O blog Marginal Revolution anunciou que o economista Baumol faleceu. Durante anos este blog postou diversos textos sobre um dos grandes economistas.
Por diversas vezes Baumol esteve entre os fortes candidatos a receber o Nobel de Economia. Infelizmente isto não ocorreu. A falta da premiação não diminui os méritos do economista. A primeira vez que deparei com o nome de Baumol foi ao estudar capital de giro. Baumol aproveitou a ideia do lote econômico de compra e aplicou para a gestão do caixa. O modelo parece hoje bastante simples, mas ajuda a explicar o fato de que grandes empresas fazem muitas transações de investimento com os recursos financeiros, enquanto pequenas empresas não se incomodam com deixar o dinheiro parado no banco: o custo da transação e a rentabilidade explicam esta diferença de comportamento. Também ajuda a explicar a razão pela qual as pessoas, em ambiente inflacionário, buscavam diariamente aplicar seus recursos. Quem viveu na época anterior ao Plano Real sabe o que isto significa.
A partir do modelo do Baumol de gestão de caixa outros modelos foram construídos. Mas a ideia de ter dois ativos - caixa e investimento - com custo de transação e rentabilidade foi de Baumol.
Infelizmente Baumol é pouco conhecido na área contábil. Pergunte a um especialista de custo ou do setor público se já ouviu o nome do economista. Um trabalho seu da década de sessenta é fundamental para estas duas áreas: a doença do custo. Estudando a evolução dos custos em diversos setores, Baumol, em conjunto com Bowen, propôs a ideia de que a redução dos custos proporcionada pela automoção da economia não representava um ganho para todos os setores. Usando o exemplo de uma orquestra sinfônica é possível perceber que criar máquinas não irá reduzir o custo de tocar a Sinfonia número 9 de Beethoven. O número de músicos e cantores é o mesmo que era exigido no século XIX, XX ou XXI. Outro setor onde não ocorreram grandes ganhos de produtividade é a educação. Para ensinar as partidas dobradas é necessário um professor para trinta ou quarenta alunos. A existência de computadores não afeta esta relação (o ensino a distância foi discutido aqui). Isto ajuda a explicar os custos exponenciais da educação. A saúde é outra área onde existe a doença dos custos.
Como no Brasil a constituinte obriga que o governo cumpra seu papel na saúde e educação da população, a doença do custo ajuda a explicar a dificuldade de reduzir as despesas públicas. E o cenário futuro é pouco animador, já que os custos nestas duas áreas são crescentes em relação a outros setores.
Duas ideias brilhantes oriundas de um dos maiores economistas do século XX: Baumol.
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