Dica do Vladmir para um artigo de Homero Junior que investiga um complexo de vira-lata na adoção das normas contábeis internacionais (IFRS):
o complexo de vira-lata se manifesta através de escolhas lexicais que caracterizam a adoção das IFRS como evidência de progresso, da descrição da tradição do direito civil (code law) como uma fraqueza, e da representação do sistema contábil brasileiro como inferior a estrangeiros baseada em modelos classificatórios desenvolvidos em países anglo-saxões. Dada a interligação entre o campo acadêmico e o campo profissional na contabilidade brasileira, tais resultados sugerem haver um elemento relevante de colonialidade na consolidação e legitimação das IFRS no Brasil.
Um dos textos citados:
a criação do CPC, em 2005, por exemplo, com o objetivo de cuidar dos assuntos referentes aos Pronunciamentos Técnicos inerentes à convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais, foi um avanço considerável no país
Perto da conclusão o autor comenta:
Em conjunto, as caracterizações do direito civil como uma fraqueza, do sistema contábil brasileiro em condição de inferioridade e da adoção das IFRS como sinal de progresso são estratégias discursivas que evidenciam uma alta pervasividade do estrangeirismo na produção acadêmica brasileira, indicando haver um forte elemento de colonialidade na consolidação e legitimação das IFRS no país.
Talvez parte do discurso apontado pelo autor seja uma tentativa de "legitimar" a adoção das IFRS. De qualquer forma, o assunto é pertinente e muito atual. Fantástico.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O autor em questão é o mesmo que em um outro post foi criticado por ter um blog sobre contabilidade e pensamento de esquerda há uns três anos atrás aqui no blog.
ResponderExcluirPrezado: confessor que não lembro da crítica e procurei, não encontrando. Observe que a postagem é um reconhecimento da qualidade do trabalho.
ResponderExcluirDurante anos adotamos aqui no blog uma postura crítica com respeito as normas de contabilidade e ao Iasb. De certa forma considero que o texto reflete um pouco este posicionamento crítico, independente de ser "esquerda" ou "direita".