Sendo um país exportador de produtos minerais e agrícolas, a contabilidade brasileira do passado deveria ter uma grande ênfase nestes dois ramos. Entretanto, talvez em razão da influência estrangeira e da inexistência de uma escola de contabilidade, a ênfase durante muitos anos foi na contabilidade mercantil. É bom lembrar que a primeira obra impressa da nossa área, do Pacioli, tem aplicações práticas do comércio.
Em 1854 este panorama muda no nosso país com a publicação da primeira obra voltada para o setor primário da economia: o Curso Elementar de Contabilidade Agrícola. Conforme um texto publicado no Auxiliador da Industria (1), a contabilidade é uma inovação de elevada utilidade para as culturas rurais. O agricultor é considerado, no texto, ao mesmo tempo produtor e comerciante. A contabilidade pode “fornecer a innumeravel quantidade de dados”. O texto destaca que o agricultor necessita do conhecimento da contabilidade para fazer bons negócios. Afirma também que a obra é simples e atrativa.
O texto não informa o autor da obra, mas tudo leva a crer que é uma tradução: “neste livro que traduzido nos esforçamos em colocar a para da nossa cultura”. A dissertação de mestrado de Amado Francisco da Silva (2), A Contabilidade Brasileira no século XIX – Leis, Ensino e Literatura – indica que esta obra é uma tradução de Joaquim Antonio de Azevedo, mas não indica o autor original.
(1) O Auxiliador da Industria Nacional, ed. 3, p. 381, 1854. Mas o texto é assinado em 28 de abril de 1855.
(2) http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=970. Vide também MIZUTA, Celina. O Pensamento do Comendador Joaquim Antonio de Azevedo acerca da educação, industrialização e civilização. Revista Travessias, v. 6, n. 2, 2012.
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