Estamos numa grande expectativa para as demonstrações contábeis da Petrobras do terceiro trimestre de 2014. No momento em que escrevo esta postagem a empresa não tinha divulgado seu resultado, apesar da expectativa do mercado. Enquanto se especula sobre o valor da baixa contábil, a empresa permanece em silêncio, não divulgando nenhuma informação no seu endereço.
A empresa tem duas alternativas bem claras. Ou faz uma amortização grande, como R$52 bilhões especulados por alguns e limpa o balanço ou então procura reduzir ao máximo o prejuízo. É bem verdade que pode procurar um meio termo, mas a opção será considerada ruim para todos.
As vantagens de fazer uma grande amortização já foram amplamente divulgadas. Em primeiro lugar, tenta restabelecer a confiança do mercado nas demonstrações. Sabemos que nos diversos mercados em que a empresa atua, e não estamos falando somente no mercado acionário, a confiança é um ativo de valor enorme. Em segundo lugar, isto poderá permitir que a PwC assine o balanço. A empresa de auditoria, depois de ter assinado o que não devia nos períodos anteriores, está sob ameaça de um processo e punição dos reguladores. A PwC não irá aceitar baixas reduzidas. O terceiro ponto é que uma grande amortização limpa o balanço e este tipo de atitude têm sido adotados quando se quer marcar uma nova gestão. A quarta vantagem é o fato dos gestores (presidência, diretoria, conselhos, contadores etc) possuem um nome para se resguardar. Uma demonstração com uma pequena amortização pode ser uma nódoa no currículo de alguns deles.
Mas a opção por uma pequena amortização também possui suas vantagens. É bom lembrar que os funcionários desejam participação no lucro e uma grande amortização significa uma perda de 5 a 10% da renda anual. Os acionistas ordinários também são interessados nos dividendos, que serão poucos, mas que podem compensar o preço baixo das ações. A segunda vantagem são os compromissos de alguns empréstimos que irão obrigar a empresa a arcar com certas obrigações diante do aumento no endividamento. Terceiro, é bom lembrar que as agências de ratings usam índices de endividamento nas suas classificações de risco e que uma elevada amortização irá comprometer as notas. (É bem verdade que as agências de ratings poderão rebaixar a nota exatamente por não fazer o ajuste) Em quarto lugar, uma grande amortização terá sérias implicações políticas; a partir do montante divulgado, surgirão especulações sobre o valor da propina que a empresa pagou. Em quinto lugar, sobre a amortização incidirão imposto de renda, que aumentará a saída de caixa nos próximos meses. Finalmente, os gestores foram indicações políticas; sua sustentação decorre de acordos partidários e eles sabem disto. Eles já estão comprometidos com os problemas que ocorreram na empresa nos últimos meses e a reputação já está manchada.
A Petrobras é antes de tudo governo. Será que o governo irá permitir que algo de ruim aconteça? Uma alternativa poderá ser uma estratégia mista, reconhecendo o prejuízo e ao mesmo tempo fazendo uma operação para salvar a empresa. Especulações...
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