Na medida que o tempo passa e novas informações são apresentadas, a prisão de Carlos Ghosn, ex-CEO da Nissan, torna-se mais "estranha". Preso desde novembro e sem chances de sair tão cedo da cadeia no Japão, Ghosn é acusado de "violação de confiança" e "declaração a menor de renda", o que tem implicações sobre o pagamento de imposto de renda. O executivo negou as acusações.
O executivo, que esteve à frente da aliança entre as montadoras Renault, Nissan e Mitsubishi - que vende cerca de 10 milhões de veículos por ano e tem 500 mil funcionários -, é suspeito de usar a Nissan para encobrir perdas financeiras de investimentos pessoais no valor de US$ 17 milhões (cerca de R$ 63 milhões).
Ele é acusado ainda de fazer pagamentos equivalentes a US$ 14,7 milhões (aproximadamente R$ 55 milhões) ao empresário saudita Khaled al-Juffali usando recursos da Nissan em troca de uma carta de crédito que seria usada também para cobrir prejuízos com seus investimentos pessoais.
Ghosn foi detido pela primeira vez em 19 de novembro de 2018, para que fosse interrogado pelas autoridades japonesas, e teve a prisão prorrogada por duas vezes em dezembro.
Se considerado culpado, o executivo pode ser condenado a até 10 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de até 700 milhões de ienes (cerca de R$ 24 milhões), conforme as leis japonesas.
Uma auditoria realizada pela Renault não encontrou, no entanto, qualquer indício de fraude.
Pouco depois da prisão de Ghosn, as montadoras japonesas Nissan e Mitsubishi removeram-no da posição que ocupava nas empresas, de presidente do conselho.
A Renault, contudo, o manteve no cargo de CEO, alegando não ter encontrado qualquer indício de fraude fiscal.
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