Fato: Desemprego é recorde
Data: 29 dezembro de 2016
Como é feito o levantamento = Mensalmente o setor formal da economia entrega as informações sobre os funcionários existentes, com dados sobre idade, renda, tempo de emprego, formação e área de atuação. A imprensa geralmente se interessa pela informação global. O blog faz uma coleta dos dados de empregos no setor contábil e divulga aos leitores. Utilizamos a classificação brasileira de ocupações e a informação é divulgada com um mês de atraso. Coletamos a informação por gênero, tempo de emprego dos demitidos, idade média, entre outros itens.
Relevância = Os dados indicam a maior recessão do setor contábil dos últimos anos. Isto pode ser um problema estrutural (substituição da mão de obra por computadores), mas também em razão da recessão econômica. De qualquer forma, devemos chegar a 30 mil vagas reduzidas desde o início de janeiro de 2014. As informações mostram que mais 70% das demissões é sem justa causa. Também é possível notar que há uma redução da folha de pagamento, já que os contratados irão receber menos que os demitidos. É a crise.
Notícia boa para contabilidade? Ruim. E infelizmente notamos a baixa repercussão desta notícia no setor contábil. Pelo contrário, as entidades estão atuando como se aquelas frases feitas ("contabilidade é a profissão do futuro", "não existe desemprego para o contador", entre outras) fossem verdadeiras
Desdobramentos = No final de janeiro devemos ter o dado de 2016. Pelos anos anteriores, dezembro tem mais demissões que admissões. Tudo leva a crer que o teto de 30 mil vagas serão destruídas desde janeiro de 2014.
Mas a semana só teve isto? Tivemos mais um escândalo na Toshiba.
31 dezembro 2016
30 dezembro 2016
Novo auditor
A Petrobras irá contratar KPMG como auditor, em substituição a PwC. Esta é uma notícia da semana passada. Mas somente agora este blogueiro percebeu a manchete do Going Concern, com uma observação: "não a Deloitte, obviamente"
29 dezembro 2016
Desemprego no setor contábil continua aumentando. E deve continuar piorando.
A divulgação dos dados de emprego formal referente ao mês de novembro pelo governo federal, a partir do Caged, mostra que a situação do setor contábil continua piorando. Em novembro foram admitidas 6.364 pessoas no setor (considerando aqui contadores, auditores, escriturários de contabilidade e técnicos em contabilidade); ao mesmo tempo, foram desligadas 8.188 pessoas, sendo 71,4% delas sem justa causa. Se em agosto foram admitidas 7.868 pessoas, este número diminuiu nos meses seguintes: 7.296, em setembro, 6.858 em outubro e atingindo um valor 20% menor em novembro. O mês de novembro foi o quarto pior do ano em termos de redução de postos de trabalho formal. Na contagem que fazemos acumulada de janeiro de 2014 até o mês de novembro temos um total de menos 28,5 mil vagas no setor.
Como é praxe, o salário dos admitidos é bem menor que dos demitidos: em novembro era 20% menor, algo próximo ao que ocorreu nos meses anteriores. Em novembro confirmou uma tendência ruim: o tempo médio de emprego das pessoas desligadas cresceu, atingindo o ponto máximo de 36,28 meses. Isto significa dizer que as pessoas que estão sendo demitidas são aquelas com uma grande experiência no serviço. Além disto, novembro de 2016 teve outro recorde negativo: desde que este blog passou a acompanhar as informações do Caged, foi a maior idade média dos demitidos (32,77 anos), o que de certa forma confirma o dado anterior.
Também novamente, o número de mulheres demitidas foi superior ao dos homens. Isto fez com que a movimentação líquida do emprego no gênero feminino, representado pela diferença entre admissão e demissão, fosse de -1.259, versus -565 dos homens. Note também que crise atingiu mais os profissionais com curso médio completo e os escriturários.
Para finalizar, talvez os dados de dezembro sejam ainda piores. Em 2015 e em 2014 dezembro foi o pior mês em termos de destruição de vagas: -3.118 e -2.416.
Como é praxe, o salário dos admitidos é bem menor que dos demitidos: em novembro era 20% menor, algo próximo ao que ocorreu nos meses anteriores. Em novembro confirmou uma tendência ruim: o tempo médio de emprego das pessoas desligadas cresceu, atingindo o ponto máximo de 36,28 meses. Isto significa dizer que as pessoas que estão sendo demitidas são aquelas com uma grande experiência no serviço. Além disto, novembro de 2016 teve outro recorde negativo: desde que este blog passou a acompanhar as informações do Caged, foi a maior idade média dos demitidos (32,77 anos), o que de certa forma confirma o dado anterior.
Também novamente, o número de mulheres demitidas foi superior ao dos homens. Isto fez com que a movimentação líquida do emprego no gênero feminino, representado pela diferença entre admissão e demissão, fosse de -1.259, versus -565 dos homens. Note também que crise atingiu mais os profissionais com curso médio completo e os escriturários.
Para finalizar, talvez os dados de dezembro sejam ainda piores. Em 2015 e em 2014 dezembro foi o pior mês em termos de destruição de vagas: -3.118 e -2.416.
Retrospectiva 2016
O ano de 2016 foi muito movimentado. Muita coisa ocorreu e a postagem tentar fazer um breve resumo dos principais fatos.
Perdas
Entre as pessoas que irão deixar saudade duas tiveram um papel importante para a contabilidade. Em janeiro faleceu o advogado Oxley, um político que foi responsável por uma legislação que visava a melhoria dos controles internos das empresas dos Estados Unidos, em razão do escândalo da Enron. A norma ficou conhecida como SarbOX, uma “abreviatura” do nome dos dois congressistas.
Em abril faleceu Iran Siqueira Lima. Ex-diretor do Banco Central, ex-professor da Universidade de Brasília e mais tarde da Universidade de São Paulo e Fipecafi. Foi um dos responsáveis pelo crescimento e consolidação da fundação de apoio do departamento de Contabilidade da USP.
Normas
Num momento que os reguladores estão sendo pressionados para reduzir o ritmo de novas normas, o ano de 2016 será marcado com várias delas. Em janeiro, o Iasb aprovou a nova norma de leasing. Em março, aprovou-se o novo código de processo civil brasileiro. Em julho, um novo relatório do auditor independente. No segundo semestre, mais um trecho da nova estrutura conceitual. Em novembro, o Iasb define a sua agenda, com uma proposta de reduzir o número de normas, retirando de sua agenda uma discussão sobre efeitos da inflação. E no final do ano, novas normas de reconhecimento da receita e instrumentos financeiros para as empresas brasileiras. Mas talvez a principal norma para sociedade é a adoção da prática do profissional contábil ter que informar a sociedade o não cumprimento da lei. Há esperanças.
Reguladores
No início do ano, o historiador holandês Hoogervorst foi reconduzido ao cargo de presidente do Iasb. Comprovação que está fazendo um bom trabalho ou a entidade preferiu não correr o risco de fazer outro processo de escolha. No final do ano, após a eleição de Trump para os Estados Unidos, a manda-chuva da SEC, White, anunciou sua saída do cargo. Comenta-se que o próximo escolhido será alguém que não gosta de regulação. O ano de 2016 representou também o momento que executivos de uma empresa, a Mundial, foram punidos pela CVM, quarenta anos depois da Lei 6.404. A CVM também puniu uma empresa por não ter escrituração contábil e um profissional que possui a “maior” condecoração contábil do CFC.
Diversão
Quatro fatos que ocorreram no ano que guardam relação com a contabilidade. A febre do Pokemon Go e o desastre onde faleceu o time de Chapecoense podem gerar uma discussão entre contadores sobre o intangível e como é difícil mensurar certos eventos. O terceiro fato foi as Olimpíadas. O sucesso dos jogos esteve acompanhado de uma surpreendente qualidade nos gastos: este blog destacou que pesquisas comparativas mostraram que o Rio 2016 foi um dos jogos mais “baratos” dos últimos tempos. Finalmente, o quarto fato foi o filme O Contador: numa história de ação, o profissional contábil é o herói, que distribui pancadas e tiros. Bem diferente do padrão comum de contador dos filmes de Hollywood.
Emprego
No ano que um algoritmo colocou em dúvida o taxi como meio de transporte nas principais cidades do mundo, o emprego também foi notícia na área contábil. A presença de algoritmos já é sentida no setor financeiro, onde os fundos gerenciados por robôs estão se fazendo presente. No meio do ano, uma reportagem da Exame sugeria quais seriam os empregos que irão desaparecer nos próximos anos; a polêmica envolvia a contabilidade, uma big four e um “erro de tradução” mal explicado. É sintomático que a Deloitte, uma das Big Four, tenha feito um acordo com uma empresa de tecnologia, no início do ano; esta empresa possui um software capaz de resumir dezenas de páginas de relatórios técnicos. Finalmente, os dados do ano de 2016 mostram que a questão do emprego não foi muito boa para o profissional da área: este blog coletou que milhares de vagas foram extintas ao longo do ano.
Balanços
Em janeiro, o BTG Pactual divulga dados preliminares do seu balanço na tentativa de acalmar o mercado. Em fevereiro é a vez da Vale, que anuncia um enorme prejuízo. Em março, a Petrobras divulga seu balanço, mas sem detalhar o misterioso empréstimo chinês, que obriga a empresa a comprar equipamentos do país asiático. Em maio, constata-se que o Metrô de São Paulo levou um cano do seu controlador. Neste mesmo mês, a Eletrobras informa que irá atrasar a entrega das demonstrações contábeis. Em abril percebe-se que a soma dos resultados de cinco estatais é de 60 bilhões de reais de prejuízo. Em junho, a ECT, que era um exemplo de eficiência e qualidade, divulga um prejuízo de 2 bilhões de reais. Em agosto, no novo balanço da Petrobras, percebe-se que os efeitos da corrupção ainda não foram totalmente amortizados. No mesmo mês, a Eletrobras criou uma sigla, RBSE, para resumir um fato que transformou “água em vinho” ou “prejuízo em lucro”.
Controles Internos
2016 foi o ano da falta de controles internos. Uma crise econômica e política tende a ser um ambiente favorável para que os problemas das empresas sejam melhor evidenciados. A lista é grande e aqui alguns exemplos: a Cnova perdeu muito dinheiro em razão da falta de controle nos estoques e a existência de alguns funcionários desonestos; na Telefônica, a questão estava em pagamentos indevidos a funcionários e parentes; na Latam, ao suborno de funcionários na Argentina; na Embraer, a subornos em diversos países; e na Petrobras, a existência de uma quadrilha que enriqueceu partidos políticos, políticos desonestos, empresas diversas etc.
Oi
A maior empresa brasileira de telefonia entrou com o maior pedido de recuperação judicial da história. Em razão da complexidade do assunto e dos valores envolvidos, o assunto ainda será objeto de discussão nos próximos meses.
Mundo
A Apple foi condenada a pagar uma multa bilionária em razão do planejamento tributário realizado na Europa. No meio do ano ficamos sabendo que a adoção do regime de competência na Grécia poderia ter evitado os problemas naquele país. Em abril, um consórcio de jornais divulga documentos de empresas fantasmas que foram criadas no Panamá. O escândalo provocou a renúncia do primeiro-ministro da Islândia e revelou alguns brasileiros envolvidos. Em outubro a teoria de contratos teve seu papel reconhecido no Nobel de Economia. Também em outubro, a absurda proposta de internacionalização da JBS, para evitar os impostos brasileiros (depois de ganhar muito dinheiro subsidiado pelo contribuinte brasileiro) foi recusada pelo sócio BNDES.
Falência dos Estados
Muitos estados estão em situação de “quase” falência. Com salários e contas atrasados, a gestão dos políticos não foi acompanhada de perto pelos tribunais de contas e deixou de ser discutida nos debates políticos. Além disto, setores privilegiados não querem abrir mão das benesses e isto tem sido ajudado por medidas judiciais.
Blog
A principal notícia do blog é que ele continua produzindo postagem. Em fevereiro atingimos 10 mil seguidores no Instagram. Em abril comemoramos 10 anos do blog. Chegamos também a 4 milhões de views e mais de 20 mil postagens. Passamos a divulgar mensalmente os dados de emprego formal do setor, a partir da base Caged.
É bem verdade que o ritmo diminuiu em 2016, em razão dos compromissos outros de César, Isabel e Pedro. Mas estamos vivos e prontos para 2017.
OS DOIS GRANDES FATOS DO ANO
Mero Crime Contábil
Quando em janeiro o governo anunciou um déficit nas suas contas, poucos poderiam imaginar que o presidente da república seria cassado meses depois. Na realidade os problemas de manipulação das contas públicas já existiam nos anos anteriores, mas tornaram-se rotina em 2014 e 2015. No início, o fato foi tratado como “mero crime contábil”, sendo que o termo “contábil” contribuiria para diminuir a gravidade do fato.
A análise realizada pelos técnicos do TCU e por assessores do Congresso mostrava que a Lei de Responsabilidade Fiscal tinha sido desrespeitada. O parecer técnico era muito claro para ser desconsiderado. Ajudou também a revelação que existia na Petrobras uma quadrilha de corruptos e que isto também estava presente no BNDES, Eletrobras, fundos de pensão (Operação Greenfield), entre outros. As provas foram aparecendo e era inegável que nunca antes neste país o Estado estava tomado por pessoas desonestas. Outro fato é a má gestão do presidente.
O novo presidente assume com a tarefa de tomar medidas impopulares, resolver os questionamentos sobre sua legitimidade e tentar se livrar de políticos desonestos. Talvez Temer não seja o Itamar Franco, que assumiu numa crise e deixou um legado de honestidade e estabilidade econômica, nem um Goulart, que piorou a situação do país.
De qualquer forma, a notícia é que um crime contábil foi responsável pela deposição do presidente da república.
Delação
A delação premiada mostrou que diversas empresas tinham práticas desonestas como regra. Numa delas, existia um setor de propinas. Ricos empresários foram presos e ficaram presos. Ao fazer a delação, as pessoas começaram a mostrar as práticas corruptas existentes nos negócios entre o setor privado e o setor público, não somente no Brasil, mas também em outros países. A delação da Odebrecht talvez seja o ponto alto deste processo, indicando que a empresa era claramente desonesta. As multas impostas estão dentro da filosofia de salvar a empresa e os empregos; mas ainda haverá mais punições para os executivos.
28 dezembro 2016
27 dezembro 2016
Perdão, pois fui pego
Se você é daqueles que pensam que não existe corrupção e safadeza nos países desenvolvidos eis um exemplo que vem do Japão:
Durante sete anos os executivos da Toshiba superestimaram os lucros. Com isto, receberam mais pelo "desempenho" da empresa. Em 2015, Tanaka e seus companheiros reconheceram o erro. Talvez a diferença esteja nesta atitude:
É claro que a única razão pela qual o Sr. Tanaka se desculpou e se demitiu não é porque ele realmente estava manipulando a contabilidade por sete anos, um período durante o qual o CEO certamente recebeu dezenas senão centenas de milhões de ações e remuneração. Mas [ele se desculpou e se demitiu] por que ele foi pego.
Na segunda o WSJ afirmou que a empresa espera uma nova amortização em razão dos custos de reatores nucleares que está construindo.
Durante sete anos os executivos da Toshiba superestimaram os lucros. Com isto, receberam mais pelo "desempenho" da empresa. Em 2015, Tanaka e seus companheiros reconheceram o erro. Talvez a diferença esteja nesta atitude:
Eis o que diz Durden sobre o caso:
É claro que a única razão pela qual o Sr. Tanaka se desculpou e se demitiu não é porque ele realmente estava manipulando a contabilidade por sete anos, um período durante o qual o CEO certamente recebeu dezenas senão centenas de milhões de ações e remuneração. Mas [ele se desculpou e se demitiu] por que ele foi pego.
Na segunda o WSJ afirmou que a empresa espera uma nova amortização em razão dos custos de reatores nucleares que está construindo.
Links
Uma análise das armadilhas do Esqueceram de Mim
Um restaurante marxista faliu
As atrações turísticas mais populares em cada país (Brasil é Iguaçu, óbvio. Também da Argentina e Paraguai)
M Odebrecht reuniu com presidente do México antes de dar suborno
Um restaurante marxista faliu
As atrações turísticas mais populares em cada país (Brasil é Iguaçu, óbvio. Também da Argentina e Paraguai)
M Odebrecht reuniu com presidente do México antes de dar suborno
Paradoxo Tullock
O Ministério Público da Suíça aponta que o envolvimento da Odebrecht em esquemas de corrupção era altamente lucrativo para a empresa. Segundo as investigações do país europeu, para cada US$ 1 milhão pago em propinas a políticos, funcionários públicos brasileiros e de estatais, a empresa lucrava US$ 4 milhões com contratos que lhe eram dados por aqueles que recebiam os pagamentos.
Jamil Chade, no Estado de S Paulo
Trata-se do paradoxo Tullock, em razão da teoria desenvolvida por este economista. O policial que não multa o motorista em razão de R$10 para o cafezinho é o exemplo disto. Para o motorista torna-se muito "vantajoso" do ponto de vista da análise custo e benefício de curto prazo. Para a sociedade (e para o Estado) é péssimo.
Existem três possíveis explicações para isto:
1. Eleitores podem punir os políticos muito corruptos ou que levam um estilo de vida acima das suas posses. Não seria interessante aos políticos exigir muito dinheiro;
2. Competição entre os políticos pode baixa o custo da propina;
3. Pode existir dúvidas sobre os corruptos e gerar desconfiança dos corruptores
Jamil Chade, no Estado de S Paulo
Trata-se do paradoxo Tullock, em razão da teoria desenvolvida por este economista. O policial que não multa o motorista em razão de R$10 para o cafezinho é o exemplo disto. Para o motorista torna-se muito "vantajoso" do ponto de vista da análise custo e benefício de curto prazo. Para a sociedade (e para o Estado) é péssimo.
Existem três possíveis explicações para isto:
1. Eleitores podem punir os políticos muito corruptos ou que levam um estilo de vida acima das suas posses. Não seria interessante aos políticos exigir muito dinheiro;
2. Competição entre os políticos pode baixa o custo da propina;
3. Pode existir dúvidas sobre os corruptos e gerar desconfiança dos corruptores
26 dezembro 2016
História da Contabilidade: Estudantes de contabilidade em 1869 no Brasil
No final dos anos de 1860 o Brasil possuía mais estudantes em contabilidade do que temos atualmente. E estamos falando de valores absolutos, não de valores relativos. Isto pode parecer estranho, já que temos a ideia de que as pessoas no segundo reinado eram incultas e o avanço do ensino da contabilidade aconteceu a partir dos anos 1990, com a expansão das faculdades particulares.
Vejamos os números. Segundo um relatório publicado pelo Ministério do Império, em 1869, existiam no país 3.378 escolas particulares e públicas de instrução primária. Deste total, mais de 2/3 eram para meninos e o restante para as mulheres. Do total, 15% estavam localizados na província de Minas Gerais, 10,7% em Pernambuco, quase 9% em S. Pedro do Rio Grande do Sul, 8,5% em São Paulo e percentual próximo na Bahia e Rio de Janeiro. Estas seis províncias, mais Ceará, tinham 2.252 estabelecimentos ou 66,7% das escolas do Brasil.
Em termos de alunos, eram 106.624, sendo que 12,3% estavam em Minas Gerais, 10,5% em Pernambuco, 9,8% no Ceará e 9,4% na Bahia, que eram as províncias com maior número de alunos. Do total, 70% eram do sexo masculino, o que mostra um elevado grau de exclusão das mulheres no ensino.
O relatório do Ministério do Império mostra também o orçamento público de cada província para educação: o Rio de Janeiro tinha o maior orçamento, seguido de Minas e, mais distante, a Bahia. O relatório comenta também dos baixos salários, da melhor qualidade das professoras (e não dos homens) e da evasão elevada.
Na página 43 do relato temos uma informação relevante:
Como já afirmamos neste blog várias vezes, o ensino de contabilidade ocorria juntamente com as primeiras noções de matemática. Assim, como em quase todas as províncias era ensinado a contabilidade no primeiro grau, podemos dizer que existiam mais de 100 mil estudantes de contabilidade no império. É bem verdade que o nível do ensino (talvez) fosse menos aprofundado que o ensino superior de contabilidade. Mas como não existia “conselhos” e amarras da legislação, o aluno que aprendesse contabilidade poderia obter emprego de caixa, escriturário ou guarda-livros.
Vejamos os números. Segundo um relatório publicado pelo Ministério do Império, em 1869, existiam no país 3.378 escolas particulares e públicas de instrução primária. Deste total, mais de 2/3 eram para meninos e o restante para as mulheres. Do total, 15% estavam localizados na província de Minas Gerais, 10,7% em Pernambuco, quase 9% em S. Pedro do Rio Grande do Sul, 8,5% em São Paulo e percentual próximo na Bahia e Rio de Janeiro. Estas seis províncias, mais Ceará, tinham 2.252 estabelecimentos ou 66,7% das escolas do Brasil.
Em termos de alunos, eram 106.624, sendo que 12,3% estavam em Minas Gerais, 10,5% em Pernambuco, 9,8% no Ceará e 9,4% na Bahia, que eram as províncias com maior número de alunos. Do total, 70% eram do sexo masculino, o que mostra um elevado grau de exclusão das mulheres no ensino.
O relatório do Ministério do Império mostra também o orçamento público de cada província para educação: o Rio de Janeiro tinha o maior orçamento, seguido de Minas e, mais distante, a Bahia. O relatório comenta também dos baixos salários, da melhor qualidade das professoras (e não dos homens) e da evasão elevada.
Na página 43 do relato temos uma informação relevante:
Como já afirmamos neste blog várias vezes, o ensino de contabilidade ocorria juntamente com as primeiras noções de matemática. Assim, como em quase todas as províncias era ensinado a contabilidade no primeiro grau, podemos dizer que existiam mais de 100 mil estudantes de contabilidade no império. É bem verdade que o nível do ensino (talvez) fosse menos aprofundado que o ensino superior de contabilidade. Mas como não existia “conselhos” e amarras da legislação, o aluno que aprendesse contabilidade poderia obter emprego de caixa, escriturário ou guarda-livros.
25 dezembro 2016
24 dezembro 2016
Fato da Semana: Relatório do Departamento de Justiça dos EUA
Fato: Relatório do Departamento de Justiça dos EUA
Data: 22 de dezembro
Histórico
2014 = Início da operação Lava Jato, que investiga a corrupção na empresa Petrobras. A empresa estatal participava como acionista da Braskem. Diversas empresas estão sendo investigadas por corromper funcionários da estatal, incluindo a Braskem e a Odebrecht.
2015 = No meio do ano o principal executivo da Odebrecht é preso, sendo condenado, menos de um ano depois, a 19 anos de cadeia.
2016 = Por ser uma empresa com ações na Bolsa dos EUA, o problema da Braskem interessa as autoridades daquele país. Já o Odebrecht tem diversos projetos no exterior. Com o apoio das autoridades do Brasil, o Departamento de Justiça produz um relatório destacando o esquema de corrupção. Em conjunto com o Brasil e Suíça, divulgam-se as multas aplicadas as empresas. Para Braskem, a não cooperação na investigação significou o aumento no valor a ser pago.
Relevância
A divulgação de diversos países onde a Odebrecht pagou propina pode trazer diversas implicações legais no futuro, ameaçando os negócios da empresa.
A evidenciação de solicitação de dinheiro por parte de autoridades brasileiras para a campanha presidencial também pode trazer implicações, incluindo a possibilidade das ex-autoridades serem presas quando estiverem nos EUA e em outros países.
Um aspecto interessante é a ausência da CGU. Onde está a controladoria geral da união? Outro ponto é que tudo está ocorrendo mais rápido do que o normal para nossa justiça.
Notícia boa para contabilidade?
"Não. Novamente a questão de controles internos merece uma discussão nas grandes empresas brasileiras. A forma de fazer negócios no país, baseado em acordos "privados", precisa mudar e a contabilidade deveria ter um papel relevante na mudança."
O texto acima é da semana passada, mas ainda é válido. Que tal repensar o papel da CGU e da justiça superior do país?
Outro aspecto que consta do relatório é a participação de um amigo do ex-presidente, um doutor em contabilidade, que foi um grande incentivador da adoção de custos no setor público.
Desdobramentos
O relatório do Departamento de Justiça não apresentou explicitamente o nome das pessoas envolvidas, mas já se sabe quem é quem. O processo contra estas pessoas deve seguir adiante.
Os países citados onde a empresa Odebrecht atuou através de propinas devem realizar suas investigações. Proibições de negócios futuros, pedido de congelamento de bens da empresa e solicitações de cooperação com a justiça brasileira devem ocorrer nos próximos dias.
Mas a semana só teve isto?
Não. A emissão de novas instruções da CVM, incluindo reconhecimento da receita e instrumentos financeiros, também é um destaque da semana.
Data: 22 de dezembro
Histórico
2014 = Início da operação Lava Jato, que investiga a corrupção na empresa Petrobras. A empresa estatal participava como acionista da Braskem. Diversas empresas estão sendo investigadas por corromper funcionários da estatal, incluindo a Braskem e a Odebrecht.
2015 = No meio do ano o principal executivo da Odebrecht é preso, sendo condenado, menos de um ano depois, a 19 anos de cadeia.
2016 = Por ser uma empresa com ações na Bolsa dos EUA, o problema da Braskem interessa as autoridades daquele país. Já o Odebrecht tem diversos projetos no exterior. Com o apoio das autoridades do Brasil, o Departamento de Justiça produz um relatório destacando o esquema de corrupção. Em conjunto com o Brasil e Suíça, divulgam-se as multas aplicadas as empresas. Para Braskem, a não cooperação na investigação significou o aumento no valor a ser pago.
Relevância
A divulgação de diversos países onde a Odebrecht pagou propina pode trazer diversas implicações legais no futuro, ameaçando os negócios da empresa.
A evidenciação de solicitação de dinheiro por parte de autoridades brasileiras para a campanha presidencial também pode trazer implicações, incluindo a possibilidade das ex-autoridades serem presas quando estiverem nos EUA e em outros países.
Um aspecto interessante é a ausência da CGU. Onde está a controladoria geral da união? Outro ponto é que tudo está ocorrendo mais rápido do que o normal para nossa justiça.
Notícia boa para contabilidade?
"Não. Novamente a questão de controles internos merece uma discussão nas grandes empresas brasileiras. A forma de fazer negócios no país, baseado em acordos "privados", precisa mudar e a contabilidade deveria ter um papel relevante na mudança."
O texto acima é da semana passada, mas ainda é válido. Que tal repensar o papel da CGU e da justiça superior do país?
Outro aspecto que consta do relatório é a participação de um amigo do ex-presidente, um doutor em contabilidade, que foi um grande incentivador da adoção de custos no setor público.
Desdobramentos
O relatório do Departamento de Justiça não apresentou explicitamente o nome das pessoas envolvidas, mas já se sabe quem é quem. O processo contra estas pessoas deve seguir adiante.
Os países citados onde a empresa Odebrecht atuou através de propinas devem realizar suas investigações. Proibições de negócios futuros, pedido de congelamento de bens da empresa e solicitações de cooperação com a justiça brasileira devem ocorrer nos próximos dias.
Mas a semana só teve isto?
Não. A emissão de novas instruções da CVM, incluindo reconhecimento da receita e instrumentos financeiros, também é um destaque da semana.
23 dezembro 2016
Planeta
Planeta Corporación, la matriz del grupo Planeta, cerró el ejercicio 2015 con unas pérdidas de 25,8 millones de euros, según las cuentas individuales depositadas en el Registro Mercantil. Sin embargo, el auditor advierte en su informe de que la sociedad registró con cargo a reservas un deterioro bruto de 35,7 millones por su inversión en Jaipur Investment SL que en realidad “debería haber sido registrado” en la cuenta de pérdidas y ganancias, lo cual hubiera aumentado los números rojos registrados.
La matriz de Planeta recibió un toque del auditor en sus cuentas del ejercicio 2015, en este caso KPMG. Fuentes del grupo recalcaron que Planeta Corporación es la sociedad holding, tenedora de acciones y de los servicios corporativos y que no son las cuentas consolidadas del mismo. Esas cuentas aún no están disponibles en el Registro Mercantil. Ese año el grupo salió de números rojos y ganó 15,6 millones de euros, mientras que la facturación creció el 8%, hasta los 2.364 millones.
Sin embargo, en las cuentas de la matriz, consta que en 2015 el grupo vio cómo su inversión financiera en la sociedad Jaipur Investment SL —a través de la cual vehicula sus participaciones en Banco Sabadell— se deterioraba por un importe de 35,7 millones de euros.
La sociedad —editora de La Razón y propietaria de Antena 3 y La Sexta— explica que ese valor se estimó “en base a la diferencia” que se puso de manifiesto el 31 de diciembre de 2015 entre “el valor recuperable y el valor contable” de la inversión realizada. Ese deterioro se llevó al epígrafe “otras reservas” del balance por un importe de 26,8 millones, correspondiente al valor neto de la pérdida, es decir, una vez descontado el efecto impositivo.
Salvedades
El auditor, en su informe sobre las cuentas, difiere de esa actuación y hace constar una salvedad. KPMG constata que esa dotación se ha llevado al epígrafe “reservas” del balance por 26,8 millones, pero advierte de que debería haberse llevado a la cuenta de pérdidas y ganancias.
“Debido a que dicho deterioro se ha puesto de manifiesto en el ejercicio 2015, el mismo debería haber sido registrado con cargo al epígrafe Pérdidas netas por deterioro de la cuenta de pérdidas y ganancias del ejercicio 2015 adjunta, en lugar de con cargo al epígrafe reservas”.
Planeta Corporación cerró 2015 con unas pérdidas de 25,8 millones, lo cual supone más que triplicar los números rojos del año anterior, cuando fueron de 7,8 millones. El grupo presidido por José Creuheras tiene a través de Jaipur Investments y Hemisferio —la sociedad patrimonial— una participación del 2,6% de Banco Sabadell, según consta en la última comunicación a la Comisión del Mercado de Valores.
El País
La matriz de Planeta recibió un toque del auditor en sus cuentas del ejercicio 2015, en este caso KPMG. Fuentes del grupo recalcaron que Planeta Corporación es la sociedad holding, tenedora de acciones y de los servicios corporativos y que no son las cuentas consolidadas del mismo. Esas cuentas aún no están disponibles en el Registro Mercantil. Ese año el grupo salió de números rojos y ganó 15,6 millones de euros, mientras que la facturación creció el 8%, hasta los 2.364 millones.
Sin embargo, en las cuentas de la matriz, consta que en 2015 el grupo vio cómo su inversión financiera en la sociedad Jaipur Investment SL —a través de la cual vehicula sus participaciones en Banco Sabadell— se deterioraba por un importe de 35,7 millones de euros.
La sociedad —editora de La Razón y propietaria de Antena 3 y La Sexta— explica que ese valor se estimó “en base a la diferencia” que se puso de manifiesto el 31 de diciembre de 2015 entre “el valor recuperable y el valor contable” de la inversión realizada. Ese deterioro se llevó al epígrafe “otras reservas” del balance por un importe de 26,8 millones, correspondiente al valor neto de la pérdida, es decir, una vez descontado el efecto impositivo.
Salvedades
El auditor, en su informe sobre las cuentas, difiere de esa actuación y hace constar una salvedad. KPMG constata que esa dotación se ha llevado al epígrafe “reservas” del balance por 26,8 millones, pero advierte de que debería haberse llevado a la cuenta de pérdidas y ganancias.
“Debido a que dicho deterioro se ha puesto de manifiesto en el ejercicio 2015, el mismo debería haber sido registrado con cargo al epígrafe Pérdidas netas por deterioro de la cuenta de pérdidas y ganancias del ejercicio 2015 adjunta, en lugar de con cargo al epígrafe reservas”.
Planeta Corporación cerró 2015 con unas pérdidas de 25,8 millones, lo cual supone más que triplicar los números rojos del año anterior, cuando fueron de 7,8 millones. El grupo presidido por José Creuheras tiene a través de Jaipur Investments y Hemisferio —la sociedad patrimonial— una participación del 2,6% de Banco Sabadell, según consta en la última comunicación a la Comisión del Mercado de Valores.
El País
Similaridade na contabilidade
Management reports (MR) are used as companies’ communication tool for broadcasting a message or image to its shareholders. This study presents an investigation of the structure of MR with the purpose of verifying if there is a repetition of data. The aim of the study was to identify which variables explain the similarity between the MR that were published by companies listed in the Brazilian stock market. The results signalled that most of these companies had only specific modifications at their reports. The fact that other independent variables were not shown as explanatory at the obtained model may suggest that the maintenance of similar reports’ structures is a usual practice, regardless of their characteristics.
Via aqui
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22 dezembro 2016
Novas normas
Deliberação CVM 760 = que aprova o Documento de Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 09 referente aos Pronunciamentos CPC 02 (R2), CPC 26 (R1), CPC 39 e Interpretação Técnica ICPC 09 (R2), emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Foram promovidas alterações decorrentes das seguintes mudanças: i. CPC 02 (R2) – ajuste do texto para ficar alinhado ao correspondente IAS; ii. CPC 26 (R1) e CPC 39 – correção do texto por erro de transcrição; iii. CPC 39 – correção do texto por erro de transcrição; e iv. ICPC 09 (R2) - itens de divulgação nas demonstrações contábeis consolidadas e individuais sobre aquisições adicionais de participação societária após a obtenção de controle.
Deliberação CVM 761, que aprova o Documento de Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 10 referente aos Pronunciamentos CPC 03 (R2) e CPC 32, emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. As alterações foram promovidas em virtude de esclarecimentos feitos pelo IASB sobre passivos decorrentes de atividade de financiamento
Deliberação CVM 762 = que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 47 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, referente à receita de contrato com cliente. Substitui o CPC 30 – Receita e outros documentos do CPC correlacionados ao reconhecimento de receitas.
Deliberação CVM 763, que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 48 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, referente a instrumentos financeiros.
Fonte: Aqui
Deliberação CVM 761, que aprova o Documento de Revisão de Pronunciamentos Técnicos nº 10 referente aos Pronunciamentos CPC 03 (R2) e CPC 32, emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis. As alterações foram promovidas em virtude de esclarecimentos feitos pelo IASB sobre passivos decorrentes de atividade de financiamento
Deliberação CVM 762 = que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 47 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, referente à receita de contrato com cliente. Substitui o CPC 30 – Receita e outros documentos do CPC correlacionados ao reconhecimento de receitas.
Deliberação CVM 763, que aprova o Pronunciamento Técnico CPC 48 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, referente a instrumentos financeiros.
Fonte: Aqui
21 dezembro 2016
Punição para corrupção
Os jornais informam que hoje deverá ser anunciado o acordo entre a Odebrecht, Braskem e os governos dos Estados Unidos e Suíça. Segundo o Valor, o acordo deverá ser de R$1,4 bilhão, sendo metade para cada uma das empresas. O Estado de S Paulo comenta em 1,6 bilhão de reais. O NYT aposta que o valor pode chegar a 3 bilhões de dólares.
Trata-se de uma das maiores punições para uma empresa envolvida em práticas de corrupção. Recentemente a empresa divulgou um pedido de desculpas, dizendo que não participaria mais de atividades ilícitas. Cerca de 77 executivos da empresa estão fazendo delações, numa estrategia de defesa que poderá prorrogar a lava-jato por anos, impedindo a punição dos corruptores e corrompidos. Além disto, em nenhum momento, a empresa anunciou a retirada dos executivos da gestão da empresa.
É interessante notar que se a multa da Braskem for de 700 milhões de reais, um valor de três dígitos será da Petrobras.
Trata-se de uma das maiores punições para uma empresa envolvida em práticas de corrupção. Recentemente a empresa divulgou um pedido de desculpas, dizendo que não participaria mais de atividades ilícitas. Cerca de 77 executivos da empresa estão fazendo delações, numa estrategia de defesa que poderá prorrogar a lava-jato por anos, impedindo a punição dos corruptores e corrompidos. Além disto, em nenhum momento, a empresa anunciou a retirada dos executivos da gestão da empresa.
É interessante notar que se a multa da Braskem for de 700 milhões de reais, um valor de três dígitos será da Petrobras.
Duas notícias sobre a Deloitte
Primeira notícia: O gráfico acima é do Valor Econômico, que divulga uma reportagem sobre a qualidade das auditorias realizadas pelas Big Four nos Estados Unidos e fora dos EUA. Quanto maior a diferença entre o trecho mais escuro e o gráfico mais claro, pior a qualidade das auditorias realizadas fora dos EUA. É inegável a discrepância de qualidade na empresa Deloitte.
Segunda notícia: Um memorando interno de duas páginas da empresa Deloitte vazou em novembro na Inglaterra. O assunto era a saída do país da Comunidade Européia, ou Brexit. O documento indicava que o governo de Theresa May não estava preparado para o Brexit, o que teria ofendido o governo britânico. A empresa perderá contratos com o governo britânico por um período de seis meses.
Segunda notícia: Um memorando interno de duas páginas da empresa Deloitte vazou em novembro na Inglaterra. O assunto era a saída do país da Comunidade Européia, ou Brexit. O documento indicava que o governo de Theresa May não estava preparado para o Brexit, o que teria ofendido o governo britânico. A empresa perderá contratos com o governo britânico por um período de seis meses.
20 dezembro 2016
Espionagem
"Nosso trabalho era espionar a Ernst & Young, a PriceWaterhouseCoopers, a KPMG e alguns dos concorrentes de consultoria", disse uma pessoa que trabalhou na unidade. "Estávamos tentando roubar seus modelos de preços, como eles determinavam descontos e, especialmente, novas linhas de produtos ou linhas de serviços".
Tratava-se de uma unidade operada por um ex-agente da CIA, a agência de espionagem dos EUA, numa empresa de auditoria. Advinha qual empresa era? Isto mesmo, a Deloitte. Depois da multa recorde, dos problemas na filial do México e na da Holanda, agora se descobre que a Deloitte criou um grupo para fazer espionagem nos concorrentes. Isto envolvia ouvir conversas nos banheiros para escutar conversas que interessavam a empresa.
Tratava-se de uma unidade operada por um ex-agente da CIA, a agência de espionagem dos EUA, numa empresa de auditoria. Advinha qual empresa era? Isto mesmo, a Deloitte. Depois da multa recorde, dos problemas na filial do México e na da Holanda, agora se descobre que a Deloitte criou um grupo para fazer espionagem nos concorrentes. Isto envolvia ouvir conversas nos banheiros para escutar conversas que interessavam a empresa.
Resenha: Sapiens
Sapiens é um livro de história que se transformou, conforme expresso na capa, num best-seller internacional. Com um título de Sapiens – Uma breve história da humanidade, o seu autor, Harari, percorre duzentos mil anos da nossa vida na terra. Harari divide a história em três fases. A primeira é a revolução cognitiva, que fez com que o sapiens começasse a aprender uma linguagem e a se comunicar. A revolução agrícola é considerada a “maior fraude da história”. Harari defende que esta fase contribui para muitos dos males da humanidade: doença, alimentação ruim, guerras etc. A última fase apareceu na península ibérica e foi denominada de revolução científica.
A razão do sucesso é logo percebida nas primeiras páginas: leitura fácil, sem muitas datas e fatos, teses interessantes e bons argumentos. Quando o autor faz uma análise das descobertas espanholas e portuguesas, ele questiona a razão de ter ocorrido na Europa. Segundo Harari, tanto a China quanto a Arábia tinham conhecimento suficiente para promover as aventuras marítimas e dominar o mundo até então desconhecido. O que fez com que a Europa tomasse a dianteira na economia mundial? O autor salienta que até o século XVIII a China ainda era a maior economia do mundo, mas que foi rapidamente suplantada pela Inglaterra e outras nações ocidentais. Ele mostra que a diferença ocorreu nas instituições, que promoveram o desenvolvimento do capitalismo na Europa e algumas nações de colonização europeia.
Tome o exemplo da Índia. Antes da chegada do imperialismo britânico existia um aglomerado de povos. A exploração da Índia pela Inglaterra trouxe junto a ciência. Ao contrário dos romanos, persas, mongóis, os imperialistas ocidentais tinham um real interesse em conhecer os povos subjugados. Foram os britânicos que fizeram descobertas arqueológicas importantes na Índia (e também no Egito, lembre-se). Assim, a terceira fase da história do sapiens caracteriza-se pela utilização da ciência. Mas não somente isto. Segundo Harari, o sapiens moderno difere das tradições anteriores em três aspectos: a disposição para admitir a ignorância (!!!), o centro na observação e na matemática (!!!) e a aquisição de novas capacidades (tecnologias, teorias etc).
Vale a pena? Sim. É um bom livro de história, com teses interessantes e leitura agradável (exceto talvez a parte final do mesmo).
HARARI, Sapiens – Uma breve história da Humanidade. LPM, 2016
Evidenciação: o exemplar lido foi adquirido com os recursos financeiros do autor da postagem.
A razão do sucesso é logo percebida nas primeiras páginas: leitura fácil, sem muitas datas e fatos, teses interessantes e bons argumentos. Quando o autor faz uma análise das descobertas espanholas e portuguesas, ele questiona a razão de ter ocorrido na Europa. Segundo Harari, tanto a China quanto a Arábia tinham conhecimento suficiente para promover as aventuras marítimas e dominar o mundo até então desconhecido. O que fez com que a Europa tomasse a dianteira na economia mundial? O autor salienta que até o século XVIII a China ainda era a maior economia do mundo, mas que foi rapidamente suplantada pela Inglaterra e outras nações ocidentais. Ele mostra que a diferença ocorreu nas instituições, que promoveram o desenvolvimento do capitalismo na Europa e algumas nações de colonização europeia.
Tome o exemplo da Índia. Antes da chegada do imperialismo britânico existia um aglomerado de povos. A exploração da Índia pela Inglaterra trouxe junto a ciência. Ao contrário dos romanos, persas, mongóis, os imperialistas ocidentais tinham um real interesse em conhecer os povos subjugados. Foram os britânicos que fizeram descobertas arqueológicas importantes na Índia (e também no Egito, lembre-se). Assim, a terceira fase da história do sapiens caracteriza-se pela utilização da ciência. Mas não somente isto. Segundo Harari, o sapiens moderno difere das tradições anteriores em três aspectos: a disposição para admitir a ignorância (!!!), o centro na observação e na matemática (!!!) e a aquisição de novas capacidades (tecnologias, teorias etc).
Vale a pena? Sim. É um bom livro de história, com teses interessantes e leitura agradável (exceto talvez a parte final do mesmo).
HARARI, Sapiens – Uma breve história da Humanidade. LPM, 2016
Evidenciação: o exemplar lido foi adquirido com os recursos financeiros do autor da postagem.
19 dezembro 2016
História da Contabilidade: Relatório aos Acionistas da Cia União e Industria de 1861
Mariano Procópio foi um engenheiro e político brasileiro, nascido em Barbacena em 1821. Depois de estudar na Europa, com 33 anos ele recebeu uma concessão para construção de uma estrada partindo de Petrópolis até Minas Gerais. Ele constituiu uma empresa que recebeu o nome pouco criativo de Companhia União e Indústria, que iniciou os trabalhos em 1856. Dois anos depois, o primeiro trecho é inaugurado e em 1861 o trecho de 144 quilômetros era percorrido pelo imperador numa diligência, fazendo a viagem de Petrópolis a Juiz de Fora.
A estrada foi muito importante para o desenvolvimento da cidade mineira e representou a primeira rodovia que utilizou a técnica de pavimentação Macadame na América Latina. Para construir a estrada, Ferreira Lage contou com empréstimo externo (decreto 1.045 de 1859) e empréstimo externo (Decreto 2505. de 1859). Da estrada sobraram várias construções, incluindo pontes, viadutos e estações. A estrada faz parte dos sistemas rodoviários estaduais e federais: RJ 134, BR 393, RJ 131, RJ 151, MG 874, BR 267 e BR 040 (ex- BR3).
O projeto de financiamento do empreendimento incluía empréstimos externos, aportes do tesouro e obras executadas por fazendeiros beneficiários da rodovia. Mas talvez este não seja o principal ponto de interesse para a história da contabilidade. Antes de prosseguir é bom lembrar que a primeira evidenciação contábil ocorrida no Brasil foi no período anterior à independência, conforme já mostramos anteriormente neste blog. As informações contábeis eram publicadas principalmente pelas entidades do terceiro setor, mostrando a destinação dos recursos originários de doações e loterias. A evidenciação de empresas não era muito comum antes e depois da independência. Em 1861 a Companhia União e Indústria faz algo diferente, ao divulgar um extenso relatório para assembleia geral dos acionistas. São 66 páginas que incluía não somente o balanço da empresa, mas também uma análise das obras da estrada que estava em construção, uma apuração do custo da légua (medida de distância, ainda hoje usada em alguns lugares do país), um detalhamento dos dois empréstimos decorrentes dos decretos citados anteriormente, uma apuração do resultado por trecho da estrada, entre outras informações. Ferreira Lage faz uma dissertação sobre a situação da empresa e das dificuldades encontradas na execução da obra.
O relatório da Companhia União e Indústria não apresenta algumas informações corriqueiras para os dias atuais, como o parecer do auditor, mutações do patrimônio ou assinatura do contador. Mas talvez seja um dos mais completos relatórios publicados no Brasil da metade do século XIX. Para os interessados, o relatório pode ser obtido na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional.
A estrada foi muito importante para o desenvolvimento da cidade mineira e representou a primeira rodovia que utilizou a técnica de pavimentação Macadame na América Latina. Para construir a estrada, Ferreira Lage contou com empréstimo externo (decreto 1.045 de 1859) e empréstimo externo (Decreto 2505. de 1859). Da estrada sobraram várias construções, incluindo pontes, viadutos e estações. A estrada faz parte dos sistemas rodoviários estaduais e federais: RJ 134, BR 393, RJ 131, RJ 151, MG 874, BR 267 e BR 040 (ex- BR3).
O projeto de financiamento do empreendimento incluía empréstimos externos, aportes do tesouro e obras executadas por fazendeiros beneficiários da rodovia. Mas talvez este não seja o principal ponto de interesse para a história da contabilidade. Antes de prosseguir é bom lembrar que a primeira evidenciação contábil ocorrida no Brasil foi no período anterior à independência, conforme já mostramos anteriormente neste blog. As informações contábeis eram publicadas principalmente pelas entidades do terceiro setor, mostrando a destinação dos recursos originários de doações e loterias. A evidenciação de empresas não era muito comum antes e depois da independência. Em 1861 a Companhia União e Indústria faz algo diferente, ao divulgar um extenso relatório para assembleia geral dos acionistas. São 66 páginas que incluía não somente o balanço da empresa, mas também uma análise das obras da estrada que estava em construção, uma apuração do custo da légua (medida de distância, ainda hoje usada em alguns lugares do país), um detalhamento dos dois empréstimos decorrentes dos decretos citados anteriormente, uma apuração do resultado por trecho da estrada, entre outras informações. Ferreira Lage faz uma dissertação sobre a situação da empresa e das dificuldades encontradas na execução da obra.
O relatório da Companhia União e Indústria não apresenta algumas informações corriqueiras para os dias atuais, como o parecer do auditor, mutações do patrimônio ou assinatura do contador. Mas talvez seja um dos mais completos relatórios publicados no Brasil da metade do século XIX. Para os interessados, o relatório pode ser obtido na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional.
18 dezembro 2016
Fato da Semana: Multa da Braskem
Fato: Braskem paga uma multa de 3 bilhões de reais
Data: 14 de dezembro de 2016
Histórico
2002 - A Braskem é formada através da junção das empresas Copene, OPP, Trikem, Nitrocarbono, Proppet e Polialden
2014 - Começa a operação Lava Jato, que investiga diversos esquemas de corrupção na empresa Petrobras, um dos acionistas da Braskem.
mar/15 - Numa das denúncias, um acordo de aquisição de produtos entre a Braskem e Petrobras foi colocado sob suspeita. A empresa divulga fato relevante negando as acusações.
Relevância
O acordo ficou bem abaixo do esperado pelo mercado. E uma estimativa do prejuízo provocado pela Braskem na Petrobras indicou que os benefícios da Braskem superaram substancialmente o valor da multa: 6 bilhões de vantagens obtidas versus uma multa de 3,1 bilhões.
Além disto, como a Petrobras possui parte das ações da Braskem.
A ação coletiva nos Estados Unidos continua e a empresa, nesta ação, não nega o pagamento de propina, que provavelmente ocorreu.
Notícia boa para contabilidade?
Novamente a questão de controles internos merece uma discussão nas grandes empresas brasileiras. A forma de fazer negócios no país, baseado em acordos "privados", precisa mudar e a contabilidade deveria ter um papel relevante na mudança.
Desdobramentos
O fato do acordo aparentemente ser vantajoso para Braskem pode colocar em questionamento o acordo no futuro. Mas as mudanças ocorridas nos últimos anos podem ser cruciais para a redução estrutural da corrupção no país.
Mas a semana só teve isto? Sim.
Data: 14 de dezembro de 2016
Histórico
2002 - A Braskem é formada através da junção das empresas Copene, OPP, Trikem, Nitrocarbono, Proppet e Polialden
2014 - Começa a operação Lava Jato, que investiga diversos esquemas de corrupção na empresa Petrobras, um dos acionistas da Braskem.
mar/15 - Numa das denúncias, um acordo de aquisição de produtos entre a Braskem e Petrobras foi colocado sob suspeita. A empresa divulga fato relevante negando as acusações.
Relevância
O acordo ficou bem abaixo do esperado pelo mercado. E uma estimativa do prejuízo provocado pela Braskem na Petrobras indicou que os benefícios da Braskem superaram substancialmente o valor da multa: 6 bilhões de vantagens obtidas versus uma multa de 3,1 bilhões.
Além disto, como a Petrobras possui parte das ações da Braskem.
A ação coletiva nos Estados Unidos continua e a empresa, nesta ação, não nega o pagamento de propina, que provavelmente ocorreu.
Notícia boa para contabilidade?
Novamente a questão de controles internos merece uma discussão nas grandes empresas brasileiras. A forma de fazer negócios no país, baseado em acordos "privados", precisa mudar e a contabilidade deveria ter um papel relevante na mudança.
Desdobramentos
O fato do acordo aparentemente ser vantajoso para Braskem pode colocar em questionamento o acordo no futuro. Mas as mudanças ocorridas nos últimos anos podem ser cruciais para a redução estrutural da corrupção no país.
Mas a semana só teve isto? Sim.
15 dezembro 2016
Links
Tipo de carro e característica do gestor de fundos
Alguns dos melhores cartazes de filmes de 2016 (foto)
CVM condena diretores do Banco do Brasil (inclusive Pizzolato)
(E amanhã julga Eike)
Braskem fecha acordo e vai pagar mais de 3 bilhões de reais
Quais as motivações para o crime do colarinho branco?
Alguns dos melhores cartazes de filmes de 2016 (foto)
CVM condena diretores do Banco do Brasil (inclusive Pizzolato)
(E amanhã julga Eike)
Braskem fecha acordo e vai pagar mais de 3 bilhões de reais
Quais as motivações para o crime do colarinho branco?
14 dezembro 2016
Punido por não ter escrituração
A CVM puniu a empresa Ativos Brasileiros S.A. (olha aí a ironia do nome) por "não manter escrituração contábil" o que levou a entrega incompleta do formulário de referência. E outra empresa, Cerâmicas Chiarelli, também foi punida por não ter feito as demonstrações contábeis. Finalmente, a Intercosmetic, também não tinha escrituração contábil.
Deloitte, novamente
A Deloitte foi novamente punida pelo PCAOB. Depois da filial brasileira pagar uma multa recorde e logo após a filial do México também ser punida, agora é a vez da filial da Holanda. Em 2012 o executivo principal da filial no país europeu renunciou inesperadamente, alguns meses depois de ser promovido. O motivo foi a violação da independência da empresa. A besteira foi a seguinte: Piet Hein Meeter foi promovido; sua esposa, no entanto, fazia parte do conselho de administração de uma família que investia na RBS Holdings NV e Reed Elsevier NV quando a Deloitte auditava as empresas.
A Deloitte não percebeu o conflito de interesses que poderia colocar em dúvida a qualidade da auditoria.
A Deloitte não percebeu o conflito de interesses que poderia colocar em dúvida a qualidade da auditoria.
Lista das empresas que não divulgam a remuneração dos executivos
O Blog da Governança fez a lista das empresas que não divulgam as remunerações dos seus executivos. As empresas são:
Alpargatas
B2W
Bradesco
Bradespar
Braskem
BRMalls (só divulga do CAdm)
BTG
CCR
Cielo
Cosan
CPFL
CSN
Duratex
Embraer
Even
Fibria
Gerdau
Gol
Iguatemi
Itau Unibanco
Itausa
Kroton
Lojas Americanas
Met Gerdau
Minerva
Multiplus
Oi
Pão de Açúcar
Rumo Log
Santander
Suzano
Telefonica
TIM
Vale
Via Varejo
É interessante notar que várias delas envolvidas em confusão nos últimos meses: Bradesco, Braskem, Gerdau, Gol, Met Gerdau e Oi.
Alpargatas
B2W
Bradesco
Bradespar
Braskem
BRMalls (só divulga do CAdm)
BTG
CCR
Cielo
Cosan
CPFL
CSN
Duratex
Embraer
Even
Fibria
Gerdau
Gol
Iguatemi
Itau Unibanco
Itausa
Kroton
Lojas Americanas
Met Gerdau
Minerva
Multiplus
Oi
Pão de Açúcar
Rumo Log
Santander
Suzano
Telefonica
TIM
Vale
Via Varejo
É interessante notar que várias delas envolvidas em confusão nos últimos meses: Bradesco, Braskem, Gerdau, Gol, Met Gerdau e Oi.
Links
Extrapolative expectations pode ajudar a explicar bolhas e até ciclos econômicos
PhD Comics: Número de autores por área (Contábeis é um das áreas com menor número de coautores).
Para saber o preço de um imóvel
Na Copa do Brasil é mais vantajoso jogar a primeira em casa?
Fatos interessantes sobre cada país (vídeo))
PhD Comics: Número de autores por área (Contábeis é um das áreas com menor número de coautores).
Para saber o preço de um imóvel
Na Copa do Brasil é mais vantajoso jogar a primeira em casa?
Fatos interessantes sobre cada país (vídeo))
Computador ou livro?
Para fins educacionais qual seria o mais vantajoso: livros ou computadores? Usando um estudo em escolas do ensino fundamental em Honduras, onde alguns livros foram substituídos por computadores, quatro pesquisadores (Rosangela Bando, Francisco Gallego, Paul Gertler e Dario Romero) mostraram que a substituição não faz diferença significativa no aprendizado dos alunos. Se por um lado os computadores podem oferecer ferramentas computacionais, comunicação e grande oportunidade de armazenar informações, por outro lado pode ser uma fonte de distração.
Alem disto, uma análise do custo e benefício mostrou favorável ao material digital. Assim, "a substituição livro por laptops pode ser uma maneira de baixo custo para fornecer conteúdo de aprendizagem em sala de aula."
Alem disto, uma análise do custo e benefício mostrou favorável ao material digital. Assim, "a substituição livro por laptops pode ser uma maneira de baixo custo para fornecer conteúdo de aprendizagem em sala de aula."
13 dezembro 2016
Thomas Schelling
Faleceu o Nobel de Economia de 2005, Thomas Schelling. Com 95 anos, Schelling estudou a teoria dos jogos. Aqui uma breve citação da aplicação da sua obra.
Ironia
Os escândalos contábeis não são novidade no Brasil. Sua ex-presidente, Dilma Rousseff, foi acusada em agosto por cozinhar os livros de seu governo. Os patrões das maiores empresas de construção foram para detrás das grades para contratos com a Petrobras, a estatal petrolífera. A piada dos gurus da governança, todos os casos levaram as empresas a substituir o que as pessoas costumavam chamar departamentos de corrupção por escritórios de conformidade. Como é irônico, então, que o mais recente caso do Brasil envolva uma empresa que se destina a garantir que as empresas permaneçam na linha. (The Economist)
Ainda Deloitte
Francine McKenna (em At Deloitte, the problems with audit quality and professionalism start at the top) analisa a multa imposta pelo PCAOB a Deloitte Brasil, no valor de 8 milhões de dólares. A empresa de auditoria encerrou as acusações de publicar relatórios falsos de auditoria e encobrir os problemas falsificando documentos e prestando depoimentos falsos. Trata-se da maior multa aplicada pelo PCAOB, que é a entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. Além da “honra duvidosa”, conforme McKenna, nunca antes uma empresa de auditoria global tinha sido acusada deste tipo de comportamento.
O interessante no texto de McKenna é lembrar a participação de Wanderley Olivetti. Em 2002 este funcionário da Deloitte chamou a atenção para as transações pouco usuais entre a Parmalat brasileira e uma subsidiária das Ilhas Cayman, Bonlat. Aparentemente Olivetti teve um comportamento adequado no escândalo da Parmalat, já que um executivo da empresa escreveu que não gostaria de ter contato com um auditor. Um elogio diante da fraude da empresa. Entretanto, os documentos também revelaram que Olivetti, em maio de 2002, concordou em suavizar o seu parecer para que o mesmo não fosse negativo, afirma McKenna.
O Valor Econômico de hoje qualifica Olivetti como um profissional “sério, capacitado e até rigoroso demais em determinados casos” (grifo nosso). Mas em 2012 Olivetti fez um acordo com a CVM, juntamente com Michael Morrel e a Deloitte, pagando R$400 mil por não terem atuado adequadamente no caso Parmalat.
Em 2011 Olivetti e sua Deloitte esteve envolvido em outro problema com a CVM, agora relacionado com a Saraiva. A Saraiva não considerou que operações com derivativos fossem dignas de registro, mas posteriormente corrigiu as informações. A Deloitte era responsável pela auditoria e deveria ter emitido uma ressalva. Na época Olivetti declarou: "O valor em questão é totalmente imaterial e estou surpreso de receber esse questionamento. E mais surpreso ainda de receber um processo por uma situação totalmente imaterial (de valor não relevante)". Segundo o Estado de S Paulo, “Olivetti alega ainda que não faz parte das funções do auditor revisar e confirmar esse tipo de informação num relatório trimestral. Segundo o executivo, as obrigações do auditoria são mais restritas no relatório trimestral do que no relatório anual.”
O interessante no texto de McKenna é lembrar a participação de Wanderley Olivetti. Em 2002 este funcionário da Deloitte chamou a atenção para as transações pouco usuais entre a Parmalat brasileira e uma subsidiária das Ilhas Cayman, Bonlat. Aparentemente Olivetti teve um comportamento adequado no escândalo da Parmalat, já que um executivo da empresa escreveu que não gostaria de ter contato com um auditor. Um elogio diante da fraude da empresa. Entretanto, os documentos também revelaram que Olivetti, em maio de 2002, concordou em suavizar o seu parecer para que o mesmo não fosse negativo, afirma McKenna.
O Valor Econômico de hoje qualifica Olivetti como um profissional “sério, capacitado e até rigoroso demais em determinados casos” (grifo nosso). Mas em 2012 Olivetti fez um acordo com a CVM, juntamente com Michael Morrel e a Deloitte, pagando R$400 mil por não terem atuado adequadamente no caso Parmalat.
Em 2011 Olivetti e sua Deloitte esteve envolvido em outro problema com a CVM, agora relacionado com a Saraiva. A Saraiva não considerou que operações com derivativos fossem dignas de registro, mas posteriormente corrigiu as informações. A Deloitte era responsável pela auditoria e deveria ter emitido uma ressalva. Na época Olivetti declarou: "O valor em questão é totalmente imaterial e estou surpreso de receber esse questionamento. E mais surpreso ainda de receber um processo por uma situação totalmente imaterial (de valor não relevante)". Segundo o Estado de S Paulo, “Olivetti alega ainda que não faz parte das funções do auditor revisar e confirmar esse tipo de informação num relatório trimestral. Segundo o executivo, as obrigações do auditoria são mais restritas no relatório trimestral do que no relatório anual.”
12 dezembro 2016
Falha num software da PwC pode permitir alteração na contabilidade
Uma falha crítica em uma ferramenta de segurança construída para sistemas SAP pela PricewaterhouseCoopers pode permitir que hackers manipulem dados contábeis e financeiros dos clientes, uma pesquisa recente afirmou.
Conforme a notícia, publicada no IB Times, o problema pode permitir que um invasor altere a contabilidade. Apesar de não afirmar que a falha já foi explorada, o problema poderia manipular, por exemplo, o pagamento de recursos humanos. A PwC negou a falha e disse que o código não está na versão atual disponibilizada para os clientes. Inicialmente a empresa de auditoria não respondeu a investigação, mas depois encaminhou uma carta através dos seus advogados.
Conforme a notícia, publicada no IB Times, o problema pode permitir que um invasor altere a contabilidade. Apesar de não afirmar que a falha já foi explorada, o problema poderia manipular, por exemplo, o pagamento de recursos humanos. A PwC negou a falha e disse que o código não está na versão atual disponibilizada para os clientes. Inicialmente a empresa de auditoria não respondeu a investigação, mas depois encaminhou uma carta através dos seus advogados.
O primeiro nome
A figura apresenta uma tábua administrativa da cidade de Uruk.
"Aparentemente registra um total de 29.086 medidas de cevada recebido por Kushim ao longo de 37 meses. "Kushim" pode ser o título genérico de um funcionário público ou o nome de um indivíduo em particular. Se Kushim foi mesmo uma pessoa, talvez seja o primeiro indivíduo da história cujo nome conhecemos! Todos os nomes usados nos estágios antigos da história humana - os neandertais, os natufianos, a caverna de Chauvet, Gobeldi Tepe - são invenções modernas. Não temos ideia de como os construtores de Gobeldi Tepe batizaram o lugar. Com o surgimento da escrita, começamos a ouvir a história da boca de seus protagonistas. Ao designá-lo, os vizinhos de Kushim podem ter na verdade gritado "Kushim". É revelador que o primeiro nome registrado na história pertença a um contador, e não a um profeta, poeta ou grande conquistador."
(Hariri, Yuval Noah. Sapiens, p. 131, grifo nosso)
11 dezembro 2016
História da Contabilidade: Um caso de falência em 1862
Na metade do segundo império, o governo aprovou uma série de medidas legais para regulamentar as atividades comerciais. Isto inclui uma legislação sobre a destinação dos ativos de um falecido assim como um código comercial, inspirado nas normas europeias. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento da economia e as crises decorrentes dos produtos agrícolas que o país exportava gerou um grande movimento falimentar. As normas editadas pelo governo ajudaram a julgar estes processos de falência. Alguns processos de falência já foram estudados pelos historiadores. A maioria deles foi esquecido, seja por falta de documentos, por falta de interesse ou por ambos.
Um dos processos que possui alguma documentação é o da sociedade em comandita Amorim, Fragoso, Santos e C., que tinha sede em Recife, Pernambuco. Começando suas operações em 1º de março de 1860, tratava-se de uma entidade financeira tendo como sócios o Comendador Antonio Marques d´Amorim, o gerente João Baptista Fragoso (que residia na sede da empresa) e o gerente José Antonio dos Santos Azevedo Junior (1), que tinha a função de caixa e escriturário. A entidade parecia ter um bom nome nos primeiros meses de funcionamento. Mas em 18 de junho de 1862, um pouco mais de dois anos de funcionamento, numa assembleia convocada para esclarecer a suspensão de pagamentos da entidade, o gerente Fragoso denuncia a falência da mesma. O sócio Amorim estranhamente não estava presente. Passa-se a investigar a situação da entidade para tentar entender como uma empresa que meses antes apresentou um balanço saudável, chegava a situação de falência. A investigação promovida por curadores indicou problemas graves na contabilidade, com livro caixa viciado, borrões nos lançamentos, ativos de qualidade duvidosa, lançamentos estranhos antes da falência, entre outros aspectos (2).
A falência foi justificada pela desordem geral das finanças do país (3). Este fato teria sido reconhecido pelo próprio governo, que suspendeu trechos do recente código comercial. Além da estranha ausência de Amorim na assembleia de junho de 1862, a suspensão de pagamentos indica que a situação da empresa não era boa. O fato do caixa também ser o escriturário, indicando a não separação de funções, mostra problemas de controle interno na sociedade.
Dois fatos curiosos para os dias de hoje. Em primeiro lugar, num processo de falência era necessário apurar os ativos, que eram definidos na legislação através de uma lista de itens, e as dívidas. Na legislação brasileira da época isto representava o cabedal apurado, que segundo a defesa do sócio Amorim, era diferente do termo capital apurado. Assim, o cabedal apurado da entidade era positivo. Em segundo lugar, não foram incluídos na apuração do cabedal, os bens dos gerentes, o que garantiria um valor muito mais expressivo do que aquele determinado pelos curadores (5). Deste modo, não fazia sentido a “denuncia” de falência feita, de forma precipitada, por Fragoso. O cabedal (4) era suficiente.
(1) Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Provincia de Pernambuco, 1862, p. 182.
(2) Aurora Cearense, ano I, n. 18 e 19, diversas páginas. Trata-se da defesa do comendador perante o juiz criminal de Recife, feita por José Bento da Cunha Figueiredo e publicada no jornal. Este trecho específico encontra-se no número 19, p. 3.
(3) Aurora Cearense, ano I, n. 18, p. 3.
(4) Cabedal, no dicionário, refere-se a um conjunto de bens que representa a sua riqueza.
(5) Não existia a entidade.
Um dos processos que possui alguma documentação é o da sociedade em comandita Amorim, Fragoso, Santos e C., que tinha sede em Recife, Pernambuco. Começando suas operações em 1º de março de 1860, tratava-se de uma entidade financeira tendo como sócios o Comendador Antonio Marques d´Amorim, o gerente João Baptista Fragoso (que residia na sede da empresa) e o gerente José Antonio dos Santos Azevedo Junior (1), que tinha a função de caixa e escriturário. A entidade parecia ter um bom nome nos primeiros meses de funcionamento. Mas em 18 de junho de 1862, um pouco mais de dois anos de funcionamento, numa assembleia convocada para esclarecer a suspensão de pagamentos da entidade, o gerente Fragoso denuncia a falência da mesma. O sócio Amorim estranhamente não estava presente. Passa-se a investigar a situação da entidade para tentar entender como uma empresa que meses antes apresentou um balanço saudável, chegava a situação de falência. A investigação promovida por curadores indicou problemas graves na contabilidade, com livro caixa viciado, borrões nos lançamentos, ativos de qualidade duvidosa, lançamentos estranhos antes da falência, entre outros aspectos (2).
A falência foi justificada pela desordem geral das finanças do país (3). Este fato teria sido reconhecido pelo próprio governo, que suspendeu trechos do recente código comercial. Além da estranha ausência de Amorim na assembleia de junho de 1862, a suspensão de pagamentos indica que a situação da empresa não era boa. O fato do caixa também ser o escriturário, indicando a não separação de funções, mostra problemas de controle interno na sociedade.
Dois fatos curiosos para os dias de hoje. Em primeiro lugar, num processo de falência era necessário apurar os ativos, que eram definidos na legislação através de uma lista de itens, e as dívidas. Na legislação brasileira da época isto representava o cabedal apurado, que segundo a defesa do sócio Amorim, era diferente do termo capital apurado. Assim, o cabedal apurado da entidade era positivo. Em segundo lugar, não foram incluídos na apuração do cabedal, os bens dos gerentes, o que garantiria um valor muito mais expressivo do que aquele determinado pelos curadores (5). Deste modo, não fazia sentido a “denuncia” de falência feita, de forma precipitada, por Fragoso. O cabedal (4) era suficiente.
(1) Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Provincia de Pernambuco, 1862, p. 182.
(2) Aurora Cearense, ano I, n. 18 e 19, diversas páginas. Trata-se da defesa do comendador perante o juiz criminal de Recife, feita por José Bento da Cunha Figueiredo e publicada no jornal. Este trecho específico encontra-se no número 19, p. 3.
(3) Aurora Cearense, ano I, n. 18, p. 3.
(4) Cabedal, no dicionário, refere-se a um conjunto de bens que representa a sua riqueza.
(5) Não existia a entidade.
10 dezembro 2016
Fato da Semana: Deloitte do Brasil é multada
Fato: Deloitte do Brasil é punida pelo PCAOB
Data: 5 dezembro de 2016
Histórico
2011 = A Deloitte faz auditoria do balanço da Gol. A empresa tinha encontrado alguns problemas, mas mesmo assim deu um parecer limpo.
2012 = O PCAOB faz uma fiscalização de rotina, analisando o trabalho dos auditores. Funcionários da Deloitte do Brasil começam a alterar muitos documentos para ocultar os problemas encontrados. Um deles, que buscava uma progressão dentro da empresa, tinha interesse em não deixar transparecer os problemas.
2016 = PCAOB divulga o resultado, incluindo uma multa pesada para a Deloitte do Brasil, recorde da história da entidade de fiscalização. Consta também a proibição de tomar novos clientes.
Relevância: Trata-se da maior multa já aplicada pelo PCAOB por problemas com um trabalho de auditoria. A punição ocorreu após diversos funcionários terem prestado juramento falso, com alteração de documentos sobre um trabalho realizado no passado e tentativa de obstrução de investigação. A empresa foi condenada não somente pelo que não fez (parecer limpo, quando deveria ser com ressalva), como pelo que fez. O recorde é algo bem triste e mostra como a notícia é relevante.
Notícia boa para contabilidade? São contadores brasileiros, com registros nos conselhos de classe e que ainda estão no mercado.
Desdobramentos - A empresa pagou para encerrar o caso. Reconheceu o mérito da questão. Mas os profissionais serão punidos? Neste tópico tentamos imaginar o que irá ocorrer e não existem razões para acreditar que registros serão cassados, demissões ocorreram e investigações serão conduzidas.
Mas a semana só teve isto? Sim.
Data: 5 dezembro de 2016
Histórico
2011 = A Deloitte faz auditoria do balanço da Gol. A empresa tinha encontrado alguns problemas, mas mesmo assim deu um parecer limpo.
2012 = O PCAOB faz uma fiscalização de rotina, analisando o trabalho dos auditores. Funcionários da Deloitte do Brasil começam a alterar muitos documentos para ocultar os problemas encontrados. Um deles, que buscava uma progressão dentro da empresa, tinha interesse em não deixar transparecer os problemas.
2016 = PCAOB divulga o resultado, incluindo uma multa pesada para a Deloitte do Brasil, recorde da história da entidade de fiscalização. Consta também a proibição de tomar novos clientes.
Relevância: Trata-se da maior multa já aplicada pelo PCAOB por problemas com um trabalho de auditoria. A punição ocorreu após diversos funcionários terem prestado juramento falso, com alteração de documentos sobre um trabalho realizado no passado e tentativa de obstrução de investigação. A empresa foi condenada não somente pelo que não fez (parecer limpo, quando deveria ser com ressalva), como pelo que fez. O recorde é algo bem triste e mostra como a notícia é relevante.
Notícia boa para contabilidade? São contadores brasileiros, com registros nos conselhos de classe e que ainda estão no mercado.
Desdobramentos - A empresa pagou para encerrar o caso. Reconheceu o mérito da questão. Mas os profissionais serão punidos? Neste tópico tentamos imaginar o que irá ocorrer e não existem razões para acreditar que registros serão cassados, demissões ocorreram e investigações serão conduzidas.
Mas a semana só teve isto? Sim.
09 dezembro 2016
08 dezembro 2016
07 dezembro 2016
Política e Convergência
Recentemente o Reino Unido decidiu sair da União Europeia e os EUA escolheram Trump. Segundo o presidente do Iasb, Hans Hoogervorst, estas decisões políticas não tiveram efeito sobre as normas contábeis internacionais, declarou ao Journal of Accountancy.
"É claro que é muito cedo para dizer, mas por enquanto não vemos consequências imediatas"
Apesar disto, reconheceu que no longo prazo os acontecimentos políticos podem ter efeito. Mesmo assim, as empresas multinacionais continuariam negociando e os investidores aplicando seus recursos em todo o mundo.
"Enquanto o Reino Unido decidiu deixar a UE, não decidiu deixar o mundo"
O presidente do Iasb disse que o relacionamento com o Fasb é cordial. E que acredita que Trump tem outras preocupações mais relevantes que as normas contábeis.
"É claro que é muito cedo para dizer, mas por enquanto não vemos consequências imediatas"
Apesar disto, reconheceu que no longo prazo os acontecimentos políticos podem ter efeito. Mesmo assim, as empresas multinacionais continuariam negociando e os investidores aplicando seus recursos em todo o mundo.
"Enquanto o Reino Unido decidiu deixar a UE, não decidiu deixar o mundo"
O presidente do Iasb disse que o relacionamento com o Fasb é cordial. E que acredita que Trump tem outras preocupações mais relevantes que as normas contábeis.
06 dezembro 2016
Frase
"Esta é a má conduta mais séria que descobrimos. É encobrimento em cima de encobrimento em cima de encobrimento" (Claudius Modesti, diretor de Fiscalização do PCAOB, sobre a Deloitte do Brasil e o balanço da Gol, segundo Valor Econômico)
Nacionalismo contábil
O Wall Street Journal (via aqui) informou que o chefe de contabilidade da SEC afirmou que as normas contábeis dos Estados Unidos (leia-se Fasb) serão adotadas pelo país no futuro previsível.
Links
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