1) Em variáveis econômicas uma única observação em 10.000, ou seja, um único dia em 40 anos, pode explicar a maior parte da "curtose", a medida padrão de momento finito de caudas pesadas.
2) Para o mercado de ações dos EUA, um único dia, o crash de 1987, determinou 80% da curtose para o período entre 1952 e 2008. O mesmo problema ocorre com juros, taxa câmbio, commodities e outras variáveis econômicas e financeiras.
3) O problema não é apenas que os dados tenham caudas pesadas, algo que as pessoas sabem,
mas que não é possível determinar "caudas pesadas" usando métodos padrões. Isso implica que as ferramentas usadas pelos economistas baseadas na norma L2, ou seja variáveis elevadas ao quadrado, como desvio-padrão, variância, correlação, regressão não têm validade científica. A variância dos quadrados é análogo ao quarto momento. Além disso, p-valor não tem validade com variáveis econômicas e financeiras.
4) Os resultados da maioria dos trabalhos em economia são baseados nesses métodos estatísticos padrões .Portanto, não é esperado que esses estudos sejam replicados, e eles efetivamente não o fazem. Além disso, essas ferramentas incentivam a tomada de riscos não desejados.
5) Aí você pode se perguntar porque muita gente (acadêmicos e economistas) continua a usar métodos econométricos? Econometria captura coisas comuns e mascara efeitos de ordem superior, que são mais importantes. Como falências não são tão freqüentes, eventos extremos não aparecem em dados, então o pesquisador acadêmico parece inteligente na maioria das vezes, enquanto estão na verdade fundamentalmente errados.
6) A lei dos grandes números funciona bem devagar no mundo real, isso quando funciona.
7) A média da distribuição raramente corresponderá à média amostral, particularmente se
a distribuição tem assimetria;
8) Desvio-padrão e variância não podem ser usados em economia e finanças.
9) Beta, razão de Sharpe e outras métricas não são informativas.
10) Regressão Linear não funciona. O Teorema de Gauss-Markov falha, pois só é possível usá-lo quando a amostra é infinita. No mundo real, a amostra é finita. Ou seja, o mundo real é pré-assintótico.
Fonte: Nassim Nicholas Taleb. Errors, robustness, and the fourth quadrant. International
Journal of Forecasting, 25(4):744–759, 2009.
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