O texto começa da seguinte forma:
A Odebrecht reconhece que participou de práticas impróprias em sua atividade empresarial.
Não importa se cedemos a pressões externas.
Ou seja, a empresa participou por ter cedido a pressão. Como se a entidade não tivesse tido uma participação ativa nos problemas de corrupção ocorridos no Brasil nos últimos anos. É difícil de acreditar que isto seja verdade, vindo de uma empresa que tinha inclusive um departamento para pagamento de propina e onde seus dirigentes estão presos.
A empresa não afirma, no documento, que os executivos que estão sendo investigados, serão afastados dos seus cargos, sem direito a indenização. Ela certamente não fará isto, já que implicaria em tirar do poder o atual chefe, que está fazendo a delação premiada e que é herdeiro do fundador.
No item cinco, "Assegurar transparência nas informações" dá a entender que a empresa não era transparente. Será que as próximas demonstrações contábeis apresentarão claramente o valor pago a título de propina nos últimos meses/anos? Ou irá optar pela desculpa da Petrobras, que não é possível fazer uma previsão deste valor? Teremos também uma análise dos benefícios obtidos com "as
práticas até então vigentes na relação público-privada, que são
de conhecimento generalizado"?
A empresa fez um comunicado com validade questionável. A tentativa de transformar a entidade em vítima não funciona se o leitor tiver um mínimo de senso crítico. Talvez a melhor forma da Odebrecht se desculpar é agir, pagando as multas pelos atos praticados, afastando os executivos que acostumaram a trabalhar de forma inadequada e evidenciando as transações relacionadas com as "práticas impróprias" da atividade empresarial. Para a sociedade, isto talvez seja mais relevante que o pedido de desculpas e o reconhecimento que errou.
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