Existe certo consenso de que a Copa do Mundo só deu prejuízo. Exceto para Fifa, seus cartolas e algumas empresas (rede de televisão, patrocinadores etc). No mais, a conta foi paga pelo contribuinte e pelo governo. A Telebras Copa é a prova que isto não é verdade. O seu resultado, divulgado recentemente, quase seis meses após o fechamento do exercício, mostra um lucro respeitável.
Em primeiro lugar, a empresa é um caso raro onde o lucro líquido, de R$125 milhões de reais, é superior a receita bruta de serviços, de R$124 milhões. A razão disto está (a) na ausência de tributos; (b) no custo muito baixo (R$1,9 milhão); e (c) na receita financeira maior que a despesa financeira (R$2,6 milhões versus R$8,5 mil). Em segundo lugar, as demonstrações estão assinadas pelo contador e pelo “representante legal da empresa”.
Outro fato interessante é que esta empresa foi criada por “tempo determinado”, conforme nota explicativa 1, "constituída em 07 de março de 2013, funcionará por tempo determinado, desde a data de sua criação até a data do término dos eventos da Copa do Mundo de 2014”. Ao analisar as demonstrações da controladora, a Telebras, temos a seguinte nota: Ocorre que, do ponto de vista da Controlada, os eventos ainda não terminaram, em virtude de possuir direitos a receber, discutidos administrativamente, portanto, o seu encerramento ainda não foi efetivado. As Atas da 1ª (primeira) Assembleia Geral Ordinária de Acionista (AGO) e da 1ª (primeira) Assembleia Geral Extraordinária de Acionista (AGE) de 31/10/2014, justamente pelo que aqui fica esclarecido, introduziram alteração do artigo 2º do seu Estatuto Social, que trata da “Duração da Sociedade”. Uma vez encerrada, a Controlada será incorporada pela Companhia, o que deve acontecer ainda em 2015.
Para entender a lucratividade da empresa seria interessante verificar sua finalidade. Ainda na nota explicativa 1: “tem por objetivo a prestação de serviços de telecomunicações à Fédération Internationale de Football Association – FIFA e seus parceiros e conveniados.” Mas isto torna o resultado incoerente. Se sua finalidade é a prestação de serviços de telecomunicações, o mesmo deve ter algum custo. E a DRE é clara em mostrar que este é irrisório. Como que uma empresa presta serviço de telecomunicações sem custo?
Observe agora a DVA da empresa:
Ocorreu uma aquisição de “materiais, energia, serviços de terceiros e outros” no valor de 1,9 milhão. Outro ponto interessante é que a empresa distribuiu R$125 milhões de dividendos para seu controlador. Isto é mais do que a receita gerada pela empresa em 2014.
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