos empréstimos e que, apesar de afirmar que já efetuou os pagamentos, não possui comprovantes.
Mercado de trabalho em setembro
Este blog acompanha, mensalmente, os dados oficiais do governo sobre emprego formal. Interessa a posição dos profissionais em contabilidade. Para isto, consideramos os contadores e auditores, os escriturários e os técnicos em contabilidade. Mensalmente as empresas encaminham para o governo, anteriormente para o antigo Ministério do Trabalho e agora para o Ministério da Economia, a informação dos empregados, que inclui salário, gênero, idade, tempo de emprego etc
No final da semana passada foi disponibilizado o dado de setembro de 2019. Pela informação divulgada e considerando somente os profissionais contábeis, foram admitidos, no Brasil, 9.761 novos empregados. No mesmo período, foram demitidos 9.559. A diferença corresponde a criação ou destruição de vagas. Em setembro foram criadas 202 vagas, que corresponde a uma inversão dos quatro meses anteriores, onde ocorreram uma “destruição” de vagas.
O valor acumulado, de janeiro de 2014 a setembro de 2019, mostra que foram destruídas 43.727 vagas, segundo os dados do Caged. Como é praxe, o salário dos demitidos foi superior ao dos admitidos. Em setembro, o salário médio dos demitidos foi de R$2854,01 e dos admitidos foi de R$2420,74, uma diferença de 18%. Aqueles que foram demitidos tinham, em média, um tempo de emprego de 35,5 meses. Os admitidos tinha uma idade média de 30,89 anos, enquanto os demitidos apresentavam uma idade média de 32,98 anos.
Em setembro, as contratações premiaram os homens (saldo de +207, versus um saldo de -5 para as mulheres), os trabalhadores com ensino superior, completo ou incompleto. Entre aqueles que só possuíam o ensino médio, o saldo foi negativo em 296. De janeiro de 2014 até setembro de 2019 o saldo para aqueles com menor ensino formal foi de -21.595. Ou seja, o problema de emprego no setor parece ter atingido em especial aqueles com menor grau de instrução. Veja que neste longo período de tempo, aqueles com ensino superior tiveram um saldo positivo de 3.028.
Os valores de setembro só não foram melhores pois a economia teve um bom desempenho. E isto tem ocorrido nos períodos anteriores. O gráfico abaixo mostra a série histórica da economia e do setor contábil.
No final da semana passada foi disponibilizado o dado de setembro de 2019. Pela informação divulgada e considerando somente os profissionais contábeis, foram admitidos, no Brasil, 9.761 novos empregados. No mesmo período, foram demitidos 9.559. A diferença corresponde a criação ou destruição de vagas. Em setembro foram criadas 202 vagas, que corresponde a uma inversão dos quatro meses anteriores, onde ocorreram uma “destruição” de vagas.
O valor acumulado, de janeiro de 2014 a setembro de 2019, mostra que foram destruídas 43.727 vagas, segundo os dados do Caged. Como é praxe, o salário dos demitidos foi superior ao dos admitidos. Em setembro, o salário médio dos demitidos foi de R$2854,01 e dos admitidos foi de R$2420,74, uma diferença de 18%. Aqueles que foram demitidos tinham, em média, um tempo de emprego de 35,5 meses. Os admitidos tinha uma idade média de 30,89 anos, enquanto os demitidos apresentavam uma idade média de 32,98 anos.
Em setembro, as contratações premiaram os homens (saldo de +207, versus um saldo de -5 para as mulheres), os trabalhadores com ensino superior, completo ou incompleto. Entre aqueles que só possuíam o ensino médio, o saldo foi negativo em 296. De janeiro de 2014 até setembro de 2019 o saldo para aqueles com menor ensino formal foi de -21.595. Ou seja, o problema de emprego no setor parece ter atingido em especial aqueles com menor grau de instrução. Veja que neste longo período de tempo, aqueles com ensino superior tiveram um saldo positivo de 3.028.
Os valores de setembro só não foram melhores pois a economia teve um bom desempenho. E isto tem ocorrido nos períodos anteriores. O gráfico abaixo mostra a série histórica da economia e do setor contábil.
19 outubro 2019
Valor dos serviços grátis da internet
Eis um texto um pouco confuso em alguns termos, mas que apresenta alguns pontos interessantes:
Quando perguntam “qual o valor da internet?”, muitos pensam no custo de conexão e quanto pagam à operadora pelo acesso. O Federal Reserve, Banco Central americano, quer ir além: o que cada site custa [1] para você, especificamente?
A questão surge por conta da dicotomia na relação entre internet e a economia. Enquanto a conexão banda larga se expande de forma exponencial, o crescimento econômico no mesmo período se mantém tímido.
Segundo o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a questão está em como esse crescimento é contabilizado. O Produto Interno Bruto de um país é calculado pelo valor de serviços e produtos vendidos e comprados no lugar. Mas boa parte dos maiores produtos na internet, em especial redes sociais, são gratuitos e não dependem de uma transação cliente-provedor de um comércio normal [2].
Alguns estudos tentam quantificar o valor real do serviço de um site gratuito para seu consumidor. No MIT, Erik Brynjolfsson, Avinash Collis e Felix Jeggers estudaram o valor monetário de Facebook, YouTube e outros serviços.
Segundo a pesquisa, um usuário médio do Facebook precisaria de US$48 para abdicar do serviço por mês (US$ 576 por ano) [3]. O YouTube é mais valorizado, valendo US$1.173 por ano. Mas nada é mais valioso que ferramentas de pesquisa como o Google: US$17.530 a cada ano.
Na Europa, uma pesquisa menor foi conduzida. O WhatsApp, pouco usado nos Estados Unidos, foi destaque: 536 euros.
Redes sociais não fazem mal, desde que não substituam atividades mais saudáveis, diz estudo
“Ao longo do tempo, estamos gastando cada vez mais de nosso tempo interagindo na internet ou usando serviços nos nossos smartphones,” disse Brynjolfsson à CNBC. “Uma grande parcela de nossa economia está sendo ignorada pelo PIB.”
O estudo do cientista do MIT afirma que o PIB deveria ser medido pensando nos benefícios de um serviço e não necessariamente do valor de troca. “Queremos saber do benefício que você recebeu, e não o quanto você pagou,” disse Brynjolfsson.
Powell também citou um estudo publicado pela própria Federal Reserve. Usando velocidade de conexão e quantidade de dados transferidos, a pesquisa acredita que o PIB norte-americano seria 0,5% maior em relação à década passada se o valor das redes digitais [4] tivesse sido incluído.
“Boas decisões necessitam de bons dados,” Powell disse. “Mas os dados que temos não tão bons quanto gostaríamos.”
[1] Há uma confusão entre o custo, preço e valor. O termo mais adequado aqui seria valor.
[2] Esta frase é controversa. Quando o Facebook não cobra nada para que as pessoas usem a rede social, a empresa consegue obter receita de outra forma. Por exemplo, através da venda de informações. Assim, o valor está aparecendo em outra transação: a venda de informação do Facebook para um cliente.
[3] É uma forma criativa de medir valor. Há uma pesquisa anterior a esta, de Corrigan et al, "How much is social media worth? Estimating the value of Facebook by paying users to stop using it" que apareceu no PLOS One em julho de 2018.
[4] Aqui o termo é redes digitais, que não é a mesma coisa que redes sociais.
Quando perguntam “qual o valor da internet?”, muitos pensam no custo de conexão e quanto pagam à operadora pelo acesso. O Federal Reserve, Banco Central americano, quer ir além: o que cada site custa [1] para você, especificamente?
A questão surge por conta da dicotomia na relação entre internet e a economia. Enquanto a conexão banda larga se expande de forma exponencial, o crescimento econômico no mesmo período se mantém tímido.
Segundo o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a questão está em como esse crescimento é contabilizado. O Produto Interno Bruto de um país é calculado pelo valor de serviços e produtos vendidos e comprados no lugar. Mas boa parte dos maiores produtos na internet, em especial redes sociais, são gratuitos e não dependem de uma transação cliente-provedor de um comércio normal [2].
Alguns estudos tentam quantificar o valor real do serviço de um site gratuito para seu consumidor. No MIT, Erik Brynjolfsson, Avinash Collis e Felix Jeggers estudaram o valor monetário de Facebook, YouTube e outros serviços.
Segundo a pesquisa, um usuário médio do Facebook precisaria de US$48 para abdicar do serviço por mês (US$ 576 por ano) [3]. O YouTube é mais valorizado, valendo US$1.173 por ano. Mas nada é mais valioso que ferramentas de pesquisa como o Google: US$17.530 a cada ano.
Na Europa, uma pesquisa menor foi conduzida. O WhatsApp, pouco usado nos Estados Unidos, foi destaque: 536 euros.
Redes sociais não fazem mal, desde que não substituam atividades mais saudáveis, diz estudo
“Ao longo do tempo, estamos gastando cada vez mais de nosso tempo interagindo na internet ou usando serviços nos nossos smartphones,” disse Brynjolfsson à CNBC. “Uma grande parcela de nossa economia está sendo ignorada pelo PIB.”
O estudo do cientista do MIT afirma que o PIB deveria ser medido pensando nos benefícios de um serviço e não necessariamente do valor de troca. “Queremos saber do benefício que você recebeu, e não o quanto você pagou,” disse Brynjolfsson.
Powell também citou um estudo publicado pela própria Federal Reserve. Usando velocidade de conexão e quantidade de dados transferidos, a pesquisa acredita que o PIB norte-americano seria 0,5% maior em relação à década passada se o valor das redes digitais [4] tivesse sido incluído.
“Boas decisões necessitam de bons dados,” Powell disse. “Mas os dados que temos não tão bons quanto gostaríamos.”
[1] Há uma confusão entre o custo, preço e valor. O termo mais adequado aqui seria valor.
[2] Esta frase é controversa. Quando o Facebook não cobra nada para que as pessoas usem a rede social, a empresa consegue obter receita de outra forma. Por exemplo, através da venda de informações. Assim, o valor está aparecendo em outra transação: a venda de informação do Facebook para um cliente.
[3] É uma forma criativa de medir valor. Há uma pesquisa anterior a esta, de Corrigan et al, "How much is social media worth? Estimating the value of Facebook by paying users to stop using it" que apareceu no PLOS One em julho de 2018.
[4] Aqui o termo é redes digitais, que não é a mesma coisa que redes sociais.
16 outubro 2019
15 outubro 2019
Dois conselhos
Meu irmão mais velho, Colas - que é professor de filosofia na França e, apesar disso, uma das pessoas mais práticas que já conheci (pelo menos na academia) - me deu dois conselhos quando perguntei como começar a carreira como acadêmico.
A primeira foi "escreva uma página todos os dias". Foi assim que ele escreveu sua dissertação. Ele marcava os dias de folga de um calendário com uma cruz, de modo que escrever duas páginas em um determinado dia lhe daria uma trégua no dia seguinte. Mas o sistema significava que ele escreveria em média 365 páginas em um ano e, portanto, uma dissertação em duas. (As dissertações de filosofia francesa são longas!) É claro que o princípio precisa de algum ajuste quando aplicado à economia, uma vez que a escrita em si não é tão importante quanto o trabalho analítico que a precede. Mas o princípio subjacente é essencial: progresso lento e constante. Escrever uma página por dia deixa tempo de sobra para preparação, pesquisa primária ou reflexão sobre o plano geral do livro. Fornece uma estrutura para reforçar o progresso contínuo. Não se cria uma agenda de pesquisa esperando infinitamente até que a Grande Idéia chegue, mas começando a trabalhar em um tópico, aprendendo mais sobre o tópico (e os vizinhos no processo) e conectando progressivamente os pontos.
A segunda coisa que Colas disse foi: “Escreva o livro (ou o artigo) que você gostaria de ler, mas não conseguiu encontrar.” Isso pode parecer bastante óbvio, mas sempre me surpreendo com o fato de muitos jovens pesquisadores fazerem isso. parecem não saber por que estão pesquisando um tópico específico ou, quando sabem, parecem tê-lo escolhido pelo motivo errado. Eles simplesmente encontraram um conjunto de dados e, em seguida, procuraram por uma pergunta; eles queriam experimentar alguma técnica específica e isso parecia ser um cenário apropriado para isso; ou descartaram todas as perguntas que pensavam em responder porque pareciam muito "pequenas". Em geral, essa é uma receita para, na melhor das hipóteses, uma vida muito chata e, na pior, um desastre. Você logo descobrirá (se ainda não o fez) que trabalhar em sua pesquisa é a recompensa por todas as outras coisas que você deve fazer na vida (...) E o que é melhor do que ler um bom artigo ao mesmo tempo em que está trabalhando nele?
Esther Duflo, 2011
A primeira foi "escreva uma página todos os dias". Foi assim que ele escreveu sua dissertação. Ele marcava os dias de folga de um calendário com uma cruz, de modo que escrever duas páginas em um determinado dia lhe daria uma trégua no dia seguinte. Mas o sistema significava que ele escreveria em média 365 páginas em um ano e, portanto, uma dissertação em duas. (As dissertações de filosofia francesa são longas!) É claro que o princípio precisa de algum ajuste quando aplicado à economia, uma vez que a escrita em si não é tão importante quanto o trabalho analítico que a precede. Mas o princípio subjacente é essencial: progresso lento e constante. Escrever uma página por dia deixa tempo de sobra para preparação, pesquisa primária ou reflexão sobre o plano geral do livro. Fornece uma estrutura para reforçar o progresso contínuo. Não se cria uma agenda de pesquisa esperando infinitamente até que a Grande Idéia chegue, mas começando a trabalhar em um tópico, aprendendo mais sobre o tópico (e os vizinhos no processo) e conectando progressivamente os pontos.
A segunda coisa que Colas disse foi: “Escreva o livro (ou o artigo) que você gostaria de ler, mas não conseguiu encontrar.” Isso pode parecer bastante óbvio, mas sempre me surpreendo com o fato de muitos jovens pesquisadores fazerem isso. parecem não saber por que estão pesquisando um tópico específico ou, quando sabem, parecem tê-lo escolhido pelo motivo errado. Eles simplesmente encontraram um conjunto de dados e, em seguida, procuraram por uma pergunta; eles queriam experimentar alguma técnica específica e isso parecia ser um cenário apropriado para isso; ou descartaram todas as perguntas que pensavam em responder porque pareciam muito "pequenas". Em geral, essa é uma receita para, na melhor das hipóteses, uma vida muito chata e, na pior, um desastre. Você logo descobrirá (se ainda não o fez) que trabalhar em sua pesquisa é a recompensa por todas as outras coisas que você deve fazer na vida (...) E o que é melhor do que ler um bom artigo ao mesmo tempo em que está trabalhando nele?
Esther Duflo, 2011
Nobel de Economia e a Índia
Três pesquisadores que estudam experimentos para ajudar a combater a pobreza foram contemplados com o Nobel de Economia. Um texto bastante interessante da Quartz mostra a reação da Índia à premiação.
Em primeiro lugar, confesso que não sabia que Banerjee, um dos premiados, era esposo de Duflo, a economista que também recebeu o prêmio, junto com Michael Kremer. (Confesso, na minha ignorância, que já tinha escutado falar de Duflo e sabia que era uma pesquisadora brilhante)
A imprensa indiana destacou que Banerjee, e sua esposa, tinham ganho o Nobel
O ponto fica mais complicado nestes tempos de radicalismo quando sabemos que Banerjee é oposição. No passado, ele criticou a política econômica do atual governo, inclusive a decisão de retirar de circulação as notas de elevado valor. Esta medida foi tomada pelo governo para "combater a corrupção". Mas Banerjee criticava a mudança, assim como uma mudança na metodologia de cálculo do PIB, vista como manipulação por ele e outros opositores.
Como o governo e apoiadores reagiram? Veja
Desmerecendo o prêmio, dizendo não ser um Nobel. Que país estranho. Ainda bem que o Brasil não é assim.
Em primeiro lugar, confesso que não sabia que Banerjee, um dos premiados, era esposo de Duflo, a economista que também recebeu o prêmio, junto com Michael Kremer. (Confesso, na minha ignorância, que já tinha escutado falar de Duflo e sabia que era uma pesquisadora brilhante)
A imprensa indiana destacou que Banerjee, e sua esposa, tinham ganho o Nobel
O ponto fica mais complicado nestes tempos de radicalismo quando sabemos que Banerjee é oposição. No passado, ele criticou a política econômica do atual governo, inclusive a decisão de retirar de circulação as notas de elevado valor. Esta medida foi tomada pelo governo para "combater a corrupção". Mas Banerjee criticava a mudança, assim como uma mudança na metodologia de cálculo do PIB, vista como manipulação por ele e outros opositores.
Como o governo e apoiadores reagiram? Veja
Desmerecendo o prêmio, dizendo não ser um Nobel. Que país estranho. Ainda bem que o Brasil não é assim.
Pergunta da pesquisa: sim ou não
Já escutei isto muito: você não pode fazer um trabalho onde o problema de pesquisa é uma resposta do tipo "sim" ou "não". Um artigo do Journal of Financial Economics, o segundo melhor periódico de finanças, tem no título uma pergunta. O resumo começa com "Sim".
(Via aqui)
(Via aqui)
14 outubro 2019
KPMG e PCOB
Mais uma pessoa foi condenado no escândalo PCAOB e KPMG. Jeffrey Wada, um funcionário o regulador das empresas de auditorias, PCAOB, pegou noves meses de prisão e outros três anos de liberdade vigiada. Wada entregou para KPMG os planos que o regulador tinha na supervisão da empresa de auditoria. Ele fez isto esperando obter um emprego na empresa de auditoria. E disse que estava com raiva, pois não recebeu uma promoção interna na entidade.
Outros dois funcionários do PCAOB e da KPMG já foram condenados: Cynthia Holder (ex-PCAOB e depois KPMG), que recebeu oito meses de prisão, Middendorf (ex-KPMG), que recebeu um ano e um dia. Aguardam sentença David Britt (ex-KPMG), Thomas Whittle (idem) e Brian Sweet (idem).
Outros dois funcionários do PCAOB e da KPMG já foram condenados: Cynthia Holder (ex-PCAOB e depois KPMG), que recebeu oito meses de prisão, Middendorf (ex-KPMG), que recebeu um ano e um dia. Aguardam sentença David Britt (ex-KPMG), Thomas Whittle (idem) e Brian Sweet (idem).
Custo da Formatação de um artigo
Uma das piores partes de uma pesquisa é fazer a formatação do trabalho final. É preciso observar o espaço entre linhas, a letra solicitada, o tamanho da margem, sem falar na norma de citação e outras observações. Leva-se muito tempo nesta estimativa. Cada periódico tem sua regra, assim como cada congresso, programa de pós, etc. Além disto, algumas entidades insistem em mudar regularmente as normas ou criar novas normas para situações específicas.
Uma pesquisa realizada por cientistas canadenses encontrou o tempo que se gasta para fazer este trabalho. Usando mais de 300 respondentes, o pesquisadores descobriram o tempo por artigo submetido e a quantidade de artigos. Além disto, solicitaram o valor da renda anual. Considerando uma carga de trabalho anual de 1950 horas, a pesquisa obteve que o custo anual de formatação de artigos é de ...1.908 dólares. Por artigo, o custo seria perto de 500 dólares ou 477 dólares.
Eles também encontraram que este custo é maior para os mais idosos, para os homens e os não cientistas.
Assim, quando você estiver em uma posição de editoria de um periódico ou de um congresso, procure ser mais flexível neste aspecto.
Scientific sinkhole: The pernicious price of formatting. Allana G. LeBlanc, Joel D. Barnes, Travis J. Saunders, Mark S. Tremblay, Jean-Philippe Chaput. PLOS One September 26, 2019)
Uma pesquisa realizada por cientistas canadenses encontrou o tempo que se gasta para fazer este trabalho. Usando mais de 300 respondentes, o pesquisadores descobriram o tempo por artigo submetido e a quantidade de artigos. Além disto, solicitaram o valor da renda anual. Considerando uma carga de trabalho anual de 1950 horas, a pesquisa obteve que o custo anual de formatação de artigos é de ...1.908 dólares. Por artigo, o custo seria perto de 500 dólares ou 477 dólares.
Eles também encontraram que este custo é maior para os mais idosos, para os homens e os não cientistas.
Assim, quando você estiver em uma posição de editoria de um periódico ou de um congresso, procure ser mais flexível neste aspecto.
Scientific sinkhole: The pernicious price of formatting. Allana G. LeBlanc, Joel D. Barnes, Travis J. Saunders, Mark S. Tremblay, Jean-Philippe Chaput. PLOS One September 26, 2019)
13 outubro 2019
Nobel de Economia: quem merece ?
[...]
No. 1. The New Keynesians
Not since 2011 has a prize been awarded to economists who primarily study the ups and downs of the business cycle, so we might be overdue. The obvious choice would be to award the prize for the creation of New Keynesian theory. This theory holds that recessions happen because businesses have difficulty adjusting their prices in response to economic disturbances.
Although it’s the dominant paradigm within modern academic macroeconomics, and is used by most central banks to help set monetary policy, New Keynesianism hasn’t yet received a gold medal from Sweden. One reason might be that the theory isn’t the brainchild of a single genius, but of a large group of influential figures who each added key elements. These include Michael Woodford, Stanley Fischer, Greg Mankiw, Nobuhiro Kiyotaki, Olivier Blanchard, Guillermo Calvo, Janet Yellen, David Romer and a number of others. Picking two or three to award the prize to will be hard, but it seems inevitable that the prize committee will eventually have to recognize this incredibly influential theory.
No. 2. Claudia Goldin
Before French economist Thomas Piketty ever hit the bestseller lists, Harvard University’s Claudia Goldin was writing about the rise in economic inequality. Combining the methods of labor economics and economic history, Goldin identifies increasing education as a key driver of the fall in U.S. inequality in the early 20th century, and blames a slowdown in educational attainment for the reversal of that happy trend.
Goldin has also extensively studied the changing role of women in the economy, weaving together trends like delayed childbearing, increasing education and forward-looking decision-making to create the authoritative story of how and why women entered the formal workforce. She has advocated for flexible work scheduling as a way to reduce the gender pay gap. And she has theorized that workplace gender discrimination results from men being afraid that the occupations they dominate will be devalued if women enter. In an age when society is struggling to eliminate gender inequality, Goldin’s work provides a crucial road map.
No. 3. David Card
Great changes have happened in the economics profession during the past three decades. The field has gone from a largely theoretical discipline to one firmly grounded in empirics and data. Although the transition is the work of many thousands of economists, perhaps no one has pointed the way forward as clearly as the University of California-Berkeley’s David Card. His landmark studies of low-skilled immigration and minimum wages changed the debate on those crucial issues, astonishing economists with the finding -- now corroborated by decades of follow-up research -- that neither is particularly damaging to local workers. Those results changed the world, but they represent only a small portion of Card’s extensive body of work. If anyone deserves to win a Nobel for the seismic shift that has changed the very meaning of economics research, it’s probably Card.
No. 4. Paul Milgrom
The economics Nobel tends to favor the work of pure theorists who work on the deepest problems. And few thinkers dig deeper than Stanford University’s Paul Milgrom. He was a major figure in the creation of auction theory -- probably the most empirically successful and practically useful economic theory of all time, which is now used to power everything from Google ads to federal spectrum auctions. He has also contributed deep insights to our understanding of financial markets, modeling the way that market makers interact with informed and uninformed traders, and helping to explain why trading happens in the first place. This is only the tip of the iceberg, though. Milgrom’s contributions in game theory, contract theory, labor economics, industrial organization, the economics of information and learning, and other fields are too numerous to mention or elaborate here. If he never wins the Nobel for this virtuosic career, it will be a big surprise.
No. 5. Daron Acemoglu
Daron Acemoglu is another virtuoso, but of a very different sort. Acemoglu tackles the big questions of why nations grow and develop or stagnate and decline -- the kinds of questions that rarely if ever get definitive answers. His most important thesis is that social institutions are crucial for development and don’t change much over time -- places that develop institutions based on exploiting labor and extracting resources tend to do badly over the centuries, while those that create more inclusive systems flourish. More recently, Acemoglu has tackled the question of whether automation will make humans obsolete. He has created new models of automation in which it’s possible for robots to reduce human wages, and theorized that different types of artificial intelligence could help human workers or compete with them. Beyond those topics, Acemoglu has a vast body of work, much of it dealing with difficult and expansive topics like politics, history, culture and technological change.
No. 1. The New Keynesians
Not since 2011 has a prize been awarded to economists who primarily study the ups and downs of the business cycle, so we might be overdue. The obvious choice would be to award the prize for the creation of New Keynesian theory. This theory holds that recessions happen because businesses have difficulty adjusting their prices in response to economic disturbances.
Although it’s the dominant paradigm within modern academic macroeconomics, and is used by most central banks to help set monetary policy, New Keynesianism hasn’t yet received a gold medal from Sweden. One reason might be that the theory isn’t the brainchild of a single genius, but of a large group of influential figures who each added key elements. These include Michael Woodford, Stanley Fischer, Greg Mankiw, Nobuhiro Kiyotaki, Olivier Blanchard, Guillermo Calvo, Janet Yellen, David Romer and a number of others. Picking two or three to award the prize to will be hard, but it seems inevitable that the prize committee will eventually have to recognize this incredibly influential theory.
No. 2. Claudia Goldin
Before French economist Thomas Piketty ever hit the bestseller lists, Harvard University’s Claudia Goldin was writing about the rise in economic inequality. Combining the methods of labor economics and economic history, Goldin identifies increasing education as a key driver of the fall in U.S. inequality in the early 20th century, and blames a slowdown in educational attainment for the reversal of that happy trend.
Goldin has also extensively studied the changing role of women in the economy, weaving together trends like delayed childbearing, increasing education and forward-looking decision-making to create the authoritative story of how and why women entered the formal workforce. She has advocated for flexible work scheduling as a way to reduce the gender pay gap. And she has theorized that workplace gender discrimination results from men being afraid that the occupations they dominate will be devalued if women enter. In an age when society is struggling to eliminate gender inequality, Goldin’s work provides a crucial road map.
No. 3. David Card
Great changes have happened in the economics profession during the past three decades. The field has gone from a largely theoretical discipline to one firmly grounded in empirics and data. Although the transition is the work of many thousands of economists, perhaps no one has pointed the way forward as clearly as the University of California-Berkeley’s David Card. His landmark studies of low-skilled immigration and minimum wages changed the debate on those crucial issues, astonishing economists with the finding -- now corroborated by decades of follow-up research -- that neither is particularly damaging to local workers. Those results changed the world, but they represent only a small portion of Card’s extensive body of work. If anyone deserves to win a Nobel for the seismic shift that has changed the very meaning of economics research, it’s probably Card.
No. 4. Paul Milgrom
The economics Nobel tends to favor the work of pure theorists who work on the deepest problems. And few thinkers dig deeper than Stanford University’s Paul Milgrom. He was a major figure in the creation of auction theory -- probably the most empirically successful and practically useful economic theory of all time, which is now used to power everything from Google ads to federal spectrum auctions. He has also contributed deep insights to our understanding of financial markets, modeling the way that market makers interact with informed and uninformed traders, and helping to explain why trading happens in the first place. This is only the tip of the iceberg, though. Milgrom’s contributions in game theory, contract theory, labor economics, industrial organization, the economics of information and learning, and other fields are too numerous to mention or elaborate here. If he never wins the Nobel for this virtuosic career, it will be a big surprise.
No. 5. Daron Acemoglu
Daron Acemoglu is another virtuoso, but of a very different sort. Acemoglu tackles the big questions of why nations grow and develop or stagnate and decline -- the kinds of questions that rarely if ever get definitive answers. His most important thesis is that social institutions are crucial for development and don’t change much over time -- places that develop institutions based on exploiting labor and extracting resources tend to do badly over the centuries, while those that create more inclusive systems flourish. More recently, Acemoglu has tackled the question of whether automation will make humans obsolete. He has created new models of automation in which it’s possible for robots to reduce human wages, and theorized that different types of artificial intelligence could help human workers or compete with them. Beyond those topics, Acemoglu has a vast body of work, much of it dealing with difficult and expansive topics like politics, history, culture and technological change.
Fonte: aqui
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12 outubro 2019
Papel do orientador
Sobre o Nobel de Economia, é interessante que vários laureados tiveram seus pupilos também premiados. Eis uma relação:
Jan Tinbergen was an adviser of Koopmans.
Paul Samuelson was an adviser for Klein and Merton.
Kenneth Arrow advised the research of Harsanyi, Spence, Maskin, and Myerson.
Wassily Leontief advised Samuelson, Schelling, Solow, and Smith.
Richard Stone supervised the research of both Mirrlees and Deaton.
Franco Modigliani was Shiller’s adviser.
James Tobin advised Phelps.
Merton Miller advised Eugene Fama’s dissertation, and Fama advised Scholes’s.
Robert Solow supervised the work of Diamond, Akerlof, Stiglitz, and Nordhaus.
Thomas Schelling was Spence’s adviser.
Edward Prescott advised Kydland, with whom he shared the 2004 Nobel Prize.
Eric Maskin advised Tirole.
Christopher Sims advised Hansen.
Simon Kuznets supervised both Friedman and Fogel.
Jan Tinbergen was an adviser of Koopmans.
Paul Samuelson was an adviser for Klein and Merton.
Kenneth Arrow advised the research of Harsanyi, Spence, Maskin, and Myerson.
Wassily Leontief advised Samuelson, Schelling, Solow, and Smith.
Richard Stone supervised the research of both Mirrlees and Deaton.
Franco Modigliani was Shiller’s adviser.
James Tobin advised Phelps.
Merton Miller advised Eugene Fama’s dissertation, and Fama advised Scholes’s.
Robert Solow supervised the work of Diamond, Akerlof, Stiglitz, and Nordhaus.
Thomas Schelling was Spence’s adviser.
Edward Prescott advised Kydland, with whom he shared the 2004 Nobel Prize.
Eric Maskin advised Tirole.
Christopher Sims advised Hansen.
Simon Kuznets supervised both Friedman and Fogel.
Quem não ganhou o Nobel de Economia (mas deveria)
Eis uma lista originária daqui
Frank Knight (1972). One of the founders of the “Chicago School of Economics,” he is best known for his 1921 book, Risk, Uncertainty and Profit.
Alvin Hansen (1975). Macroeconomist and public policy adviser, often referred to as “the American Keynes,” he is most noted for development (with Hicks) of the “investment-savings” and “liquidity preference-money supply” (IS-LM) macroeconomics model.
Oskar Morgenstern (1977). Princeton economist, coauthor of Theory of Games and Economic Behavior (1944, with John von Neumann).
Joan Robinson (1983). Cambridge economist known for her work on monopolistic competition (The Economics of Imperfect Competition, 1933) and coining the term monopsony.
Piero Sraffa (1983). Italian economist and considered the neo-Ricardian school founder owing to his Production of Commodities by Means of Commodities (1960).
Fischer Black (1995), part creator of the Black–Scholes equation on options pricing, surely would have shared the 1997 Nobel with Scholes and Merton for devising a model for the dynamics of a financial market containing derivative investment instruments.
Amos Tversky (1996). A cognitive psychologist, who undoubtedly would have shared the 2002 Nobel Prize with his friend and frequent collaborator Daniel Kahneman (and Vernon Smith).
Zvi Griliches (1999). A student of Schultz and Arnold Harberger at Chicago, he is best known for work on technological change (the diffusion of hybrid corn in particular) and econometrics.
Sherwin Rosen (2001). Labor economist with far-ranging contributions in microeconomics, he is perhaps best known for his 1981 American Economic Review article “The Economics of Superstars,” and his 1974 Journal of Political Economy article outlining how the market solves the problem of matching buyers and sellers of multidimensional goods.
John Muth (2005). Doctoral advisee of Herbert Simon, he is considered—mainly formulated on the microeconomics side—as the originator of “rational expectations” theory.
John Kenneth Galbraith (2006), long-time Harvard economist, was a prolific writer (The Affluent Society (1958), The New Industrial State (1967)), public intellectual, and liberal political activist.
Anna Schwartz (2012). A National Bureau of Economic Research monetary and banking scholar, she was a coauthor with Milton Friedman of A Monetary History of the United States, 1867-1960 (1963).
Martin Shubik (2018). A doctoral advisee of Morgenstern and collaborator with Nash, at Princeton, he was a long-time Yale professor of mathematical economics and outstanding game theorist.
To this list, one could certainly add more of their contemporaries, for example (in alphabetical order), Anthony Atkinson (2017), William Baumol (2017), Harold Demsetz (2019), Evsey Domar (1997), Rudiger Dornbusch (2002), Henry Roy Forbes Harrod (1978), Harold Hotelling (1973), Nicholas Kaldor (1986), Jacob Mincer (2006), Hyman Minsky (1996), and Ludwig von Mises (1973), among many others.
Frank Knight (1972). One of the founders of the “Chicago School of Economics,” he is best known for his 1921 book, Risk, Uncertainty and Profit.
Alvin Hansen (1975). Macroeconomist and public policy adviser, often referred to as “the American Keynes,” he is most noted for development (with Hicks) of the “investment-savings” and “liquidity preference-money supply” (IS-LM) macroeconomics model.
Oskar Morgenstern (1977). Princeton economist, coauthor of Theory of Games and Economic Behavior (1944, with John von Neumann).
Joan Robinson (1983). Cambridge economist known for her work on monopolistic competition (The Economics of Imperfect Competition, 1933) and coining the term monopsony.
Piero Sraffa (1983). Italian economist and considered the neo-Ricardian school founder owing to his Production of Commodities by Means of Commodities (1960).
Fischer Black (1995), part creator of the Black–Scholes equation on options pricing, surely would have shared the 1997 Nobel with Scholes and Merton for devising a model for the dynamics of a financial market containing derivative investment instruments.
Amos Tversky (1996). A cognitive psychologist, who undoubtedly would have shared the 2002 Nobel Prize with his friend and frequent collaborator Daniel Kahneman (and Vernon Smith).
Zvi Griliches (1999). A student of Schultz and Arnold Harberger at Chicago, he is best known for work on technological change (the diffusion of hybrid corn in particular) and econometrics.
Sherwin Rosen (2001). Labor economist with far-ranging contributions in microeconomics, he is perhaps best known for his 1981 American Economic Review article “The Economics of Superstars,” and his 1974 Journal of Political Economy article outlining how the market solves the problem of matching buyers and sellers of multidimensional goods.
John Muth (2005). Doctoral advisee of Herbert Simon, he is considered—mainly formulated on the microeconomics side—as the originator of “rational expectations” theory.
John Kenneth Galbraith (2006), long-time Harvard economist, was a prolific writer (The Affluent Society (1958), The New Industrial State (1967)), public intellectual, and liberal political activist.
Anna Schwartz (2012). A National Bureau of Economic Research monetary and banking scholar, she was a coauthor with Milton Friedman of A Monetary History of the United States, 1867-1960 (1963).
Martin Shubik (2018). A doctoral advisee of Morgenstern and collaborator with Nash, at Princeton, he was a long-time Yale professor of mathematical economics and outstanding game theorist.
To this list, one could certainly add more of their contemporaries, for example (in alphabetical order), Anthony Atkinson (2017), William Baumol (2017), Harold Demsetz (2019), Evsey Domar (1997), Rudiger Dornbusch (2002), Henry Roy Forbes Harrod (1978), Harold Hotelling (1973), Nicholas Kaldor (1986), Jacob Mincer (2006), Hyman Minsky (1996), and Ludwig von Mises (1973), among many others.
09 outubro 2019
Monstro
Um livro de duas jornalistas, ganhadoras do Pulitzer, conta um pouco da história de Weinstein. Para que não lembra, Weinstein era um produto de cinema nos Estados Unidos, responsável por muitos filmes de sucesso e que conseguiu prêmios, como o Oscar de melhor atriz para G Paltrow, através de muita campanha publicitária (muitas vezes nem sempre "razoáveis").
Weinstein foi denunciado por assédio há meses. A pergunta que o livro She Said, de Kantor e Twohey, faz é: qual a razão de ter durado tanto tempo as maldades dele?
Um texto do The Conversation fornece uma possível resposta: a moralidade dos advogados.
O único advogado poupado do julgamento é o advogado interno do The New York Times, David McCraw .
Ele responde a uma ofensiva carta de Weinstein com a certeza de que "qualquer artigo que fizermos cumprirá nossos padrões habituais de precisão e justiça". O artigo de Kantor e Twohey é publicado no dia seguinte.
O livro levanta questões importantes sobre até que ponto a profissão de advogado foi cúmplice em ocultar uma conduta como a de Weinstein ao longo dos anos. Enquanto os advogados do livro são caricaturas, seus colegas mais banais - advogados como eu, que costumavam inserir disposições de confidencialidade em acordos de acordos - não são menos cúmplices.
Diferentemente da ética jornalística, que é rica em tradição e revigorada quando aplicada, as regras éticas legais são codificadas na lei estadual . Como resultado, os advogados não precisam concordar ou mesmo examinar o componente moral do que fazem. (...)
No final, não foram os advogados, que deveriam preservar a justiça, que conseguiram deter Weinstein, mas sim os jornalistas.
Weinstein foi denunciado por assédio há meses. A pergunta que o livro She Said, de Kantor e Twohey, faz é: qual a razão de ter durado tanto tempo as maldades dele?
Um texto do The Conversation fornece uma possível resposta: a moralidade dos advogados.
O único advogado poupado do julgamento é o advogado interno do The New York Times, David McCraw .
Ele responde a uma ofensiva carta de Weinstein com a certeza de que "qualquer artigo que fizermos cumprirá nossos padrões habituais de precisão e justiça". O artigo de Kantor e Twohey é publicado no dia seguinte.
O livro levanta questões importantes sobre até que ponto a profissão de advogado foi cúmplice em ocultar uma conduta como a de Weinstein ao longo dos anos. Enquanto os advogados do livro são caricaturas, seus colegas mais banais - advogados como eu, que costumavam inserir disposições de confidencialidade em acordos de acordos - não são menos cúmplices.
Diferentemente da ética jornalística, que é rica em tradição e revigorada quando aplicada, as regras éticas legais são codificadas na lei estadual . Como resultado, os advogados não precisam concordar ou mesmo examinar o componente moral do que fazem. (...)
No final, não foram os advogados, que deveriam preservar a justiça, que conseguiram deter Weinstein, mas sim os jornalistas.
08 outubro 2019
18kRonaldinho suspeita de pirâmide financeira
O Ministério Público Federal (MPF) analisa duas representações contra a 18kRonaldinho, uma empresa que, segundo o UOL Esporte, possui indícios de aplicar um golpe conhecido como pirâmide financeira.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade que fiscaliza o mercado de investimentos, abriu um processo após receber denúncia contra o negócio. A empresa promete rendimento de até 2% ao dia em bitcoins a clientes que investirem a partir de 30 dólares, além de bônus para indicações.
Pirâmide financeira é uma prática ilegal e considerada crime contra a economia popular. Procurado pelo UOL, o advogado de Ronaldinho disse que o ex-jogador rompeu com a empresa há duas semanas. A 18kRonaldinho declarou que faz marketing multinível e que operações com bitcoins são feitas com capital próprio.
Fonte: Aqui
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade que fiscaliza o mercado de investimentos, abriu um processo após receber denúncia contra o negócio. A empresa promete rendimento de até 2% ao dia em bitcoins a clientes que investirem a partir de 30 dólares, além de bônus para indicações.
Pirâmide financeira é uma prática ilegal e considerada crime contra a economia popular. Procurado pelo UOL, o advogado de Ronaldinho disse que o ex-jogador rompeu com a empresa há duas semanas. A 18kRonaldinho declarou que faz marketing multinível e que operações com bitcoins são feitas com capital próprio.
Fonte: Aqui
07 outubro 2019
Redes Sociais
No site do Our World in Data alguns gráficos interessantes sobre as redes sociais:
Para iniciar, o número de pessoas que estão usando as redes é impressionante. Só o Facebook são 2,26 bilhões, um pouco acima do You Tube (1,9 bi).
Para iniciar, o número de pessoas que estão usando as redes é impressionante. Só o Facebook são 2,26 bilhões, um pouco acima do You Tube (1,9 bi).
Este uso varia conforme a idade. Snapchat e Instagram são redes dos jovens. Face e Youtube da turma mais vivida.
O Pin é mais feminino, assim como o Instagram. Reddit é mais masculino.
O uso de rede social varia conforme o pais. Nos países ricos, quase 100% usam.
O número de horas diárias em celulares tem aumentado. Nos Estados Unidos, as pessoas passam, em média, mais de seis horas em mídia digital.
Na Holanda os jovens gastavam seis horas por dia na internet.
Enquanto o rádio levou anos para ser 100% adotado nas casas dos EUA, o celular já atingiu este percentual em menos de 30 anos. E a rede social em menos de 20 anos. O leitor de livros parece ter estabilizado na faixa de 30%.
Este é o gráfico de crescimento das redes sociais: Facebook, que nasceu em 2008, é a maior rede.
06 outubro 2019
A/B Testing em Starups
Recent work argues that experimentation is the appropriate framework for entrepreneurial strategy. We investigate this proposition by exploiting the time-varying adoption of A/B testing technology, which has drastically reduced the cost of experimentally testing business ideas. This paper provides the first evidence of how digital experimentation affects the performance of a large sample of high-technology startups using data that tracks their growth, technology use, and product launches. We find that, despite its prominence in the business press, relatively few firms have adopted A/B testing. However, among those that do, we find increased performance on several critical dimensions, including page views and new product features. Furthermore, A/B testing is positively related to tail outcomes, with younger ventures failing faster and older firms being more likely to scale. Firms with experienced managers also derive more benefits from A/B testing. Our results inform the emerging literature on entrepreneurial strategy and how digitization and data-driven decision-making are shaping strategy. (Experimentation and Startup Performance: Evidence from A/B testing
Rembrand Koning, Sharique Hasan, and Aaron Chatterji, NBER 26278, set 2019)
O A/B testing tem sido muito usado no mundo atual. Funciona da seguinte maneira: é feita uma mudança em um produto ou serviço. Suponha uma loja na internet. A empresa altera as cores do site. Para metade dos clientes é dado o acesso a esta nova versão; para os demais, a situação atual. Passado alguns dias, compara-se o desempenho do site, nova versão versus anterior. Se ocorreu um ganho nas compras médias ou no tempo de permanência ou na seleção de produtos mais rentáveis, a alteração é implantada. O teste supõe que a empresa deva ter novas ideias para serem testadas.
Os autores tomaram uma base de 35 mil starups de todo o mundo. Foram usadas as bases Chunchbase Pro, Builtwith e SimilarWeb. Os autores concluíram que poucas starups usam o teste. E aquelas que usam terminam por ter vantagens de crescimento.
Um aspecto importante, destacado pelos autores: há uma diferença entre experimentação e A/B testing. A experimentação inclui ter alternativas, testar e selecionar a mais adequada. A queda no custo do teste é um motivador, mas a experimentação só existe com ideias.
Rembrand Koning, Sharique Hasan, and Aaron Chatterji, NBER 26278, set 2019)
O A/B testing tem sido muito usado no mundo atual. Funciona da seguinte maneira: é feita uma mudança em um produto ou serviço. Suponha uma loja na internet. A empresa altera as cores do site. Para metade dos clientes é dado o acesso a esta nova versão; para os demais, a situação atual. Passado alguns dias, compara-se o desempenho do site, nova versão versus anterior. Se ocorreu um ganho nas compras médias ou no tempo de permanência ou na seleção de produtos mais rentáveis, a alteração é implantada. O teste supõe que a empresa deva ter novas ideias para serem testadas.
Os autores tomaram uma base de 35 mil starups de todo o mundo. Foram usadas as bases Chunchbase Pro, Builtwith e SimilarWeb. Os autores concluíram que poucas starups usam o teste. E aquelas que usam terminam por ter vantagens de crescimento.
Um aspecto importante, destacado pelos autores: há uma diferença entre experimentação e A/B testing. A experimentação inclui ter alternativas, testar e selecionar a mais adequada. A queda no custo do teste é um motivador, mas a experimentação só existe com ideias.
05 outubro 2019
Juca Bala, contador e doleiro
Muito interessante esta reportagem, A da Folha tbm.
No esforço de adaptar a família à nova vida, Vinicius Claret Vieira Barreto compareceu em 2004 a um evento da escola dos filhos, em Montevidéu, Uruguai. Ao chegar, foi apresentado pelo diretor do colégio a outro brasileiro, também pai de aluno. Sem combinar nada, ambos expressaram surpresa. Era puro fingimento. Já se conheciam havia tempo das mesas de câmbio paralelas do Brasil. Eram doleiros e, depois do escândalo provocado pelo caso Banestado, tiveram de se mudar às pressas para o país vizinho, a fim de continuarem operando sob o manto do paraíso fiscal. Na nova vida, a clandestinidade era um cuidado fundamental.
Embora se incomode um pouco com o apelido, Barreto é Juca Bala, o doleiro que — ao lado do sócio Cláudio Fernando Barboza de Souza, o Tony — operou do Uruguai, durante 13 anos, US$ 1,65 bilhão em contas milionárias de brasileiros. Um deles foi o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que teria confiado à dupla US$ 100 milhões de sua máquina de fabricar propina. Para agirem tanto tempo impunemente, eles seguiram duas regras primordiais: segredo e confiança. O sistema da dupla operava com uma contabilidade em que até os centavos tinham de bater. Outro cuidado era agir na invisibilidade, quase nunca saindo e jamais recebendo visitantes ou organizando festas em casa no Uruguai.
No esforço de adaptar a família à nova vida, Vinicius Claret Vieira Barreto compareceu em 2004 a um evento da escola dos filhos, em Montevidéu, Uruguai. Ao chegar, foi apresentado pelo diretor do colégio a outro brasileiro, também pai de aluno. Sem combinar nada, ambos expressaram surpresa. Era puro fingimento. Já se conheciam havia tempo das mesas de câmbio paralelas do Brasil. Eram doleiros e, depois do escândalo provocado pelo caso Banestado, tiveram de se mudar às pressas para o país vizinho, a fim de continuarem operando sob o manto do paraíso fiscal. Na nova vida, a clandestinidade era um cuidado fundamental.
Embora se incomode um pouco com o apelido, Barreto é Juca Bala, o doleiro que — ao lado do sócio Cláudio Fernando Barboza de Souza, o Tony — operou do Uruguai, durante 13 anos, US$ 1,65 bilhão em contas milionárias de brasileiros. Um deles foi o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que teria confiado à dupla US$ 100 milhões de sua máquina de fabricar propina. Para agirem tanto tempo impunemente, eles seguiram duas regras primordiais: segredo e confiança. O sistema da dupla operava com uma contabilidade em que até os centavos tinham de bater. Outro cuidado era agir na invisibilidade, quase nunca saindo e jamais recebendo visitantes ou organizando festas em casa no Uruguai.
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04 outubro 2019
Melhores cursos de ciências contábeis do Brasil
Se você é daqueles que acredita em rating, eis a relação do pessoal que substituiu o Guia do Estudante e agora publicada no Estadão:
O que acho? É uma lista grande, com muitas instituições que não conheço. Mas há ausências que comprometem a seriedade do raking: onde está a UnB, a UFPB, a UFRJ, a UFRGS, entre outras. A UFRN aparece no campus de Caicó, mas não de Natal. Tudo tão estranho. E erros grosseiros, como colocar a UFCG, de Sousa, no Pará.
Como foram muitas instituições analisadas, talvez para cada uma delas tenha existido somente um avaliador. Outra possível explicação: em geral o e-mail é encaminha para o setor responsável da administração da universidade. Este distribui entre os coordenadores. Pode ter existido falta de empenho (ou desinteresse) do setor no processo.
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