Nas pesquisas sobre a história, muitas vezes deparamos com frases e afirmações que precisam ser verificadas. A mera afirmação constante de um documento não é suficiente para acreditarmos no que está escrito. Mais ainda quando existe uma censura.
Vasculhando a revista O Cruzeiro, que no passado foi o veículo de comunicação brasileiro mais influente, encontrei uma pérola.
O ano é 1973, o auge da ditadura militar e da censura. A revista resolveu reproduzir um encontro que o tecnocrata Ernani Galveas teve na UFG. Em um determinado momento temos a seguinte frase:
Com uma legislação que reformulou o sistema financeiro, que reorganizou o mercado de capitais e criou a correção monetária, que trouxe uma série de incentivos para que as empresas se defendessem contra a ascensão de preços e se reajustassem os valores da sua contabilidade de acordo com a correção de preços, o Governo recuperou o nível de poupança interna.
(O Cruzeiro, 5 de dez de 1973, ed 49, p. 81).
O problema da frase é que a correção monetária, justamente em 1973, não correspondeu a correção de preços, pois o governo manipulou a variação dos preços na economia. O processo não começou neste ano, mas provavelmente em 1973 foi onde a diferença entre a correção monetária das demonstrações e a variação de preços foi maior.
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