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26 abril 2015

Competência na Petrobras

Dúvida de um leitor sobre a Petrobras:

Se a corrupção dentro da Petrobrás já ocorre há alguns anos, essas perdas não deveriam ter sido reconhecidas através da reapresentação de balanço? Pelo o que eu entendi, as perdas foram reconhecidas todas no mesmo exercício - 2014. O que pra mim, fere o Princípio da Competência. 


Você tem toda razão. O mais correto seria reconhecer as perdas em cada um dos anos. A empresa justifica que isto não seria possível, já que não conseguiria fazer esta separação da amortização por exercício. Mas os problemas não seriam somente estes.

Em primeiro lugar, a empresa teria que refazer as demonstrações desde 2004 até 2014. Isto criaria um subconjunto de problemas, incluindo o fato do elevado custo da reapresentação e da mudança da empresa de auditoria, assim como dos Conselhos, que ocorreu neste período.

Em segundo lugar, colocar num único ano “facilitaria” para o investidor pensar que os problemas foram não recorrentes. Se você for usar a série histórica de desempenho da empresa, a retirada das amortizações é muito mais natural do que a distribuição do valor pelos anos da corrupção. Obviamente que esta medida tende a “melhorar” o desempenho da empresa.

Terceiro ponto é que isto poderia destacar mais alguns exercícios e isto teria impacto político. Imagine se o maior valor tenha ocorrido na época onde a Conselheira X (ou Y) fazia parte do Conselho de Administração?

Dos aspectos apresentados anteriormente creio que a relação custo-benefício seja o principal fator. Mais do que a imprecisão do cálculo, argumento utilizado pela empresa para justificar a decisão contábil.

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