Na década de oitenta, as principais empresas de auditoria começaram um processo de fusão / aquisição que resultou em cinco grandes empresas globais. O que era Big Eight virou Big Five. A crise da Enron teve como consequência o fechamento da Arthur Andersen e sobraram quatro grandes empresas: KPMG, EY, Deloitte e PwC. O domínio das Big Four é muito expressivo em quase todos os mercados de capitais do mundo.
Apesar da dificuldade de medir a qualidade do trabalho do auditor e de algumas mudanças na legislação - como o rodízio, as Big Four não podem reclamar da situação. Ou não podiam. Os problemas parecem ter iniciado com a quebra da empresa britânica Carillion. Ao contrário de outras situações, onde os problemas de auditoria estavam direcionados a uma ou duas das Big Four, na Carillion todas Four estão envolvidas. Além disto, o governo britânico tem uma tradição contábil respeitável, o que inclui bons reguladores e boas normas. Finalmente, a Carillion era uma grande empresa e seu fechamento trouxe problemas para a economia britânica. O regulador não ficou satisfeito.
Agora, uma comissão parlamentar trouxe um relatório analítico sobre o problema Carillion. E não perdoou ninguém: executivos, auditores, reguladores e governo não foram poupados. A culta dos diretores foi citada, assim como a falta de coragem do governo em enfrentar a imprudência das empresas. O Financial Reporting Council, responsável pela contabilidade na Grã-Bretanha, assim como o regulador na área de pensões, foram considerados passivos: “não temos confiança em nossos reguladores” (...) “mentalidade passiva e reativa” foram termos usados. Segundo o Guardian, a FRC deve ter mais poder, para ser mais agressivo e proativo, desde que mude sua cultura.
Auditores - Este talvez seja o ponto mais interessante do relatório. Os parlamentares sugerem que sejam aplicadas normas de concorrência, o que pode incluir o desmembramento à força. As empresas tiveram receitas elevadas e foram “incapazes de ter um grau de independência necessária”. Outra possibilidade é a separação do negócio de consultoria da auditoria.
A questão parece que atingiu fundo as Big Four, que, segundo o Financial Times (via aqui) estariam planejando uma reação. Segundo o relatório:
“É uma relação parasitária que vê os auditores prosperarem, independentemente do que acontece com as empresas, funcionários e investidores que dependem do seu escrutínio.”
O presidente da KPMG no Reino Unido reconheceu a existência de um oligopólio e que a empresa está pensando em um desmembramento há algum tempo. O negócio, como está, seria insustentável.
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