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28 fevereiro 2019

CAPM e WACC: confusões, erros e inconsistências

Resumo:

Regulators of many countries try to find the “true” WACC of Electricity, Gas, Water… activities. All their documents have in common a main confusion: they do not differentiate among expected, required, historical, and regulator allowed returns, which are 4 very different concepts. Most of the documents have several conceptual errors (they apply wrongly the CAPM and the WACC), several inconsistencies estimating parameters and multiply the WACC by the depreciated book value of assets.

Another two common peculiarities of many regulators are a) their penchant for calculating averages and averages of averages, and b) their argument of doing strange calculations “because many other regulators do so.”

We show how a European Regulator arrives to a “WACC before taxes of the electricity regulated activities” of 5,58%. We also show that using the same data and the same method, but criteria of other regulators for the calculation of the parameters you may justify any “WACC before taxes” in the interval 2,4% - 7,4%.

After reading the mentioned documents of the regulators a question arises: Are they fiction or science fiction?

We show some confusions, errors, inconsistencies and useless arguments of the documents of Regulators and propose solutions. Regulator reports (such as the one in Section 1) are very helpful to discover conceptual mistakes, valuation errors… and to think about the meaning of several concepts widely used in Corporate Finance and Financial Markets.

Fernandez, Pablo, WACC and CAPM according to Utilities Regulators: Confusions, Errors and Inconsistencies (February 1, 2019).
 
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Volatilidade no Crescimento

  • A volatilidade do crescimento econômico dos países do mundo foi medida pelo desvio-padrão entre 2001 a 2017
  • Os países afetados pela guerra ou instabilidade política ou dependentes dos preços do petróleo foram aqueles que mais sofreram no período
  • Entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil foi o mais volátil

Usando dados do Banco Mundial, Dan Kopf calculou a volatilidade do crescimento da economia dos países do mundo entre 2001 a 2017. Quanto maior o desvio-padrão do crescimento anual do PIB real, mais volátil é o país.

Os países com menor volatilidade são:

Indonésia = 0,7%
Vietnam
Austrália
Laos
Tanzânia

A Austrália, por exemplo, não tem nenhuma recessão desde 1991.

Os países mais voláteis

Líbia = 33,8%
Guiné Equatorial
Iraque
Macau
Azerbaijão

Conforme nota o autor, alguns países são dependentes de petróleo, experimentam uma guerra civil ou outro tipo de conflito. Entre os países voláteis em termos de crescimento, a surpresa é a Irlanda.

A instabilidade do crescimento econômico brasileiro é decorrente de uma combinação de instabilidade política, preços dos commodities e a crise de 2015 e 2016. Entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil é que possui o crescimento mais volátil.

Lista de livros sobre falcatruas


  • Se você gosta de leitura sobre escândalos, abaixo uma seleção
  • Aparece indicado quando alguma obra tem a versão em português ou espanhol

Uma seleção de livros sobre escândalos contábeis. Alguns deles com versão em português e/ou espanhol:

"Bad Blood: Secrets and Lies in a Silicon Valley Startup" by John Carreyou - Bad Blood: Fraude Bilionária no Vale do Silício, em português

"The Wizard of Lies" by Diana B. Henriques - Em português O mago das mentiras: Bernard Madoff e a história da maior fraude financeira de todos os tempos

"Smartest Guys in the Room: The Amazing Rise and Scandalous Fall of Enron" by Bethany McLean and Peter Elkind

"The Spider Network" by David Enrich

"Red Card: How the U.S. Blew the Whistle on the World's Biggest Sports Scandal" by Ken Besinger - Tarjeta Roja em espanhol

"Billion Dollar Whale: The Man Who Fooled Wall Street, Hollywood, and the World" by Tom Wright and Bradley Hope - El fraude del siglo em espanhol

"The Big Short: Inside the Doomsday Machine" by Michael Lewis - O jogo da mentira em português

"American Kingpin: The Epic Hunt for the Criminal Mastermind Behind the Silk Road" by Nick Bilton

"Black Edge" by Sheelah Kolhatkar

"Barbarians at the Gate: The Fall of RJR Nabisco" by Bryan Burrough and John Helyar

"The Big Lie: Spying, Scandal, and Ethical Collapse at Hewlett Packard" by Anthony Bianco

"Too Big to Fail" by Andrew Ross Sorkin

"Healthsouth: The Wagon to Disaster" by Aaron Beam and Chris Warner

"Faster, Higher, Farther: The Volkswagen Scandal" by Jack Ewing - El escándalo de Volkswagen: Cómo, cuándo y por qué Volkswagen manipuló las emisiones de sus vehículos, em espanhol

"Taking Down the Lion: The Triumphant Rise and Tragic Fall of Tyco's Dennis Kozlowski" by Catherine S. Neal

"Extraordinary Circumstances: The Journey of a Corporate Whistleblower" by Cynthia Cooper

Melhores universidades 2

Há dias postamos uma relação das melhores universidades dos Estados Unidos baseado no Study.com (via GoingConcern). A lista era bastante questionável e o próprio GoingConcern resolveu usar outro site para fazer um lista das melhores. Esta nova relação é a seguinte:

Universidade Bentley
Universidade de Illinois em Urbana-Champaign
Universidade de Notre Dame
Universidade de Bryant
CUNY Bernard M. Baruch College
Boston College
Loyola University-Maryland
Universidade de Binghamton
Universidade de Fairfield
Universidade de Villanova



Custos perdidos

Para um jogador de pôquer, seria o mesmo que tentar recuperar as perdas de rodadas anteriores. O que os economistas chamam de falácia dos custos irrecuperáveis (sunk cost, em inglês). E é um comportamento generalizado. 

Todos nós fazemos isso. Quem nunca foi ao cinema e ficou até o fim de um filme que percebeu que era ruim nos primeiros 10 minutos? Essa é a mesma lógica de quem diz "já gastei muito dinheiro com meu carro. Não posso simplesmente me desfazer dele agora. Melhor substituir a caixa de câmbio que está com problema".

Há também aqueles que permanecem em relacionamentos fracassados por anos a fio porque não querem que o tempo que passaram juntos tenha sido "em vão". 

O que conecta esses exemplos é o fenômeno de continuar lançando mão de recursos (tempo ou dinheiro) depois que algo negativo acontece, esperando que a situação melhore, quando não há bons motivos para acreditar nisso. 

Em outras palavras, as pessoas são relutantes em aceitar perdas. É muito mais provável que a gente continue a desperdiçar tempo ou dinheiro em um projeto que não está dando certo, na esperança de que prospere, do que reconhecer a derrota e desistir. O que impulsiona isso é o otimismo - de que, contra todas as probabilidades, a situação vai melhorar - e a aversão ao fracasso. 

Até os animais podem ser influenciados pelos custos irrecuperáveis. Um estudo recente da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, revelou que ratos e camundongos se comportam da mesma forma que os seres humanos. 

 Em ambos os casos, o estudo mostrou que quanto mais tempo eles investem à espera de uma recompensa (para os roedores, ração aromatizada, para os humanos, vídeos engraçados), menor a probabilidade de desistirem da busca antes do fim da espera.

Segundo alguns pesquisadores, esse padrão pode sugerir uma razão evolutiva para essa tendência economicamente irracional. 


'Trunfo nas mãos' 

No trabalho, as consequências de se agarrar desesperadamente a custos irrecuperáveis podem ser catastróficas. Para empresas pequenas, pode significar, por exemplo, adiar a demissão de um funcionário que você passou meses treinando, embora estivesse claro desde o início que ele nunca atenderia às expectativas. 

 Mas esse mesmo espírito leva companhias a fazerem investimentos de grande porte totalmente ilógicos. Pensar apenas em termos de possíveis ganhos futuros significa deixar de levar em conta os recursos irrecuperáveis já gastos. É fácil de entender por quê. 

Após investir US$10 milhões em um projeto, que não decolou, a decisão de aportar mais US$5 milhões é mais justificada se você considerar o retorno apenas sobre os US$5 milhões - em vez dos US$15 milhões (valor total). Mas a verdade é que você também não quer parecer idiota abandonando o projeto. 

No livro Rápido e Devagar - Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel, sugere que o pensamento do "custo irrecuperável" explica com frequência por que as empresas recorrem a uma nova gestão ou contratam consultores na fase de declínio de um projeto. 

Segundo ele, não é necessariamente porque eles são mais competentes do que os gerentes originais - mas porque os recém-chegados não carregam nenhuma bagagem política (e a relutância associada a aceitar derrotas e seguir em frente). 

Como um apostador que tenta "recuperar suas perdas" em uma mesa de pôquer, as pessoas presas na armadilha do custo irrecuperável vão fingir que têm um trunfo nas mãos. 

O britânico Nick Leeson, que levou à quebra do Barings Bank em 1995, seguiu um raciocínio semelhante ao tentar recuperar sua posição após uma série de operações financeiras desastrosas. 

Gasto público 

Tomar decisões tolas continuamente, impulsionadas por análises de custos irrecuperáveis, pode acabar levando empresas a perder capital ou participação de mercado e, consequentemente, a fechar as portas. 

Por outro lado, há menos mecanismos de controle em torno das tomadas de decisão políticas. Certamente não ajuda o fato de que, no mundo todo, o ato de voltar atrás em resoluções seja visto como sinal de fraqueza - incentivando ainda mais os políticos a insistirem em projetos onerosos. 

Muitos exemplos confirmam essa tendência em nível global. Obras públicas de infraestrutura são conhecidas por ultrapassar orçamentos, como é o caso do projeto "High Speed Rail 2", proposto pelo Reino Unido. 

O Japão também tem o hábito de gastar demais com infraestrutura. Isso é parte do motivo pelo qual o país apresenta a maior dívida pública do mundo. Muitos projetos oferecem muito pouco incentivo fiscal, sem contar as inúmeras "pontes para lugar nenhum" - literalmente e metaforicamente falando. 

Nos EUA, a política de "guerra às drogas" aumentou exponencialmente a população carcerária. Mas, apesar da riqueza de evidências de que a política não conseguiu controlar o consumo de drogas (e causou uma série de efeitos colaterais terríveis), os legisladores têm dificuldade de se desvencilhar dela. 

A armadilha dos custos irrecuperáveis leva a escolhas erradas da ordem de bilhões e trilhões, mas também impacta as finanças pessoais - há quem desperdice dinheiro usando as economias desnecessariamente, por exemplo, em obras para consertar um imóvel que não vai valorizar. 

Lutando contra a falácia 

A falácia do custo irrecuperável tem, portanto, um enorme significado do ponto de vista micro e macroeconômico - para decisões pessoais e políticas em todo o mundo. 

No entanto, uma maior conscientização desse processo de pensamento ilógico pode nos ajudar a não cair nessas armadilhas - e a pressionar para que líderes empresariais e políticos prestem contas de suas ações. 

Mas como podemos evitar essa cilada? 

"Todos nós somos suscetíveis a essa tendência", diz Jim Everett, psicólogo social e pesquisador da Universidade de Leiden, na Holanda. "Mas, muitas vezes, conseguimos atenuá-la parcialmente dando um passo atrás e pensando nas alternativas." 

Ao ponderar se deve dar continuidade a uma ação em andamento, sempre se pergunte: "O que eu ganho ou perco se mantiver essa decisão, e o que eu ganho ou perco se mudar de ideia?" 

Em caso de dúvida, Everett recomenda refletir sobre todo o processo decisório que levou você até onde está, e a considerar o contrafactual - em outras palavras, o que é mera especulação hipotética e o que é realmente fato, para cair na real. 

"Se eu pudesse fazer a mesma escolha novamente, tomaria a mesma decisão? Se não - por que não?" 

Ou seja, é um conceito simples, com ramificações globais. E, finalmente, voltamos à primeira lição do jogo de pôquer. Todo jogador que se preze sabe a hora de parar.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Cesta

27 fevereiro 2019

Empresa de Auditoria deve ter registro na CVM


  • A Lei 7940/89 instituiu a taxa de fiscalização para empresas com registro na CVM
  • Havia um questionamento se empresas que fazem auditoria em companhias de capital fechado deveriam ter registro na CVM
  • Uma decisão do STJ confirmou a taxa e o registro

Uma notícia importante para os auditores. Uma decisão do STJ confirmou que as empresas de auditoria são obrigadas a efetuar o registro e efetuar o pagamento de taxa de fiscalização para CVM. Mesmo que a auditoria tenha sido feita em empresas de capital fechado. Eis a notícia completa:

Em análise de recurso especial, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou que empresas de auditoria independente são obrigadas a registro e pagamento de taxa de fiscalização perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ainda que os serviços apenas sejam prestados a companhias fechadas.

O voto do relator, Ministro Gurgel de Faria, ressaltou que o registro na CVM é condição para a auditagem de companhias abertas. Porém, se a empresa de auditoria independente não realiza serviços para companhias naquela condição, o faz por opção e isso não a desobriga ao pagamento da taxa de fiscalização instituída pela Lei 7.940/89.

Ao analisar o caso, o relator relembrou que o Supremo Tribunal Federal já decidiu ser constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários, instituída pela Lei nº 7.940/89.

Por unanimidade, os Ministros da Primeira Turma do STJ decidiram pelo provimento ao recurso especial.

Lei 7.940/89

Nos termos do art. 3º, caput, da Lei 7.940/89, são contribuintes da Taxa as pessoas naturais e jurídicas que integram o sistema de distribuição de valores mobiliários, as companhias abertas, os fundos e sociedades de investimentos, os administradores de carteira e depósitos de valores mobiliários, os auditores independentes, os consultores e analistas de valores mobiliários e as sociedades beneficiárias de recursos oriundos de incentivos fiscais obrigadas a registro na Comissão de Valores Mobiliários - CVM.

Provisão para Caixa


  • Surgiu uma notícia que a Caixa estaria preparando uma provisão de 7 bilhões para o balanço do quarto trimeste
  • Amortizações no início de uma gestão é algo comum 
  • É sempre bom lembrar que a prudência voltou a fazer parte da estrutura conceitual. 

Segundo notícia da Forbes, a Caixa Econômica Federal estaria preparando uma provisão de 7 bilhões para “perdas esperadas com calotes no financiamento imobiliário e com a desvalorização de imóveis que foram retomados pelo banco”. Até o terceiro trimestre, o lucro da entidade seria 11,5 bilhões. A decisão seria a partir de uma ordem do novo presidente da Caixa.

A medida resulta da ordem de Guimarães [novo presidente da Caixa] para adoção de uma abordagem contábil mais conservadora em relação a possíveis prejuízos do maior financiador imobiliário do país, que tinha uma carteira no setor de R$ 440 bilhões em setembro. (...)

A decisão sobre a provisão extra está criando insatisfação dentro do banco. Entre altos diretores da Caixa envolvidos na confecção das demonstrações contábeis, a ordem de Guimarães está sendo interpretada como uma desautorização às práticas adotadas até a virada do ano, que tinham aval de auditores independentes, do Banco Central e do Tribunal de Contas da União (TCU).

“Mas é pior do que isso, ele [Guimarães] está mudando a prática contábil sobre uma gestão que não é dele”, disse a fonte. “Se fosse fraude, ele deveria comunicar isso para as autoridades competentes, mas não é o caso”, disse.

Mas a movimentação de Guimarães, que tomou posse no começo de janeiro, também tem incomodado funcionários da Caixa que tomaram conhecimento do assunto, uma vez que a provisão extra significará redução do montante que será distribuído aos empregados na forma de participação dos lucros.

A prática de um novo gestor tornar a contabilidade mais conservadora é algo corriqueiro no mundo dos negócios. Isto permite que no futuro o gestor tenha "mais folga" para lidar com os eventuais problemas. Além disto, é uma maneira de marcar o início da gestão - cinicamente "culpando" a gestão passada pelos problemas.

Assim, o argumento que o novo presidente estaria mudando a prática contábil sobre uma gestão passada não procede.

É sempre bom lembrar que o exercício da prudência é agora novamente um item da estrutura conceitual. Ser mais prudente não pode ser condenado como uma "desautorização das práticas adotadas". (Ops, esqueci que o CPC ainda não traduziu a estrutura do Iasb)

Teoria na Era do Big Data


  • Na era do Big Data, há um questionamento se a teoria ainda é importante
  • A grande presença de dados pode alterar a escolha sobre como fazer uma pesquisa
  • O perigo é a possibilidade de correlação espúria

Uma vez que a pesquisa científica está usando cada vez mais dados, em grandes quantidades, há um questionamento se a teoria ainda é importante. Jackson, em The Role of Theory in an Age of Design and Big Data, discussa a questão sob a ótica dos economistas. Mas sua visão pode ser expandida para a contabilidade. Ele relembra que recentemente Duflo afirma que economistas seriam como plumbers encanadores, onde o trabalho envolve questões para melhorar a vida das pessoas. E acrescenta que as pesquisas teóricas estão em claro declínio: eram 57% dos artigos publicados em 1983 e representava 19% em 2011. Mas na visão dele, a teoria ainda é necessária na era do design e do big data.

Uma típica pesquisa na era do Big Data coleta uma grande quantidade de dados e procura extrair dali algum tipo de relação estatística. Explora as informações, sem um conhecimento prévio do que pode encontrar. Com o resultado encontrado, o pesquisador tenta buscar teorias que poderia sustentar os achados. Um trabalho deste tipo começaria com a metodologia e análise dos dados para depois fazer a revisão da literatura ou revisão da teoria (são coisas distintas). Alguns pesquisadores acham que esta maneira de fazer pesquisa está errada. É uma opinião baseada no fato de que, em alguns casos, os achados não possuem vínculo com uma base teórica. Isto ocorre quando temos a situação de correlação espúria (aqui, aqui, aqui e aqui), onde o tamanho do vestido apresenta correlação com o comportamento do mercado acionário.

Entretanto, é inegável que algumas descobertas da ciência são feitas desta forma. O que parece estranho quando temos o resultado, pode ser um achado importante. O famoso paper de Fama e French usou uma pesquisa deste tipo para chegar ao modelo de três fatores, segundo afirma Justin Fox. Criticando Fama, é bem verdade.

Para o pesquisador, é importante saber que sua escolha por este tipo de pesquisa também leva a algumas escolhas de técnicas. Uma pesquisa que trabalha os dados, “sem uma teoria”, deveria usar o método Stepwise na regressa múltipla; já uma pesquisa com base teórica precedendo a análise dos dados poderia optar pelo método Enter (vide Andy Field no seu livro de estatística).

Imagem, a partir de uma imagem retirada daqui

Viagens acadêmicas


  • Gerhards propõe a redução no número de viagens acadêmicas para ajudar na redução da emissão de CO2
  • Na proposta, redução dos membros de conselhos e comissões, uso de tecnologia, pagamentos compensatórios e evidenciação do número de viagens
  • Na prática, no Brasil, esta redução já esta ocorrendo

O professor de sociologia Jurgen Gerhards defende a posição de que os acadêmicos deveriam reduzir o número de viagens realizadas. Uma vez que as viagens aéreas contribuem com a emissão de CO2 e estudantes e docentes estão entre aqueles que viajam com frequência, Gerhards propõe algumas medidas para reduzir este número de viagens:

(a) redução dos membros dos conselhos consultivos e comissões acadêmicas
(b) usar tecnologia de videoconferência em palestras e reuniões
(c) fazer pagamentos compensatórios dos danos ambientais
(d) evidenciar o número de voos realizados nos últimos anos para que a comparação entre as universidades criasse pressão para reduzir as viagens.

Dois comentários sobre a proposta. Em primeiro lugar, creio que o número de viagens já reduziu, pelo menos no Brasil, em razão do uso de tecnologias e restrição orçamentária. No passado, toda comissão examinadora de mestrado e doutorado tinha pelo menos uma passagem aérea. Nos dias atuais, os participantes preferem ficar na sua cidade. Em um programa médio de pós-graduação isto significa pelo menos 10 passagens por ano. O segundo aspecto é reduzir os incentivos para participação em congressos e eventos acadêmicos. Entretanto, estes eventos são importantes como ponto de encontro e discussão entre os cientistas.

Rir é o melhor remédio


26 fevereiro 2019

Economia e fragilidade das empresas

  • Uma pesquisa investigou a relação entre a economia de mercados emergentes e a fragilidade das empresas
  • Há uma relação entre as variáveis, sendo que tamanho da empresa parece ser relevante para as conclusões
  • Foi usado o índice Z de Altman para mercados emergentes e empresas brasileiras faziam parte da amosta

Uma pesquisa muito interessante relacionou dados de milhares de empresas de mercados emergentes com a fragilidade financeira de mercados emergentes. Usando o índice Z de Altman para mercados emergentes, Laura Alfaro, Gonzalo Asis, Anusha Chari e Ugo Panizza recentemente publicaram um Working Paper indicando que há uma relação entre as flutuações econômicas dos países e as finanças corporativas. Quatro conclusões da pesquisa:

O tamanho da empresa desempenha um papel importante na relação entre alavancagem, fragilidade da empresa e taxa de câmbio.
A relação entre o tamanho das empresas e o índice Z permaneceu constante no tempo
De forma surpreendente, grandes empresas nos mercados emergentes são mais vulneráveis financeiramente
Crescimento de vendas de grandes empresas estão correlacionados diretamente com o crescimento do PIB

B3 e a Montanha Mágica 3


  • O desempenho da B3 deve considerar que a empresa é um monopólio
  • Além disto, nos últimos anos, enquanto a receita aumentava, o número de empresas que participava do mercado de capitais diminuía
  • Isto é incoerente com a missão da empresa e com o que a sociedade espera de uma bolsa de valores

Nós postamos que o desempenho financeiro da B3 é entre muito bom e excelente. Mostramos que seus índices correspondem a um bônus AAA; mostramos que a margem líquida média é acima de 50%.

Dois aspectos importantes sobre esta discussão. Em primeiro lugar, a B3 é um monopólio. Tem conseguido barrar a entrada de concorrentes e é praticamente a única porta de entrada para uma empresa que deseje abrir o capital no Brasil ou para um investidor que deseje investir em ação. Sendo monopólio, o desempenho só pode ser ameaçado quando existem novos competidores. Observe que enquanto a margem da B3 é de 50%, a margem de um supermercado é menos de 5%; uma grande diferença entre a empresa e o comércio varejista é justamente a competição.

O segundo aspecto refere-se a missão da empresa. No site da B3 nos encontramos a missão da empresa:

promover a sustentabilidade e o investimento social privado alinhados à estratégia, contribuindo para o fortalecimento institucional da B3

Se um dos objetivos é promover o investimento social privado, será que a B3 está cumprindo com sua missão? Neste sentido, busquei o número de empresas com ações negociadas na bolsa (fonte: Séries Temporais, Banco Central) e calculei a correlação com a receita líquida da empresa. A correlação mede a relação, direta, inversa ou inexistente, entre duas variáveis. Atenção: a correlação não mede a relação de causa ou efeito entre duas variáveis. O valor da receita foi corrigido pela inflação, usei o IPCA do IBGE, e transformado em logaritmo.

A relação entre as duas variáveis foi de -0,4411. Como foram usadas 42 observações, o parâmetro crítico, a 5%, era de 0,3044, positivo ou negativo. Ou seja, existe correlação entre a geração de receita por parte da B3 e o número de empresas que participam do mercado acionário no Brasil. Até aqui, tudo bem. O problema está no sinal negativo. Ele indica que quanto maior a receita da B3, menor é o número de empresas participantes no mercado acionário brasileiro. No período, quando o número de empresas estava diminuindo - caiu de 396 empresas em 2008 para 339 em 2018 - a receita da B3 estava aumentando. E o lucro em níveis elevados.

Em razão do monopólio, das elevadas margens líquidas da empresa e do número decrescente de empresas com ações na bolsa, caberia a pergunta: será que a B3 está promovendo o investimento social privado? Não seria melhor, para o mercado de capitais brasileiro, que a empresa reduzisse sua “receita”, prejudicando seus “acionistas”, mas beneficiando a sociedade (acreditando que um mercado de capitais fortalecido é importante para um país)?

Nota Técnica: calculei a correlação entre a receita líquida da B3 e o valor total do mercado acionário brasileiro e o resultado não foi significativo (correlação igual a 0,288). Mas usar o comportamento do mercado como um todo pode ser complicado, em razão das grandes variações ocorridas durante o período: crise financeira de 2008/2009, problemas políticos no Brasil, recessão etc.
Fiz também o cálculo de modelos de regressão e as conclusões obtidas foram aproximadamente as mesmas que foram relatadas aqui.
A série histórica da B3 é afetada nos últimos anos pelo fato da empresa ter abocanhado outras entidades. Levei em consideração este fato, mas não encontrei relevância nos dados, já que afeta somente os dois últimos anos da série.

B3 e a Montanha Mágica 2


  • A análise da B3 ao longo do tempo, de 2008 até 2018, revela um empresa com uma margem líquida média de 58%.
  • Em média, a B3 obtem um lucro líquido de 416 milhões de reais por trimestre
  • Os números mostram que o desempenho da B3 é excepcional

O gráfico abaixo apresenta a serie histórica de quatro variáveis contábeis da B3: ativo total, receita líquida, lucro líquido e caixa das operações (Fonte: economática)


Os números mostram uma grande variação nos anos mais recentes, provavelmente resultante de negociações realizadas pela B3. Isto fez a receita média aumentasse de 0,7 bilhão por trimestre para 1,2 bilhão. Todos os números foram corrigidos pelo IPCA do IBGE para final de dezembro de 2018. Ou seja, já está sendo considerado a inflação desde o início da série, em setembro de 2008.

Nos 42 trimestres da série, a B3 teve um lucro de 17,5 bilhões, uma média de 416 milhões de lucro por trimestre. No período, o caixa gerado com as operações foi de 24,5 bilhões de reais, tudo corrigido para dezembro de 2018. O desempenho da empresa é bastante consistente, tanto é assim que a margem líquida, resultado da divisão do lucro líquido pela receita, foi de 58% no período. É muito raro uma empresa ter uma margem tão elevada.

B3 e a Montanha Mágica - 1


  • O desempenho da B3 em 2018 foi excepcional, tanto em termos de lucratividade, quanto na distribuição de dividendos aos acionistas
  • Atualmente, a situação da empresa é equiparada a uma nota AAA de bônus, a melhor possível

Com um ativo de 38 bilhões de reais, sendo 2/3 financiados por capital próprio, e margem líquida de 43%, o desempenho da B3 realmente foi invejável em 2018. Os acionistas agradecem, pois irão receber 1,4 bilhão de JSCP. Parece tudo ótimo com o balanço apresentado empresa empresa. Eis o que diz o release da empresa (via aqui):

No ano de 2018, a receita total da B3 atingiu R$5.351,9 milhões, alta de 20,6% em relação a 2017. Na mesma comparação, o EBITDA recorrente cresceu 28,8% e totalizou R$3.424,5 milhões em 2018, enquanto o lucro líquido recorrente foi 26,4% maior e somou R$2.634,5 milhões.


Mais ainda:

Buscaremos manter e fortalecer nossas capacidades em operações e gestão de risco, tecnologia de ponta e inovação, relacionamento e atendimento aos clientes, engajamento com os reguladores e desenvolvimento e retenção de talentos. Ainda em 2018, demos início a uma série de projetos e ações concretas que suportam a execução desse plano. Continuaremos trabalhando com determinação para oferecer aos clientes e reguladores soluções que excedam as suas expectativas e, assim, continuar a ser a plataforma escolhida pelo mercado para a maior parte das suas necessidades”.

Se você usar o indicador de Altman para o mercado emergente, a B3 teria uma classificação de bônus correspondente a 7,95 ou AAA. A melhor nota possível.

Parece que a B3 está cumprindo com sua missão.

Fonte: Altman, E. An emerging market credit scoring system for corporate bonds. Emerging Markets Review 6 (2005) 311 –323

Rir é o melhor remédio


25 fevereiro 2019

Contabilidade pública: Caixa ou Competência


  • A adoção do regime de competência na área pública é tida como desejável
  • Entretanto, a maioria dos países adota o regime de caixa
  • Isto não significa que a contabilidade pelo regime de caixa não seja útil

Misch et al (2018), ao discutir o uso de dados diários fiscais na área pública, informa que


Mesmo que o país use o regime de caixa, o que significa não ter informações sobre contas a pagar, contas a receber, ativos não financeiros e outros, ainda assim o uso de relatórios fiscais diários seria importante:

However, despite the absence of balance sheet information (which is also often absent in formal fiscal reports for countries that use a cash basis for public accounting), access to immediate and reliable cash-based data offers many benefits, including real-time information on major fiscal aggregates. In addition, many governments are transitioning from cash- to accruals-based accounting standards, facilitated by the availability of FMIS that have full accruals-based accounting systems. It is therefore likely that over time the ability to track all stocks and flows, more or less in real time, will steadily improve as this transition takes hold.

Kraft Heinz e o modelo de gestão

  • A Kraft Heinz divulgou um problema contábil de 25 milhões de dólares, que afetou a credibilidade da empresa
  • Ao mesmo tempo, registrou uma amortização de 15 bilhões de dólares, o que levou muitos investidores a questionar o modelo de negócios baseado em aquisições e corte de custos
  • O resultado prejudicou também um acionista conhecido da empresa, Warren Buffett, que registrou seu descontentamento com uma norma contábil recente

Durante anos, o modelo de negócios da empresa 3G era bastante conhecido por trazer bons resultados: tomar empréstimo, comprar um empresa de grande porte, adotar estratégias para cortar custos (orçamento base zero e remuneração por desempenho) e gerar valor. No passado, a Kraft comprou a empresa de alimentos Heinz e adotou a mesma cartilha.

No final da semana passada, duras notícas para aqueles que acreditavam que o modelo funcionaria sempre. Em primeiro lugar, uma investigação da SEC, a entidade que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos, mostrou alguns problemas contábeis. A investigação revelou que parte dos resultados do passado deveriam ser revistos. Apesar do valor ser muito pequeno, US$25 milhões para uma empresa que fatura bilhões, a questão crucial é a credibilidade. Dito de outra forma por Jon Baumunk, professor da San Diego State University,

Em termos absolutos, 25$ milhões não é um número grande, mas põe em questão a administração

Muito pouco foi esclarecido sobre o problema contábil, mas pode ser que a pressão interna por resultado tenha levado aos erros cometidos.

A segunda notícia ruim tem sua origem na contabilidade da empresa. Os resultados do quarto trimestre estavam acompanhados de uma amortização de 15 bilhões de dólares em razão do teste de imparidade em operações nos Estados Unidos e Canadá e nas marcas Kraft e Oscar Mayer. A imprensa e os investidores estão questionando se isto não seria resultado do modelo de negócios da 3G. A falta de investimentos em marca, a mudança no mercado consumidor e o baixo crescimento das receitas seriam consequência da filosofia 3G de gestão.

Os anúncios levaram a uma queda no preço de mercado da empresa. A queda no valor de mercado indicaria uma avaliação negativa dos investidores. Os gestores apontaram, indiretamente, a forma como pretendem responder às críticas: insistindo no modelo 3G. Conforme lembrou a Bloomberg, o CEO da empresa citou a consolidação do setor na apresentação dos resultados e isto não foi gratuito.

Warren Buffett, o investidor que possui, através de sua empresa, 27% da Kraft Heinz, evidenciou os problemas no balanço anual, divulgado no sábado: perda de 25 bilhões de dólares no quarto trimestre de 2018. Mesmo assim, a empresa de Buffett teve um desempenho melhor que o mercado, crescendo no valor em 2,8%. Mas Buffett não está satisfeito com as normas contábeis:

A new GAAP rule requires us to include [ganhos/perdas contábeis não realizados] that last item in earnings. As I emphasized in the 2017 annual report, neither Berkshire’s Vice Chairman, Charlie Munger, nor I believe that rule to be sensible.

Sobre o resultado da Telefonica


  • O resultado recorde da Telefonica ocorreu muito mais em razão de uma decisão judicial do que do crescimento das receitas nos negócios de maior valor e da eficiência dos custos
  • O efeito na nova norma de reconhecimento da receita na empresa foi muito pequeno

Nas demonstrações contábeis da Telefonica, divulgado na semana passada, dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, uma grande parcela do desempenho da empresa está relacionada com uma decisão judicial sobre tributação do PIS e COFINS. De um lucro de 8,9 bilhões, recorde para empresa, mais de 3 bilhões estão relacionados com este fator. Sutilmente, no release, a empresa reduz um pouco a influencia deste fato:

Crescimento das receitas nos negócios de maior valor e eficiência em custos, aliados a efeitos não recorrentes no período, levam a lucro recorde de R$8,9 bilhões em 2018.

O crescimento das receitas totais foi de 0,6%, abaixo da inflação. Mas o texto fala em crescimento nos negócios de maior valor. O custo dos serviços prestados e mercadorias vendidas aumentou de 20,3 para 21 bilhões. Eficiência em custos?

O fluxo de caixa das operações, que não sofre influencia da decisão judicial, reduziu, de 12,6 bilhões para 11,9. Todos os dados são do balanço consolidado.


Outro aspecto interessante é que a empresa fez um comparativo sobre o valor da receita, com e sem o IFRS 15. A partir de 2018, as empresas tiveram que mudar o reconhecimento da receita, segundo uma nova norma do Iasb, adotada no Brasil. Há uma reclamação generalizada sobre a complexidade da norma e o seu custo. O balanço da Telefonica, em conjunto com outras empresas, pode lançar uma luz sobre a influência da norma no resultado das empresas. No caso da Telefonica o efeito foi praticamente nulo: a receita mudou 0,03% ou 15 milhões de reais em um total de 43 bilhões.

Diferença de gênero


  • O livro Dataclisma analisa o ser humano a partir de dados de sites de namoro
  • Destacamos dois dados sobre a diferença entre gêneros

O livro Dataclisma foi escrito por um dos fundadores do site de namoro OkCupid, Christian Rudder. A temática é muito próxima do Everybody Lies: o uso de dados da internet para tentar mostrar como o ser humano se comporta. Na capa, dois subtítutos: “quem somos” e “quando achamos que ninguém está vendo”.

O livro explora as semelhanças (parte 1), as diferenças (parte 2) e as características dos seres humanos (parte 3) e Rudder usa os dados do site de namoro para explorar os temas apresentados. A primeira parte é a melhor do livro e destaco aqui a diferença entre a avaliação que os homens fazem da sua parceiras e vice-versa. Rudder mostra que a curva de avaliação das mulheres, por parte do homens, segue uma distribuição normal; mas a avaliação dos homens, por parte das mulheres, é assimetrica à esquerda. O que significa isto? Que as mulheres são mais exigentes ao avaliar seus parceiros no site de namoro. Este fato está expresso no gráfico abaixo, onde as notas são plotadas por gênero.
Outro aspecto interessante que Rudder apresenta na obra é que as mulheres de uma determinada idade possuem preferências por parceiros de idade similar. O gráfico abaixo mostra, no eixo, a idade da mulher e em vermelho, a sua preferência por parceiros, segundo a idade. O gráfico possui uma tendência que está na linha que faz um ângulo de 45 graus.

Mas esta informação para o homem é diferente. A idade novamente é apresentada no eixo e sua preferência, em termos da idade das mulheres, encontra-se em vermelho. Os valores se afastam da linha, indicando um viés. Este tipo de informação pode ser um indicativo de que o que as pessoas fazem na internet é diferente de suas crenças confessadas.


RUDDER, C. Dataclisma. Rio de Janeiro, BestSeller, 2015.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

24 fevereiro 2019

Accounting Review retira artigo polêmico sobre tributação


  • Uma pesquisa sobre evasão fiscal foi publicada em 2017 no principal periódico de contabilidade do mundo, o The Accounting Review
  • Um pesquisador, Alex Young, com dúvidas sobre a pesquisa, solicitou, sem sucesso, acesso aos dados e códigos usados, publicando suas dúvidas no EJW
  • Agora, o The Accounting Review retirou o artigo de sua edição

Uma pesquisa sobre evasão fiscal, de autoria de dois pesquisadores da prestigiosa Carnegie Mellon, publicado no periódico contábil mais reconhecido, The Accounting Review, sobre um tema “quente”, evasão fiscal, foi questionado e, finalmente, retirado por conta das dúvidas sobre a validade dos dados (fonte das informações a seguir: Retraction Watch).

O resumo do artigo publicado é o seguinte:

We implement a regression discontinuity design to examine the effect of institutional ownership on tax avoidance. Positive shocks to institutional ownership around Russell index reconstitutions lead, on average, to significant decreases in effective tax rates (ETRs) and greater use of international tax planning using tax haven subsidiaries. These effects are smaller for firms with initially strong governance and high executive equity compensation, suggesting poor governance as an explanation for the undersheltering puzzle, and appear to come about as a result of improved managerial incentives and increased monitoring by institutional investors. Furthermore, we observe the largest decreases among high ETR firms, and increases for low ETR firms, consistent with institutional ownership pushing firms towards a common level of tax avoidance.

A questão sobre o artigo levou mais de um ano, após uma longa discussão sobre a existência de problemas na análise dos dados. Em janeiro de 2018, em uma edição do Econ Journal Watch, Alex Young, da North Dakota State University, tentou reproduzir os dados do artigo publicado em 2017 e uma versão da pesquisa de 2015. Voltando no tempo, em outubro de 2015, Young participou de uma apresentação de uma versão do artigo. Ele questionou um dos autores, Bird, sobre alguns aspectos da pesquisa. Quando o artigo foi publicado, Young percebeu que algumas especificações tinham mudado, “corrigindo” os pontos levantados na conferência, mas os dados eram os mesmos em todas as tabelas.

Young encaminhou um e-mail para Bird lembrando da conversa que teve com ele em 2015 e solicitando os dados e códigos. Dois dias depois, Karolyi respondeu brevemente, ignorando o pedido. Em maio, Young encaminhou um e-mail para um editor da The Accounting Review, indicando as preocupações. Quatro dias depois, o editor encaminhou uma mensagem para o editor sênior. Em novembro, o editor da Econ Journal Watch mandou um e-mail para os pesquisadores, solicitando o compartilhamento dos dados. A resposta ocorreu no dia seguinte, mas os dados não foram compartilhados. O editor da Econ Journal Watch repetiu a solicitação, que foi recusada.

No mesmo mês, a professora Mary Barth, editora sênior da The Accounting Review, enviou um e-mail para Young para dizer que estava iniciando uma investigação de possível desvio de conduta por parte dos autores.

Em janeiro de 2018, após a publicação do artigo de Young no Econ Journal Watch, Bird e Karolyi, os autores do artigo, afirmaram que Young tinha reproduzido as principais descobertas dos autores. Informaram que, em resposta as acusações de Young, afirmaram que as versões distintas da pesquisa, entre 2015 e 2017, foi decorrente de uma revisão de uma descrição potencialmente confusa da metodologia.

Mas a explicação dos autores parece não ter convencido a The Accounting Review, que decidiu retirar o artigo, colocando o seguinte aviso:

(...) os autores não conseguiram fornecer os dados e o código originais solicitados pelo editor que reproduzem os resultados, conforme mostrado nas tabelas do artigo, apoiando esta afirmação. Assim, o artigo foi recolhido.

Poluição e evidenciação

O que explica a evidenciação de empresas poluidoras no Brasil? Segundo a uma pesquisa com empresas com ações negociadas na Bolsa, com 182 empresas, o tamanho, a lucratividade, a internacionalização, endividamento e o relatório de sustentabilidade da empresa são fatores explicativos desta evidenciação.

Eis o abstract:

This research aims at identifying explanatory factors of the environmental disclosure of potentially polluting Brazilian companies listed on the São Paulo Security, Commodities, and Futures Exchange (BM&FBOVESPA), from 2005 to 2015. Financial and environmental disclosure information of 182 Brazilian companies of the high-, medium-, and low-polluting potential sectors were collected. Data were analyzed through content analysis of documents and Regression with Panel Data. Results indicate that the company’s size, profitability, internationalization, and sustainability report are explanatory factors of the disclosure of environmental information, while indebtedness presents an inverse relationship. This study concludes that the explanatory factors of environmental disclosure of potentially polluting Brazilian companies are, with a higher weight, the publication of the sustainability report and stock market internationalization and, with lower weight, size, indebtedness, and profitability. This study discusses the relevance of environmental disclosure to companies that perform potentially polluting activities to provide support for different agents linked to these companies they may have access. It presents as theoretical contribution the explanatory variables for environmental disclosure of potentially polluting companies, an analysis not yet carried out in the literature. The practical contribution is to present information to interested users that potentially polluting companies, larger in size, internationalized, and with more profitability, disclose their environmental information.

Amor e Lucro

Os acionistas do Match Group receberam uma notícia de que a empresa teve crescimento de receita e o seu maior lucro anual, de 500 milhões de dólares. O Match é dono do Tinder e OkCupid.

Além de fazer uma grande diversificação nos seus produtos (Tinder U é um exemplo), o grupo está comprando todos os sites de relacionamentos possíveis: Match quer ter o monopólio do amor

Atualmente, 60% dos encontros amorosos originários em sites de namoros e aplicativos dos EUA tiveram sua origem em um dos aplicativos do grupo.

Uma pesquisa interna realizada pela empresa sugere que os solteiros usam uma média de quatro aplicativos de encontros simultaneamente; Match quer possuir todos eles.

O Tinder é o aplicativo de encontros mais baixado e de maior faturamento do mundo, gerando quase metade da receita da Match. O aplicativo adicionou 1,2 milhão de usuários no ano passado, dobrou sua receita e está expandindo internacionalmente, inclusive na Índia, Japão e Coréia do Sul. O Tinder Gold e o Tinder Plus, que oferecem recursos como curtidas ilimitadas e melhor visibilidade do perfil por uma taxa, estão gerando dinheiro.

Go home, Amazon

Uma grande empresa decide construir uma segunda sede na sua cidade. Qual seria a reação natural dos moradores? Em geral, os políticos se enchem de entusiasmo e as pessoas pensam nos benefícios e empregos que serão gerados.

No entanto não foi isto que ocorreu recentemente com a empresa Amazon. Depois de meses analisando as propostas das cidades onde gostaria de instalar uma segunda sede, a empresa optou por Nova Iorque. Isto significava 25 mil novos empregos. Mas os moradores da cidade não gostaram nada da decisão e começaram uma onda de protestos. Para obter o privilégio de ter uma das sedes da empresa, a cidade deveria renunciar a 27 bilhões de dólares de receita fiscal.

Para entender a reação, o Business Insider mostrou como a cidade sede atual da empresa, Seattle, deveria amar e odiar a varejista.

* O aluguel médio de Seattle aumentou três vezes mais que a média dos Estados Unidos na última década
* A cidade possui a terceira maior população de moradores de rua
* 20% do mercado imobiliário de Seattle está vinculado à empresa
* E a empresa responde por 45 mil empregos, em uma cidade com 725 mil habitantes
* O acréscimo de empregos trouxe problemas de estacionamento e trânsito

Rir é o melhor remédio


23 fevereiro 2019

Julgamento do caso KPMG e PCAOB

O PCAOB é a entidade que acompanha a qualidade do trabalho de auditoria nos Estados Unidos. É uma decorrência do escândalo da Enron. Todo ano, a entidade faz um relatório de inspeção das empresas. Em 2013, o relatório referente a KPMG foi muito ruim, com deficiências em 46% das auditorias da empresa de auditoria; no ano seguinte, o percentual foi um pouco maior, de 54%.

Para tentar resolver este problema de qualidade, alguns executivos da empresa nos Estados Unidos decidiram “contratar” alguns funcionários da entidade de fiscalização. E estes funcionários levaram algumas informações para a KPMG.

O caso foi descoberto e está em julgamento nos Estados Unidos. O fato é que a KPMG (ou melhor, alguns funcionários da KPMG) está sendo acusada de roubar informações secretas. Um agora ex-sócio, David Middendorf, está sendo acusado disto e de pressionar os funcionários contratados a mostrar as informações confidenciais. Isto inclui a cópia de documentos do computador do PCAOB para um disco rígido, manuais internos, formulários de comentários e alvos de inspeção do PCAOB em 2015. Uma das empresas que seria objeto de inspeção seria a Wells Fargo.

Middendorf chegou a lembrar aos funcionários contratados de onde vinha o salário e da necessidade de ser leal à KPMG. Mesmo com depoimentos contrários, Middendorf declara-se inocente da acusação de conspiração e fraude eletrônica. O processo pode conduzir a prisões, de mais de 20 anos, e multas.

Custo do parlamentar sueco

É incrível a comparação do custo de um parlamentar sueco em comparação com o parlamentar brasileiro. Eis um resumo de uma reportagem da BBC (via aqui):

Recebem um passe anual para usar nos transportes públicos.

Carros oficiais são poucos, e para uso limitado.

O salário bruto de um deputado do Parlamento sueco é de 66,900 coroas suecas por mês, pouco mais de 6.300 euros, que, líquidos, se transformam em 3.700 [cerca de 15 mil reais]

Se um deputado sueco tem a sua base eleitoral fora da capital, pode solicitar uma ajuda de custos para os dias da semana em que trabalha em Estocolmo. O valor desta diária, paga estritamente aos parlamentares que não têm residência permanente na capital, é de 10,38 euros [cerca de 45 reais]

Apenas políticos com base eleitoral fora da capital e que não possuam imóvel próprio em Estocolmo têm direito a viver em apartamentos do Estado. Os apartamentos têm em média 45,6 metros quadrados. E nenhum deles tem serviços (limpeza, alimentação ou outros) associados. Pior: os familiares não podem morar ou sequer pernoitar em propriedade do Estado sem pagar.

Os deputados podem deixar ocasionalmente os filhos na creche do Parlamento, mas têm de devem pagar o almoço.

Para viagens ao exterior, um deputado sueco pode gastar um teto máximo de 50 mil coroas suecas (cerca de 4.700 euros) por mandato

Os parlamentares suecos também não têm direito a receber pensão vitalícia, mas uma garantia de renda por tempo limitado, que funciona como uma espécie de fundo de desemprego, equivalente a 85% do valor do salário, durante um período máximo de dois anos.

Segredo do Warren Buffet

No artigo abaixo, os gestores do fundo de investimento AQR Capital estudaram o alfa do Buffet. Eles descobriram que o segredo do Buffet consiste em:

we find that the secret to Buffett’s success is his preference for cheap, safe, high-quality stocks combined with his consistent use of leverage to magnify returns while surviving the inevitable large absolute and relative drawdowns this entails.

Eles discutem se o sucesso do Buffet é sorte ou habilidade e chegam a conclusão que:

Our findings suggest that Buffett’s success is not luck or chance, but reward for a successful implementation of exposure to factors that have historically produced high returns.At the same time, Buffett’s success shows that the high returns of these academic factors are not just “paper returns”, but these returns could be realized in the real world after transaction costs and funding costs, at least by Warren Buffett.

Resumo:

Berkshire Hathaway has realized a Sharpe ratio of 0.76, higher than any other stock or mutual fund with a history of more than 30 years, and Berkshire has a significant alpha to traditional risk factors. However, we find that the alpha becomes insignificant when controlling for exposures to Betting-Against-Beta and Quality-Minus-Junk factors. Further, we estimate that Buffett’s leverage is about 1.6-to-1 on average. Buffett’s returns appear to be neither luck nor magic, but, rather, reward for the use of leverage combined with a focus on cheap, safe, quality stocks. Decomposing Berkshires’ portfolio into ownership in publicly traded stocks versus wholly-owned private companies, we find that the former performs the best, suggesting that Buffett’s returns are more due to stock selection than to his effect on management. These results have broad implications for market efficiency and the implementability of academic factors

Fonte: Andrea Frazzini, David Kabiller & Lasse Heje Pedersen (2018) Buffett’s Alpha,Financial Analysts Journal, 74:4, 35-55, DOI: 10.2469/faj.v74.n4.3


Resultado de imagem para Warren Buffett quotes accounting

Framboesa

Enquanto não acontece o Oscar, eis os vencedores do Framboesa, prêmio para os piores filmes de 2018:

Holmes & Watson (pior filme, pior diretor, pior ator coadjuvante, pior refilmagem)

Pior Diretor: Etan Cohen, "Holmes & Watson"

Pior Atriz: Melissa McCarthy, "The Happytime Murders" e "Life of the Party"

Pior Ator: Donald J. Trump (ele mesmo)

Pior Atriz Coadjuvante: Kellyanne Conway em "Fahrenheit 11/9"

Pior ator coadjuvante: John C. Reilly, "Holmes & Watson"

Pior roteiro: "Fifty Shades Freed"

Pior remake: "Holmes & Watson"

História da Contabilidade: Desconfie do que está escrito

Nas pesquisas sobre a história, muitas vezes deparamos com frases e afirmações que precisam ser verificadas. A mera afirmação constante de um documento não é suficiente para acreditarmos no que está escrito. Mais ainda quando existe uma censura.

Vasculhando a revista O Cruzeiro, que no passado foi o veículo de comunicação brasileiro mais influente, encontrei uma pérola.

O ano é 1973, o auge da ditadura militar e da censura. A revista resolveu reproduzir um encontro que o tecnocrata Ernani Galveas teve na UFG. Em um determinado momento temos a seguinte frase:

Com uma legislação que reformulou o sistema financeiro, que reorganizou o mercado de capitais e criou a correção monetária, que trouxe uma série de incentivos para que as empresas se defendessem contra a ascensão de preços e se reajustassem os valores da sua contabilidade de acordo com a correção de preços, o Governo recuperou o nível de poupança interna. 

(O Cruzeiro, 5 de dez de 1973, ed 49, p. 81).

O problema da frase é que a correção monetária, justamente em 1973, não correspondeu a correção de preços, pois o governo manipulou a variação dos preços na economia. O processo não começou neste ano, mas provavelmente em 1973 foi onde a diferença entre a correção monetária das demonstrações e a variação de preços foi maior.

Rir é o melhor remédio

Era da Secretaria do Comércio e fazia relatórios. Arrastava pela vida um nome encaroçado: Juruberbal Calastra. Era um sujeito cheio de pormenores: sabia leis e regulamentos, desde a primeira portaria de um vago ministro imperial ao último ato publicado pelo Diário Oficial. Mas o forte de Calastra era o balancete. Diante de uma dessas peças papelosas, Calastra lambia os beiços e esfregava as mãos:

- Duzentas páginas! É como gosto, é como aprecio.

Era o terror em paletó de alpaca da Secretaria de Comércio. O olho de Calastra varria tudo. E era de longe, sem precisar de outro exame, que descobria erros:

- Seu Nogueira, cuidado com o Código de Contabilidade. O Penedo Alves pegou trinta anos de cadeia, Seu Nogueira! Trinta anos!

Ninguém queria história com Calastra. Nos processos mais em ordem, seu dedo metediço sempre encontrava um deslize:

- Veja esse selo! De cabeça para baixo. E logo quem! O marechal Floriano.

Adoeceu em definitivo. Veio o padre, um velhinho da paróquia do Encantado, para consolar o candidato a defunto. Falou das belezas do céu e garantiu que as suas portas seriam abertas a ele, Juruberbal Calastra. E fazendo o sinal da cruz:

- Como bom cristão sereis admitido no reino de Deus.

Calastra, já com o pé na eternidade e outro no seus quarenta anos  leis e regulamentos, pergunto lá muito longo, em voz de encerramento de ponto:

- E a portaria de admissão já foi lavrada, Reverendo? Saiu no Diário Oficial, Reverendo?

E morreu

(O Cruzeiro, 3 jul 1974, ed 27 p. 88)

22 fevereiro 2019

Estatística t igual a 3

Nas pesquisas científicas quantitativas é comum usar como critério de decisão 0,05. Há controvérsias sobre quem foi o autor que endosso o uso de 0,05 como padrão para significância estatística (Aqui há uma boa discussão sobre isto). Nos últimos anos muitos cientistas são críticos com respeito a este padrão “sagrado”: “Certamente Deus ama 0,06 quase tanto quanto 0,05” (Rosenthal)

Nos tempos atuais, as pesquisas buscam de forma obsessiva o 0,05 e isto termina por conduzir a práticas como o p-hacking e a tortura dos dados. A defesa do abandono do uso do p-valor em pesquisa é uma consequência; alguns estatísticas (acho de Gelman é um deles) defendem que o pesquisa apresente os resultados e deixe a conclusão para o leitor. Os métodos bayesianos são citados como alternativas.

Uma ideia interessante é mudar o padrão: em lugar dos 0,05,que corresponde a uma estatística t de 1,96, utilizar um padrão que excede em muito este valor. Harvey, Liu e Zhu, em 2016, sugeriram uma estatística t igual a 3. Outros, a um p-valor de 0,005 ou uma estatística t de 2,81.

Qual seria a consequência disto? Muitas pesquisas empíricas publicadas nos últimos anos teriam seus resultados contestados, como mostra Baltussen, Swinkels e Vliet. Mais do que isto, muitos periódicos gostam de publicar pesquisas com resultados que sejam “interessantes” em termos estatísticos; o número destas pesquisas “publicáveis” reduziria substancialmente.


Harvey, Campbell; Liu, Yan; Zhu, Heqing. ... and the Cross-Section of Expected Returns. ssrn.com/abstract-2249314
Baltussen, Guido; Swinkels, Laurens; Van Vliet, Pim. Global Factor Premiums. ssrn.com/abstract=3325720

21 fevereiro 2019

Fluxo de caixa negativo da Amazon e precificação predatória

A Amazon tornou-se uma das empresas mais valiosas do mundo operando com fluxo de caixa negativo e com lucro baixo ou inexistente por muitos anos. A estratégia de ter fluxo de caixa negativo talvez viole uma série de regras de antitruste, conforme discutido pela autora no artigo abaixo.


Resumo:

American jurisprudence considers price predation a largely irrational, and therefore self-limiting, business strategy which is unlikely to lead to monopolization of an industry. This paper argues that the recent rise of the negative cash flow firm upends traditional assumptions. These types of firms can achieve greater market share through predatory pricing strategies that involve long-term below average variable cost prices. It also maintains that recoupment, an essential element of any predatory pricing scheme, can be achieved without a raise of prices post predation. By charging prices in the present reflecting future lower costs based on prospective technological and scale efficiencies, these firms are able to rationalize their predatory pricing practices to investors and shareholders. These observations lead to the conclusion that price predation is a rational strategy which can foreseeably lead to monopolization. This paper then moves on to examine the conduct of Amazon, the biggest negative cash flow firm in the world. It suggests that not only is it entirely rational for Amazon to engage in price predation and a long-term strategy of monopolization but that under current corporate disclosure rules such conduct would be virtually undetectable. The negative impact of this behavior is the elimination present and future competition.

Shaoul Sussman; Prime Predator: Amazon and the Rational of Below Average Variable Cost Pricing Strategies Among Negative-Cash Flow Firms, Journal of Antitrust Enforcement, , jnz002, https://doi.org/10.1093/jaenfo/jnz002


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20 fevereiro 2019

Lei de Potência na Receita das Empresas Brasileiras

O artigo abaixo usa o ferramental da econofísica para modelar a granularidade  das 1000 maiores empresas do brasil, de acordo com a receita líquida. Granuralidade siginifica que poucas grandes empresas convivem com muitas empresas pequenas.

Resumo:

“Granularity” refers to the fact that economies are populated by a few large companies (the big “grains”) that coexist with many smaller companies. Such a distribution of firm sizes is modeled by power laws. This study adds to the international evidence of the granularity hypothesis by considering data for the top 1,000 Brazilian companies. We sort the companies from top to bottom in terms of their net revenues. Then, we adjust power laws to the data and estimate Pareto and Gumbel exponents. We find we cannot dismiss the hypothesis of granularity for the Brazilian companies. We also find the Pareto exponent is approximately one (1.070 .015), roughly a Zipf’s law. Such a result is in line with the previous one found for American companies where the Pareto exponent = 1.059. We also find a power-law progress curve best fits the data.

Fonte: Da Silva, Sergio & Matsushita, Raul & Giglio, Ricardo & Massena, Gunther, 2018."Granularity of the top 1,000 Brazilian companies,"Physica A: Statistical Mechanics and its Applications,Elsevier, vol. 512(C), pages 68-73.


O gráfico de dispersão abaixo (log da receita x log do número de firmas) mostra que poucas empresas brasileiras concentram a maior parte das receitas. Assim, muitas empresas pequenas competem com poucas empresas grandes. Ou seja, a distribuição dos dados segue uma lei de potência.