Nove de cada dez livros de finanças pessoais colocam um destaque especial na necessidade de se ter um orçamento doméstico. Entretanto, talvez a grande maioria das pessoas não faça o que os livros de finanças pessoais recomendam. Ou seja, não se utiliza todo o potencial do orçamento doméstico.
Qual a razão de existir esta distância entre a prática e a teoria? Zimmerman, um autor conhecido dos acadêmicos de contabilidade, afirmava numa de suas obras que quando existe esta diferença é que a teoria não é boa. É bem verdade que ele estava falando da utilização maciça do sistema de custeio por absorção nas decisões das empresas, quando a teoria recomendava o uso do variável. Mas talvez a ideia dele possa ser também usada no orçamento doméstico.
Talvez um primeiro motivo para a não utilização do orçamento seja o fato das pessoas não perceberem seus benefícios, mesmo depois de ler os livros de finanças pessoais. Nestas obras, a abordagem é que cada pessoa deva fazer a anotação dos gastos. Mas “perder” tempo com o orçamento significa abrir mão da televisão, da conversa com amigos e outras atividades bem mais agradáveis.
Segundo, são anotações chatas, por serem detalhadas demais, ou por lembrar o fato do nosso orçamento ser muito “engessado”. Neste sentido, o orçamento lembra a listagem da dieta. Sabemos que precisamos emagrecer, mas precisamos de uma tonelada de boa vontade para olhar a lista dos alimentos recomendados e não recomendados.
Uma terceira razão é que o orçamento é ensino de maneira formal ou associado a uma planilha eletrônica ou colunas e linhas de um formulário. Nada animador para uma pessoa normal, que não sabe usar o Excel ou não consegue ver atrativos em preenchimento de colunas e linhas de folhas de papel.
Um quarto motivo é que o orçamento mostra a vida da pessoa. Quando um casal resolve listar as despesas e receitas, está discutindo muito mais do que dinheiro. Assim, reclamações sobre as compras supérfluas irão acontecer. Vale a pena o desgaste?
Finalmente, o orçamento é muito mais complicado do que parece na teoria. Nos dias de hoje, o dinheiro tornou-se uma abstração e inclui não somente o cartão de crédito, mas também os pagamentos eletrônicos.
(Continua)
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