Numa postagem de ontem reproduzimos um texto de um jornal português sobre a uberização da contabilidade. Além de reproduzir o texto, fizemos alguns comentários sobre as ideias apresentadas no jornal.
O termo uberização naturalmente é originário do nome da empresa Uber. Em termos conceituais, refere-se a transição de um modelo operacional onde os agentes econômicos trocam uma capacidade subutilizada de recursos, com baixo custo de transação. No caso do Uber, a empresa criou um aplicativo que permite que os usuários solicitem o serviço de motoristas que utilizam seu próprio automóvel. O custo de transação é reduzido, já que não existe o processo burocrático de um táxi; para o motorista, prestar este serviço pode ser interessante nas horas vagas, por exemplo, quando seu automóvel estiver subutilizado. O papel da empresa é aproximar o cliente do prestador de serviço.
A uberização depende da tecnologia existente no dia de hoje, onde clientes podem acessar rapidamente a plataforma da empresa, que irá prestar serviço indicando um motorista. A empresa é um intermediário entre dois agentes econômicos. Para garantir a qualidade do serviço e criar incentivos para o motorista e cliente, a empresa adota um sistema de classificação da qualidade do serviço.
A Uber não é a única empresa onde isto ocorre. Airbnb, de locação de espaços físicos, ou eBay, de venda de artigos.
Voltamos então ao artigo. No texto o autor afirma:
Tecnologia aplicada ao serviço é o futuro
Se a uberização fosse somente isto, a ideia do texto estaria correta. Mas trata-se da criação de um vínculo entre cliente e prestador de serviço, através de uma empresa (Uber, Airbnb, eBay etc). Observe no seguinte texto:
Se imaginarmos que o “destino” pretendido pelos clientes dos contabilistas é o cumprimento atempado das obrigações fiscais, então teremos uma “viagem” normal, semelhante àquela que é proporcionada pelo serviço de táxi tradicional.
Pelo texto, realmente a contabilidade NÃO poderia ser comparada, já que não existiria o “prestador de serviço”. Poderia existir a Uberização da Contabilidade se:
a) eu criasse uma empresa chamada ContUber, por exemplo;
b) criasse um app de fácil uso para qualquer pessoa interessada (e que tivesse um cartão de crédito);
c) criasse um banco de dados de profissionais contadores
d) um cliente, desejando resolver um problema contábil, acessaria o App, indicando seu problema;
e) baseado na descrição, a ContUber mandaria um profissional, que não teria vínculo empregatício com a ContUber, com as habilidades desejadas;
f) o serviço seria prestado pelo profissional;
g) o cliente avaliaria a qualidade do serviço, pontuando num sistema de ranking;
h) Com o pagamento para ContUber, esta passa uma parcela do dinheiro para o profissional que prestou o serviço. Tanto o cliente quanto o profissional seriam avaliados; baixa avaliação significa ser descadastrado da ContUber.
Este seria realmente uma situação de Uberização da Contabilidade.
(Esta postagem surgiu de uma dúvida de um leitor. Grato.)
Não fosse a burocracia para troca de responsabilidade técnica, acredito que o modelo de negócio sugerido seria viável.
ResponderExcluirGrato pela resposta à minha dúvida.
Hoje a gente tem visto a contabilidade online e cada vez mais a utilização de tecnologias para a escrituração fiscal e contábil.
Também vale mencionar que no BrasilSped já vem fazendo algo semelhante ao que está ocorrendo em Portugal.