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31 março 2015

Curso de Contabilidade Básica: Usando Capital para Cobrir Prejuízo

Quem é mais antigo deve-se lembrar de uma empresa chamada Telebrás. Esta empresa detinha o monopólio do setor de telecomunicações no Brasil, antes da privatização realizada na década de noventa. Mas a empresa ainda resiste. E publica seus resultados. Com um ativo de 1,8 bilhão, sendo 1,2 bilhão em imobilizado, a empresa está autorizada a prestar serviço de comunicação multimídia e a implantar banda larga no país. Segundo suas demonstrações,

O ano de 2014 representou um marco na história da Companhia: nunca uma copa do mundo de futebol teve todos os seus jogos transmitidos a partir de uma rede de telecomunicações formada integralmente por fibras ópticas e a Telebras foi a protagonista deste feito.

Com 1,8 bilhão de ativo, a empresa gerou em 2014 uma receita de R$31 milhões. O cálculo do giro do ativo mostra que este valor da receita é pouco expressivo. O “custos dos serviços prestados” foi de R$171 milhões, indicando ser uma empresa com prejuízo. Com efeito, em 2014 a empresa teve um prejuízo de 117 milhões de reais. Este resultado é maior que o prejuízo de R$146 milhões do ano anterior.

Mas vamos olhar de perto a DMPL. Geralmente os usuários não analisam de perto esta demonstração, mas no caso da Telebrás a informação é interessante. Inicialmente a movimentação do patrimônio líquido em 2014:

(Clique na figura para ver melhor) Observe que a empresa terminou o ano com um PL praticamente igual a zero. Os prejuízos acumulados foram “usados” para reduzir o capital social integralizado, cujo saldo final é praticamente igual aos prejuízos acumulados em 31 de dezembro. Parece que a empresa fez um “grande esforço” para manter o PL positivo. (outras contas, como reserva de lucros ou outros resultados abrangentes não são expressivos).

A seguir a DMPL do período anterior. É possível notar que a empresa está absorvendo os prejuízos persistentes com seu capital.

A pergunta é se o acionista conseguirá absorver esta situação da empresa. Numa nota da empresa é informado que durante 2014 “foram aportados recursos da ordem de R$329 milhões pelo Acionista Controlador para futuras incorporações ao capital social”. Quem é este acionista? 58% das ações ordinárias são da União e 33% da Finep. Ou seja, somos nós, contribuintes, que aportamos recursos na empresa. E este volume aportado em 2014 significa menos de dois reais por pessoa.

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