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05 abril 2015

História da Contabilidade: Manoel José de Mello

Manoel José de Mello tem uma participação na história da contabilidade no Brasil: foi o primeiro a assinar um balanço divulgado que se tem notícia em terras brasileiras, o do Theatro de S. João (1).

Pouco sabe da vida desta pessoa, exceto que foi um rico comerciante, dono de embarcações e que viveu na cidade de Salvador. Mas também tinha uma função política, não somente por ter participação na luta de pela independência (2), mas pelos cargos de ocupou antes desta. Tudo leva a crer que Manoel José de Mello já habitava o país antes da chegada da família real, conforme noticia o livro Memórias Históricas, quando narrar à chegada em 1806 de uma esquadra francesa ao porto de Salvador (3). Em 1812 ajuda a biblioteca pública (4), então Livraria Pública, sendo seu tesoureiro (5). Mello foi, durante o governo do Conde dos Arcos, o tesoureiro da província da Bahia (6).

Sobre o Conde dos Arcos é necessário um adendo (7). Marcos de Noronha e Brito foi o último vice-rei do Brasil, no período de 1806 a 1808, quando a família real chegou ao Brasil. Com a chegada de João VI foi transferido para a Bahia, como governador. No cargo instalou uma tipografia onde imprimia o jornal Idade de Ouro, criou a biblioteca pública, o cais da alfandega e o Teatro. Foi posteriormente nomeado ministro da Marinha e Ultramar, transferindo para o Rio de Janeiro. Foi demitido por D. Pedro I logo depois do dia do Fico e enviado para Portugal.

Biblioteca Pública – A biblioteca pública foi criada em 1811 em Salvador por Pedro Ferrão. Na primeira administração faziam parte do padre Francisco Agostinho Gomes, secretario, Lúcio José de Matos, bibliotecário, José Avelino Balboa, administrador das subscrições, dois serventes e um pedreiro. Além do tesoureiro, posição ocupada pelo negociante Manoel José de Mello (8). A biblioteca pública é financiada por pessoas da cidade, que faziam “subscrições”. Em 1815 assume a direção o padre Francisco Agostinho Gomes, que busca no governo o financiamento através de uma loteria. Em 1821, Gomes é eleito deputado, deixando a direção para Manoel José de Mello, que acumula os cargos de administrador e secretário. A gestão de Mello irá durar até 1829. Neste período, a biblioteca não tinha como manter pela falta de subscrições e outros recursos. Caiu em decadência, sendo que o Visconde de Camamú fez uma intervenção, mas garantindo recursos públicos.


(1) Vide postagem anterior http://www.contabilidade-financeira.com/2013/04/1812-e-o-theatro-de-s-joao.html
(2) Citado em REBOUÇAS, Antonio Pereira. Recordações Patrióticas (1821-1838). Rio de Janeiro, G. Leuzinger&Filhos, 1879.
(3) SILVA, Ignacio Accioli de Cerqueira e. Memórias Históricas, e políticas de província da Bahia. Bahia, Tip. Do Correio Mercantil, 1835, p. 283.
(4) Idade D Ouro, 1812, ed 48, p 3.
(5) Idade De Ouro, 1814, ed 100, p. 2. É interessante notar que existe uma prestação de contas de Mello neste exemplar referente ao exercício de 8 de novembro de 1812 a 5 de dezembro de 1814.
(6) Almanach do Rio de Janeiro, 1817, ed 1 p. 159. Vide também a mesma publicação em 1816, ed. 1, p. 188.
(7) Conforme verbete da Wikipedia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcos_de_Noronha_e_Brito. Existe também um blog sobre este Conde: http://condedosarcos.blogspot.com.br
(8) SOARES, Francisco S. M et alii. A Biblioteca Pública da Bahia: dois séculos de história. Salvador: Secretaria da Cultura, 2011.

2 comentários:

  1. Manoel José de Mello foi sócio de Francisco Agostinho Gomes no final da década de 1790. Sim, ele esteve na Bahia bem antes da vinda da Família Real portuguesa.

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