Uma das grandes
vertentes de pesquisa na área financeira é como as pessoas reagem aos preços.
Nos dias de hoje, os pesquisadores utilizam o mercado acionário. Assim que uma
notícia é divulgada, é possível perceber a potencial reação dos investidores.
Caso a notícia não seja pública, alguns investidores podem atuar, comprando ou
vendendo ações e, por consequência, mudando o preço das ações. Assim, também é
possível usar o mercado acionário para verificar como as informações privadas,
que somente algumas pessoas possuem, afetam os preços. Nos dias de hoje o
problema é a grande quantidade de informação que é gerada, seja pública ou
privada. Como certificar que o movimento de preço de uma ação foi decorrente de
uma informação específica. De certa forma, culpa dos dias atuais.
No passado, quando o
fluxo de informação era muito menor, era mais fácil de associar uma informação
específica a um movimento de preço. Baseado neste princípio, um pesquisador da
Stanford University, Peter Koudijs, utilizou dados passados para tentar
entender como o movimento de preços atua diante de novas informações. Koudijs
estudou o mercado acionário de Amsterdã. A grande inovação na pesquisa é que
ele usou os dados do século dezoito, das empresas britânicas. A ideia é muito
interessante. Entre 1771 a 1787, o mercado de ações da cidade holandesa
negociava ações de companhias britânicas. Algo em torno de 20 a 30% dos
negócios destas empresas. As principais informações destas empresas eram
trazidas por barco, duas vezes por semana. Em alguns casos, o barco se
atrasava; em muitas situações, juntamente com as informações públicas – de
jornais, por exemplo, existiam informações privadas – cartas endereçadas a
investidores holandeses. Assim, Koudijs tinha um ambiente muito propício para
analisar o impacto de novas informações de conhecimento público, bem como as
notícias derivadas de informações particulares. Ele pode analisar como os
preços respondiam a chegada das notícias e, também, a “não” chegada de
notícias. O pesquisador calculou a volatilidade, a relação de preços entre o
mercado de Londres e Amsterdã, o efeito da liquidez das ações, entre outros
aspectos.
Koudijs descobriu que
as informações públicas explicaram mais de 50% da variância do retorno nos dias
da chegada do navio e 40% da variância total. Mas as informações privadas
também tinham um papel relevante: de 25% e 35%, nos dias com e sem navios.
Ao usar dados
“antigos”, muitas vezes desprezados pelos pesquisadores, Koudijs indicou a
relevância da informação na movimentação dos preços.
KOUDIJS, Peter. The
boats that did not sail. The Journal of Finance, vol 71 n. 3 , junho de
2016.
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