Há meses fizemos diversas postagens sobre a possibilidade de venda de parte do capital da Aramco. Para quem não sabe, a Aramco é a empresa de petróleo estatal da Arábia Saudita, totalmente controlada pelo seu governo. O governo do país anunciou a intenção de vender 5% das ações da empresa com dois objetivos: garantir recursos para financiar projetos de desenvolvimento do país no futuro e, talvez, modernizar a empresa.
A venda das ações enfrenta vários desafios. A necessidade de informar aos investidores sobre o desempenho da empresa. Atualmente a contabilidade desta empresa não está disponível e a evidenciação é necessária para que os analistas possam estudar quanto vale a parcela que será vendida. Como consequência, a empresa deve escolher a base de mensuração, se o US GAAP ou IFRS. Na realidade esta escolha dependerá em que bolsa as ações serão comercializadas. Outro ponto importante é resolver a questão fiscal: atualmente a carga tributária da empresa é muito alta e o governo deve alterar as normas tributárias.
Mas nos últimos meses, parece ter reduzido a possibilidade de abertura do capital da empresa. Alguns fatores podem explicar isto:
a) O preço do petróleo aumentou, o que reduz a necessidade de captar recursos por parte do governo saudita
b) A morte do jornalista saudita na Turquia, provavelmente a mando de bin Salman, fez aumentar a percepção do país e do herdeiro, principal incentivador da abertura do capital
c) O fato de que os analistas parecem não concordar com a avaliação de 2 trilhões da empresa, o que significa que o volume a ser captado será menor que o imaginado pelo regime saudita
d) Talvez dificuldades internas, normais em uma empresa estatal.
A Bloomberg publicou recentemente um texto sobre as dificuldades da oferta de ações. WolStreet comentou, anteriormente, sobre o assunto, dizendo que a IPO está destinada ao fracasso.
Leia também: quanto vale a Aramco, confusões sobre a IPO, governança e valor de mercado, o perigo da evidenciação, a IPO será cancelada?
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