Em 2017, a Comunidade Europeia decidiu permitir, novamente, o uso de glifosato (ou Roundup, seu nome comercial, ou Mata-Mato). Esta substância está presente em produtos usados na agricultura e existe uma controvérsia se seu uso causa ou não câncer nos seres humanos. A decisão dos países europeus estava baseada em um relatório redigido pelo Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos ou BfR. Esta entidade fez um levantamento de evidências científicas sobre o produto e concluiu que não há um comprovação de que o produto seja cancerígeno.
Dois pesquisadores, Stefan Weber e Helmut Burtscher, afirmam que o relatório feito pelo BfR plagiou um artigo escrito pela indústria agroquímica. Ou seja, não foram os cientistas que trabalham para o BfR que escreveu boa parte do relatório que embasou a decisão, mas um consórcio de empresas do setor agroquímico.
Na terça feira, dia 15 de janeiro, foi divulgado um estudo que comparou a avaliação feita pelo BfR e um relatório feito pela Monsanto e outras entidades interessadas no assunto. O estudo divulgado no dia 15 descobriu que os pesquisadores do BfR plagiaram o relatório do setor agroquímico. Parágrafos inteiros do texto, descrevendo estudos, relevância e confiabilidade, foram retirados do outro texto, perfazendo um total de 50,1% do texto do BfR como sendo plágio. Assim, a base para decisão da Comunidade Europeia tem sua origem em um relatório feito pelo setor interessado na liberação do glifosato. Segundo Weber e Burtscher, isto afeta a validade da conclusão de que o produto não representa um risco para os seres humanos.
Apesar do plágio, não é possível ainda dizer que o produto realmente apresenta um risco para a saúde das pessoas que estão expostas. Alguns estudos afirmam que sim; outros, que somente em casos de elevada exposição. A segunda opção parece ser o mais correto, mas somente com mais estudos será possível afirmar sobre os riscos do produto. De qualquer forma, o plágio no estudo levanta dúvidas sérias sobre o assunto.
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