O retrato que temos do ensino da contabilidade no Brasil no século XIX é bastante fragmentado. A partir dos livros, das anotações sobre o conteúdo dos cursos, dos discursos técnicos, das anotações dos livros comerciais é possível ter uma ideia das aulas que eram ministradas.
O fato da contabilidade ser ensinada no nosso país logo após as pessoas aprenderem as primeiras letras e as primeiras noções de matemática mostra que talvez o conteúdo seja um pouco diferente do que ministrados nos dias de hoje. Além disto, aprender a contabilidade era um caminho de ascensão social; certamente as aulas eram práticas, com pouca fundamentação teórica. Outro aspecto é que o número de horas era muito menor do que um curso superior dos dias de hoje. Além disto, a complexidade do ambiente econômico era menor. Tudo isto somado permitir concluir que o ensino da contabilidade no século XIX seria irreconhecível para os alunos dos dias atuais.
Uma possível característica do ensino era o fato da contabilidade ser considerada uma ciência exata. Na realidade, ainda nos dias de hoje algumas pessoas ainda acreditam que isto seja uma verdade. Talvez seja resquícios dos tempos de antigamente.
Os aspectos contemplados anteriormente são decorrentes das pesquisas que já realizei até o presente momento. Um documento recentemente me chamou a atenção. Trata-se da exposição de um livro de contabilidade que se propõe estar ao alcance de muitas pessoas (1). O texto começa com a apresentação da obra:
Trata-se de uma obra popular, para as pessoas que “lidam com algarismos, e carecem conhecer das operações arithmeticas mais geralmente usadas”. Claramente um livro de matemática. O autor é um prático, sendo empregado no comércio e professor de contabilidade e escrituração mercantil. Para tirar a dúvida (“a prova dos noves”, como se dizia antigamente) eis o conteúdo:
Começa com a tabuada, passa pela aproximação, sistema métrico, frações, matemática financeira, câmbio, regra de três e legislação comercial. Mas não resta nenhuma dúvida que o foco da obra é a matemática comercial.
(1) Diário do Maranhão, ano V, n. 187, p. 4, 17 de março de 1874. É importante notar que o Maranhão era uma província desenvolvida naquela época.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário