Dados da empresa – A Oi possui 34% do mercado de telefonia fixa, com quase 15 milhões de linhas em operação. Em telefonia móvel a empresa possui quase 50 milhões de clientes. Além disto, a empresa está presente na banda larga (6 milhões), TV (1 milhão) e Wi-fi (2 milhões). É 18º maior empresa brasileira. Por tudo isto, este é o maior processo de recuperação judicial de uma empresa no país.
Negociação – a proposta da Oi no início de junho era trocar 32 bilhões de títulos por 8,8 bilhões, quase 30% do valor. Metade seriam títulos de dívida e outra metade em ações. A contraposta era 9 bilhões em novas dívidas e ações que garantiriam o controle do capital da empresa.
História
2002 – A Telemar cria a marca Oi para a telefonia celular.
2005 – Compra a Gamecorp, numa operação polêmica com o filho do presidente e que até hoje não foi esclarecida.
2006 – Andrade Gutierrez é a principal doadora do presidente reeleito.
2008 = adquiriu a Brasil Telecom, que trouxe 5 bilhões em passivos. Neste momento, recebe forte apoio do governo, que queria criar uma “campeã” nacional na área de telefonia.
2013 = anuncio da fusão com a Portugal Telecom. Mais 30 bilhões de novas dívidas.
2014 = O Grupo Espirito Santo, da Portugal Telecom, quebra.
2015 = Tentativa de fusão com a TIM Brasil.
Março de 2016 = contra uma empresa para fazer a reestruturação da dívida
10 junho = presidente não obtém o apoio do conselho
Bancos – Recuperação judicial é sinônimo de dívida. Na Oi não é diferente. A empresa deve mais de 16,9 bilhões para vários bancos, sendo R$2,4 bilhões de crédito rotativo. Com o BNDES a empresa tem dívida de R$3,5 bilhões, mas esta dívida está atrelada a garantias, o que seria uma vantagem do banco oficial (os credores com garantia real possuem prioridade). Os bancos oficiais seriam responsáveis por 17% da dívida, segundo o ministro da Fazenda. Só o Banco do Brasil tinha 4,4 bilhões de empréstimos para a empresa. Mas os credores são inúmeros e rendem quase 400 páginas.
Reação do Mercado – Apesar dos problemas já serem conhecidos, a queda do preço da ação foi de quase 20%. Ou seja, o mercado de capitais tinha uma leve esperança que a empresa não pediria recuperação judicial. As ações dos bancos que forneceram empréstimos a empresa também tiveram queda.
Contaminação – Permanece a dúvida se este seria o ápice da crise econômica nas empresas brasileiras ou somente o início. Falava-se na Sete Brasil.
Provisão – um aspecto importante, segundo o Estado de S Paulo, é que a provisão que alguns bancos fizeram para Oi era muito baixa. Fala-se em 10%; outros em 3%, como é o caso do Banco do Brasil (vide texto de Felipe Marques, Banco do Brasil deve ter maior impacto em despesas de provisão). De qualquer forma, com a recuperação judicial, esta provisão deve ser aumentada para 30%.
Legislação – A recuperação judicial é um instrumento para preservar a empresa e possibilitar que os credores não percam tanto. A questão de lidar com empresas em dificuldades é antiga no Brasil, mas existe pouca segurança jurídica. Isto é expresso na garantia dos direitos dos credores (todos e não somente de uma parcela privilegiada). É importante saber se quem irá ganhar com esta recuperação será somente a família Jereissati e a Andrade Gutierrez. Estes dois acionistas tiveram certas vantagens em situações passadas. (Vide para isto o artigo Preocupe-se, antes de tudo, com o acionista controlador, de Fernando Torres)
A parte da história está um pouco confusa: envolvimento do filho do presidente? da empresa ou do Brasil?
ResponderExcluir