O equilíbrio entre esquerda e direita (ou a falta dele) nas universidades públicas é tema de controvérsia permanente. Dentre os métodos disponíveis para medir a correlação de forças, uma das formas menos subjetivas é avaliar a bibliografia disponível nas bibliotecas. Foi o que fez a Gazeta do Povo, levando em conta as cinco maiores universidades brasileiras de acordo com o renomado ranking da Times Higher Education – todas públicas.
Listas dos autores mais influentes em cada grupo serão sempre objeto de questionamento. Mas é possível chegar a um time de pensadores incontestáveis de cada lado. A lista utilizada na comparação tem, na esquerda, Karl Marx, Vladimir Lenin, Antonio Gramsci, Jean-Paul Sartre e Paulo Freire. Na direita, Adam Smith, Edmund Burke, Ludwig Von Mises, Roger Scruton e Thomas Sowell.
É evidente que fatores diversos pesam no número de livros disponíveis – um autor com mais obras tende a ter mais volumes, por exemplo. Ainda assim, a desproporção é evidente, e um sinal de que a diversidade de ideias não vai bem: a contabilidade final aponta para 7.701 obras dos cinco autores de esquerda contra 712 dos cinco de direita.
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Ainda assim, os números não convencem a todos: “O que importa é a relevância dos autores em relação à perspectiva histórica e teórica que eles têm. Essa é uma falsa questão”, diz Alexandre Bernardino Costa, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB). “Paulo Freire é um educador difundido no mundo inteiro. Você vai colocá-lo ao lado de um pensador de direita que não tem a mesma expressão dele?”, indaga.
Mas, na visão do professor de Filosofia Rodrigo Jungmann, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a contabilidade evidencia um problema crucial: “Isso reflete a maioria esmagadora de professores esquerdistas nas universidades, que desejam que seus alunos tenham uma exposição quase que exclusiva a autores de esquerda”.
O docente diz que a falta de equilíbrio traz consequências negativas para os alunos. “Você só pode formar uma opinião bem abalizada sobre um assunto quando você tem acesso a todas as perspectivas, as várias linhas teóricas concorrentes e antagônicas em torno do assunto, com a visão devidamente equilibrada”, argumenta.
Grifo do blog, para destacar o absurdo da afirmação. Fonte: Gazeta do Povo
Para descontrair, fiz um levantamento parecido no blog Contabilidade Financeira, pesquisando em quantas postagens o nome de cada um dos autores é citado, não importando o motivo da menção. A primeira aparição de muitos deles foi exatamente nesta postagem.
ResponderExcluirO resultado: grupo da esquerda - 15; grupo da direita - 11.
O "desempenho" de cada um:
Marx - 8
Lenin - 2
Freire - 2
Sartre - 2
Gramsci - 1
Sowell - 4
Von Mises - 3
Smith - 2
Burke - 1
Scruton - 1
Gostei muito do levantamento. Não tinha pensado nisto antes! Postei este resultado. Grato.
ResponderExcluirAs universidades continuam firmes no caminho do atraso, e não é só no Brasil. Veja esse levantamento da Times Higher Education, de 2007:
ResponderExcluirhttps://www.timeshighereducation.com/news/most-cited-authors-of-books-in-the-humanities-2007/405956.article
http://www.valor.com.br/valor-investe/casa-das-caldeiras/3384674/nem-marx-previu-o-capitalismo-nao-sabe-o-que-fazer-com-o-di#ixzz2qKm6gsxT
Muito bom os dois links
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