Francine McKenna (em At Deloitte, the problems with audit quality and professionalism start at the top) analisa a multa imposta pelo PCAOB a Deloitte Brasil, no valor de 8 milhões de dólares. A empresa de auditoria encerrou as acusações de publicar relatórios falsos de auditoria e encobrir os problemas falsificando documentos e prestando depoimentos falsos. Trata-se da maior multa aplicada pelo PCAOB, que é a entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. Além da “honra duvidosa”, conforme McKenna, nunca antes uma empresa de auditoria global tinha sido acusada deste tipo de comportamento.
O interessante no texto de McKenna é lembrar a participação de Wanderley Olivetti. Em 2002 este funcionário da Deloitte chamou a atenção para as transações pouco usuais entre a Parmalat brasileira e uma subsidiária das Ilhas Cayman, Bonlat. Aparentemente Olivetti teve um comportamento adequado no escândalo da Parmalat, já que um executivo da empresa escreveu que não gostaria de ter contato com um auditor. Um elogio diante da fraude da empresa. Entretanto, os documentos também revelaram que Olivetti, em maio de 2002, concordou em suavizar o seu parecer para que o mesmo não fosse negativo, afirma McKenna.
O Valor Econômico de hoje qualifica Olivetti como um profissional “sério, capacitado e até rigoroso demais em determinados casos” (grifo nosso). Mas em 2012 Olivetti fez um acordo com a CVM, juntamente com Michael Morrel e a Deloitte, pagando R$400 mil por não terem atuado adequadamente no caso Parmalat.
Em 2011 Olivetti e sua Deloitte esteve envolvido em outro problema com a CVM, agora relacionado com a Saraiva. A Saraiva não considerou que operações com derivativos fossem dignas de registro, mas posteriormente corrigiu as informações. A Deloitte era responsável pela auditoria e deveria ter emitido uma ressalva. Na época Olivetti declarou: "O valor em questão é totalmente imaterial e estou surpreso de receber esse questionamento. E mais surpreso ainda de receber um processo por uma situação totalmente imaterial (de valor não relevante)". Segundo o Estado de S Paulo, “Olivetti alega ainda que não faz parte das funções do auditor revisar e confirmar esse tipo de informação num relatório trimestral. Segundo o executivo, as obrigações do auditoria são mais restritas no relatório trimestral do que no relatório anual.”
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