Os dados sobre a situação do emprego formal no país, divulgados ontem pelo governo federal, continuam a mostrar uma situação muito ruim para o setor contábil. Tradicionalmente escutamos que a contabilidade é imune as crises, pois sempre as empresas irão necessitar de contadores. A realidade parece mostrar que a crise econômica atingiu substancialmente os profissionais contábeis, conforme coleta de dados realizada por este blog.
Inicialmente é importante destacar que a informação do emprego formal apresenta um viés óbvio já que não considera do setor informal da economia. Mesmo assim, as informações apresentadas a seguir deveriam preocupar a todos os profissionais da área. Pelo décimo mês consecutivo o número de admitidos foi inferior aos desligados. E nada parece indicar uma reversão deste quadro, já que em agosto de 2016 o número de vagas reduzidas no Brasil foi de 1.186, basicamente um valor próximo do ano anterior (1.023). Considerando os valores acumulados, desde janeiro de 2014, 25 mil profissionais ficaram sem perspectivas de encontrar emprego na profissão. Considerando o número de profissionais existentes em 2015 (de 290 mil empregos formais, segundo a RAIS), isto representa quase 9% da força de trabalho do setor.
O gráfico apresentado a seguir mostra o comportamento da movimentação no setor, abrangendo os contadores, auditores, escriturários e técnicos em contabilidade do país.
Também conforme já tinha ocorrido nos meses anteriores, o salário médio dos desligados é muito superior ao salário dos admitidos. Isto pode significar um corte nas despesas das empresas. Esta diferença salarial chegou perto dos 20% em agosto de 2016, um valor próximo ao do mês anterior, mas superior a agosto de 2015. Outro aspecto preocupante é que os funcionários demitidos possuíam mais de dois anos no emprego: em agosto o tempo médio de emprego dos desligados foi de 35,4 meses, superior aos 33,3 meses de julho de 2016.
A seguir o gráfico mostra a evolução temporal do salário médio dos admitidos e dos demitidos. Esta diferença esteve próximo dos vinte por cento, com exceção dos dois primeiros meses deste ano, quando a diferença ficou perto de 5%.
Se observa que os admitidos possuíam uma idade média de 30,3 anos, enquanto nos demitidos a idade média era de 32,2 anos.
Outro fator relevante percebido pela análise realizada por este blog é que 70% das demissões foram sem justa causa. Também fizemos o levantamento para a movimentação por gênero, formação do trabalhador e por tipo de emprego. Em agosto nenhum dos segmentos se salvou: as demissões foram superiores as admissões em todos os casos apurados pelo blog.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário