Barry Ritholtz analisa o custo de construir e manter instalações esportivas nos Estados Unidos. Segundo dados do New York Times, cerca de 330 mil novos assentos em arenas esportivas tiveram um custo de 7,5 bilhões de dólares, sendo 2,75 bilhões pagos pelos contribuintes dos Estados Unidos. Ou 8.200 mil dólares por assento.
O colunista apresenta quatro razões para a não construção destas arenas:
1. Concorrência : Esportes e música ao vivo são negócios incrivelmente bem-sucedidos e lucrativos em geral. Eles devem ser capazes de competir por conta própria pelos dólares dos consumidores. Se um local não puder gerar a receita necessária, isso indica que ele é mal administrado ou visto como não é necessário pelo mercado. Em ambos os casos, os contribuintes não deve subsidiá-lo.
2. Riquezas para os ricos: as equipes esportivas são propriedades extremamente valiosas. Por que os não-proprietários devem subsidiar empresas que podem facilmente construir suas próprias instalações? Os subsídios do contribuinte também distorcem o cálculo do mercado, destruindo os sinais que a oferta e a demanda devem enviar. Portanto, os donos ricos não apenas evitam pagar o custo total por seus locais, mas também obtêm toda um aumento do valor de suas equipes. E diminuindo o custo real da operação, os subsídios tornam muito mais fácil para os proprietários ricos obter lucro.
3. Impacto econômico : os acadêmicos analisaram os dados e há pouca dúvida: os estádios acrescentam pouco ou nada à economia local. Certamente não vale a pena dar bilhões de dólares para essas empresas. O retorno do investimento para o público é nulo. Esses subsídios perdulários têm demonstrado pouco ou nenhum impacto econômico positivo nos municípios e estados.
4. Prioridades : Dado o estado da infra-estrutura do país , é possível imaginar que possa haver projetos com maior prioridade para os dólares dos contribuintes. (...)
Nós, brasileiros, temos experiência sobre este assunto. Talvez o nosso caso seja pior, já que os estádios construídos geraram não somente valores elevados de construção, mas representam hoje um grande problema em razão do custo elevado de manutenção. A falácia do custo perdido impede que a quase totalidade destas obras seja simplesmente derrubada.
Em 2012 fizemos uma análise do custo dos estádios da Copa. Afirmamos que “talvez” (em negrito) o custo da copa não estivesse tão superfaturado assim. Naquele momento, com um câmbio a 2,02, 587 mil assentos custavam 4,1 bilhões de dólares ou cerca de 7 mil dólares por assento para o contribuinte, um pouco abaixo do valor citado pelo colunista (aqui outros valores). Quatro pontos nestes cálculos: (1) os valores brasileiros precisariam ser atualizados (2) cada arena esportiva possui sua estrutura e torna-se complicado fazer estas comparações; (3) o desembolso do contribuinte brasileiro continua, já que ainda existem gastos de manutenção das arenas; e (4) o valor de 8.200 dólares refere-se somente a parcela paga pelo contribuinte, enquanto que os 7 mil dólares dos estádios brasileiros dizem respeito ao custo total. Provavelmente os três primeiros pontos podem significar um aumento no valor do estádio no Brasil, enquanto o último seria desfavorável ao caso dos EUA.
(Fotografia: Estádio Mané Garrincha, um dos estádios que deveriam ser derrubados, se prevalecesse a análise dos números)
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