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30 dezembro 2018

História da Contabilidade: Relatório aos Acionistas da Cia União - Parte 2

Há mais de dois anos fiz uma postagem sobre um relatório anual da Companhia União e Indústria. Eis um trecho que postei:

A estrada foi muito importante para o desenvolvimento da cidade mineira e representou a primeira rodovia que utilizou a técnica de pavimentação Macadame na América Latina. Para construir a estrada, Ferreira Lage contou com empréstimo externo (decreto 1.045 de 1859) e empréstimo externo (Decreto 2505. de 1859). Da estrada sobraram várias construções, incluindo pontes, viadutos e estações. A estrada faz parte dos sistemas rodoviários estaduais e federais: RJ 134, BR 393, RJ 131, RJ 151, MG 874, BR 267 e BR 040 (ex- BR3).

(...) O projeto de financiamento do empreendimento incluía empréstimos externos, aportes do tesouro e obras executadas por fazendeiros beneficiários da rodovia. (...) Em 1861 a Companhia União e Indústria faz algo diferente, ao divulgar um extenso relatório para assembleia geral dos acionistas. São 66 páginas que incluía não somente o balanço da empresa, mas também uma análise das obras da estrada que estava em construção, uma apuração do custo da légua (medida de distância, ainda hoje usada em alguns lugares do país), um detalhamento dos dois empréstimos decorrentes dos decretos citados anteriormente, uma apuração do resultado por trecho da estrada, entre outras informações. Ferreira Lage faz uma dissertação sobre a situação da empresa e das dificuldades encontradas na execução da obra.


Na verdade existe uma relatório anterior ao citado na postagem: o relatório apresentado para assembleia dos acionistas, em 31 de agosto de 1855 pelo diretor presidente. São 36 páginas de descrição do trabalho da empresa. Nele, Ferreira Lage dirige aos acionistas para contar o que foi feito pela empresa, incluindo as normas, o que se passava na estações de Juiz de Fora, Saudade e Barbacena, a dificuldades encontradas com a falta de recursos humanos e uma discussão sobre tecnologia. Neste último quesito, Ferreira Lage cita a questão da declividade da estrada: uma estrada com pouco declive significa uma estrada mais longa para encontrar uma região com menos montanhas. E uma crítica pelo fato do país não possuir estradas de ferro, mas sim um transporte baseado no carro de boi.

Na página 23 do relatório de 1855 Ferreira Lage chega a afirmar do custo alto de construção de uma estrada de ferro em relação o encontrado na Europa. Segundo a estimativa do presidente, o custo brasileiro seria de quase o dobro do existente na Europa.

O relatório é datado de 25 de julho de 1855. No apêndice tem um quadro descritivo de propriedades, terrenos e benfeitorias. O quadro é assinado pelo presidente da Camara Municipal de cada cidade:

Os abaixo assignados, sendo convidados pelo Director Presidente da Companhia - União e Industria - , afim de emittirem a sua opinião sobre as avaliações precedentes, declarão que, tendo perfeito conhecimento e bemfeitorias mencionadas no quadro suppra, são suas avaliações, não só exactas como em geral muito abaixo de seu valor real


E no quadro tem o termo “valor infimo presumivel”.

O relatório encerra, na sua última página, com o balanço da empresa. No lado do ativo, o balanço inicia-se com a conta “acionistas - importe de 9 prestações a realizar sobre 6000 ações emittidas” e logo depois as ações não emitidas. Incluem nestes ativos: máquinas e instrumentos, móveis, utensílios, gado, ajudas de custo, ordenados e despesas gerais. Do lado do passivo, inicia-se com o capital a realizar, capital realizado, obrigações a pagar, lucros e perdas. E terminar com algumas receitas da empresa. O balanço pode ser visto a seguir:

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